«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 21 de junho de 2019


SÃO LUÍS (GONZAGA) E O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

(Hoje, 21 de Junho, Comemora-se São Luís Gonzaga, Patrono da Juventude)

O Sagrado Coração de Jesus adorado por Santo Inácio de Loyola e São Luís Gonzaga

Em abril de 1600, no convento de Santa Maria dos Anjos, em Florença, estava a mística Magdalena de Pazzi a considerar, com dez de suas Irmãs, uma preciosa relíquia – um osso de um dedo de S. Luís. Enquanto consigo revolvia de que bela alma fora instrumento aquele osso que tinha na mão, arrebatada de improviso a contemplar a glória de São Luís, em alta voz, como por vezes costumava, de modo que as outras Irmãs puderam escrever suas palavras, exclamou: Oh! quanta é a gloria de Luís, filho de Inácio!… Quando era mortal despendia setas ao Coração do Verbo; e agora, no céu, essas setas repousam em seu coração; porque aquelas comunicações que ele merecia com os atos de amor e união que fazia, agora as entende e goza …”.

Serafim em carne humana, abrasado no divino amor, Luís incendiava-se sempre na contemplação da cruz e da Humanidade sacratíssima de Cristo, as chamas que nesta terra o consumiam e ao presente o beatificam no céu.

O incêndio de pura caridade para com seu ansiado Jesus, que lavrava nesse coração ilibado, com muita razão lhe mereceu que espontaneamente os fieis considerem a essa virtude como característica própria de S. Luís e nele vejam um dos mais notáveis precursores da virgem de Paray no culto do Coração dulcíssimo de nosso Redentor.

Poucos dias depois das revelações de Paray, o Pe. Croiset, em seu famoso livro sobre a devoção ao Coração de Jesus, entre outros meios para alcançar um terno amor ao Coração divino apontava o recurso especial ao “Beato Luís Gonzaga”.

Por isso escrevia-lhe Santa Margarida Maria, a 10 de agosto de 1689: “Visto como V. R. indica a devoção ao Beato Luís Gonzaga como meio eficaz para alcançar um grande amor ao Coração Santíssimo de Jesus, ser-lhe-íamos muito agradecidas, se nos quisesse mandar uma imagem dele, do mesmo tamanho que a do Pe. De la Colombière, para colocá-la em nossa capela do Sagrado Coração…


Esse mesmo livro traz uma gravura, em que vem representada a Virgem Santíssima em ato de apontar o Coração de Jesus a São Francisco de Sales e a S. Luís Gonzaga, como para indicar, na pessoa do primeiro a ordem da Visitação, a qual pertencia Santa Margarida Maria, e no segundo a Companhia de Jesus, que deu à Santa, como diretor, o Venerável Pe. De la Colombiére.

Outro apóstolo igualmente incansável do Coração divino, o Pe. de Gallifet, em seu livro não menos célebre, sobre as excelências do culto do Sagrado Coração, também concede a São Luís lugar de destaque entre as almas de modo especial consagradas a esse culto suavíssimo.

Se durante a vida S. Luís foi um Serafim abrasado no amor do Coração de Jesus, mostrou-se, depois da sua morte, apóstolo de nossa devoção querida. Para comprová-lo, quero aqui, em poucas linhas, referir um fato que teve grande fama. Deu-se o acontecimento três dias apôs o breve apostólico de Clemente XIII que, para toda a Igreja, instituía a festa do Sagrado Coração, designando para a mesma a primeira sexta-feira depois da oitava do Corpo de Deus.

Em 1675, jazia gravemente enfermo, no noviciado romano da Companhia de Jesus, o jovem Nicolau Celestini. Tudo sofria com admirável paciência o exemplar noviço, e com inteiríssima resignação à vontade de Deus. Tinha, porém, um ardente desejo de não passar desta vida sem confortar-se com o Viático do Senhor. Mais se inflamou neste desejo santo, ao ouvir os discursos que faziam os circunstantes sobre o Sacratíssimo Coração de Jesus, de que fora devotíssimo, e cuja festa havia sido, poucos dias antes, a 7 de fevereiro, aprovada pela Santa Sé.

Acrescia a isto que, não podendo ele ver absolutamente nada, contudo, quando se lhe punha diante dos olhos uma devota imagem do Sagrado Coração, contemplava-a com atenção e claramente a distinguia, o que aumentou nele a confiança de que seus anseios seriam satisfeitos.
O Milagre de S. Luís Gonzaga ao noviço Celestini
(óleo sobre tela, Miguel Cbrera, 1766)


Rogou, pois, que lhe dessem de beber água misturada com um pouco da farinha milagrosamente multiplicada por São Luís. Assim se fez, e, na segunda vez, a prova deu feliz resultado, por onde pôde receber o sagrado Viático, e ainda uma vez apertar ao peito o Coração do amoroso Jesus, antes de o ver, já sem véu, como esperava, no paraíso. Desenganado do médico, aguardava sereno o fatal desenlace, quando, de um modo portentoso, interveio a prolongar-lhe a vida o nosso São Luís.

O que se deu, narrou-o o próprio Celestini, e disse como naquela manhã, estando a ponto de ser novamente assaltado de convulsões, começara a ver a imagem de São Luís, que não pudera ainda ver em todo o tempo da doença, e que assim continuara a vê-la por toda a manhã. Ultimamente, tinha-o visto como inflamar-se de improviso, e resplandecer com luz brilhantíssima, do meio da qual, em certo modo, saíra, adiantando-se para ele, o amabilíssimo São Luís, não de perfil e nem só em busto, como no quadro, mas inteiro e com o rosto voltado para o enfermo. Estava vestido como o representa o relevo no altar do Colégio Romano; na mão esquerda trazia um crucifixo, ficando livre a direita. Com esta tinha-lhe o Santo feito sinal de se aproximar, e Nicolau se esforçara por achegar-se a ouvir o que queria seu celeste amigo; mas, recaindo logo de costas e tornando a deitar-se, continuara sempre a vê-lo, sem poder ter que não exclamasse: Quanto sois belo, meu S. Luís!” A um novo aceno do Santo, levantara-se outra vez, e ouvira dele estas palavras: Que queres, a saúde ou a morte?” Ao que respondendo Nicolau: Seja feita a vontade de Deus”, prosseguiu o benigníssimo Santo:

Pois que na tua doença nada mais desejaste que o Sagrado Viático, e em tudo o mais te conformaste com a vontade de Deus, o Senhor, por minha intercessão, te conserva a vida, contudo que cuides em te aperfeiçoar, e procures em todo o tempo dela propagar o culto do Sagrado Coração de Jesus, que é sumamente agradável ao céu.”

Dito isto, lançou-lhe a bênção, e, deixando-o completamente são, desapareceu.




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FONTE: livro São Luiz Gonzaga Padroeiro da Juventude Catholica Esboço Biographico e Devocionario, Casa Mayença, São Paulo/1926, Cap. XVII, pp. 64-69 – Texto revisto e atualizado.

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