«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 25 de junho de 2021

COMUNICADO IMPORTANTE

COMUNICADO IMPORTANTE



Pax.


Aos nossos irmãos e irmãs seguidores e visitantes deste blog LYCEU DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, informamos que a partir desta data não continuaremos mais a publicar postagens neste blog, haja vista alterações promovidas pela plataforma e que dificultam a continuidade de nossas postagens. Todavia, continuaremos a publicar postagens referentes à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, através de nosso site, SOU TODO TEU MARIA (VEJA AQUI), na categoria com o mesmo nome deste blog. Lá continuaremos as postagens das Primeiras Sextas-Feiras do Mês, Orações e Devoções ao Sagrado Coração de Jesus, Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, dentro outras. VISITE-NOS! Cadastre-se em nosso site, SOU TODO TEU MARIA, e receba as nossa atualizações.

Agradecido.

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o vosso reino.

Por Maria a Jesus!

Sou Todo Teu Maria.




sexta-feira, 11 de junho de 2021

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


Quem nunca ouviu contar, alguma vez, a história daquele irmão leigo que, entrando na religião para servir a Deus, mas não podendo fazê-lo como os outros monges, tinha uma vida interior sumamente simplificada?

Durante o seu trabalho, não sendo capaz de ter pensamentos elevados sobre Deus, limitava-se a dizer repetidamente: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Quando ele se retirava para a igreja, não sabia como meditar como os outros religiosos, e por essa razão continuava recitando sua jaculatória favorita: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Depois de algum tempo, aquele irmão, que em nada brilhara de especial durante sua vida, morreu e foi enterrado no cemitério da comunidade. E qual não foi a surpresa dos religiosos quando se deram conta de que, em cima do túmulo do humilde leigo, brotara uma flor de extrema beleza. Uma vez crescida a flor, perceberam que tinha três pétalas, e em cada uma das pétalas estava escrito com letra de ouro um dos três lemas do humilde irmão: “Creio em Deus, espero em Deus, amo a Deus”. Admirado pelo prodígio, o superior ordenou que cavassem para ver de onde brotava a flor; e então se pode ver que a flor estava enraizada no coração do humilde irmão leigo.

Algo semelhante acontece com o Sagrado Coração de Jesus. A história testemunha a repentina aparição de belíssimas flores: • de Apóstolos que pregaram o nome de Jesus até os confins da terra; • de Virgens que lhe consagraram toda sua vida, e de Mártires que não hesitaram em sacrificá-la por ele; • de Doutores que ensinaram aos povos as verdades divinas; • e de um sem número de almas que, amando e confessando a Cristo, começaram a viver cristãmente. E essas flores começaram a crescer de tal forma que toda a sociedade se viu transformada e, acabou por aceitar as leis do divino Crucificado. Pois bem, se nós, por uma santa curiosidade, quiséssemos descobrir onde se encontram as raízes dessas flores, veríamos que estão no Sagrado Coração de Jesus.

1º Coração de Jesus fonte da religião católica.

Toda a religião católica tem sua razão de ser e sua origem no Coração de Jesus, isto é, no infinito amor que esse Coração tem por Deus e no infinito amor que esse Coração tem por nós.

O amor que o Coração de Jesus tem por Deus: já que o Verbo encarnou antes de tudo para reparar a ofensa que o pecado havia feito a seu Pai, e para tributar-lhe a glória que toda a criação lhe deve; e esta glória lhe é dada aos impulsos de um amor infinito, ainda que seja um amor que assume a forma humana e, por isso, tem a sua sede num coração humano, de carne, o Coração de Jesus.

O amor que o Coração de Jesus tem por nós: pois o Verbo também encarnou para nos dar vida e vida abundante; e esta vida nos dá também impulsos de seu amor, do amor que reside em seu sagrado peito, desse amor que nunca deixou de arder por nós, e fez o Coração que assim o contém sucessivamente misericordioso, paciente, generoso em dons, compassivo, amante até o extremo, perdoador de faltas e de inimigos.

Esse Sagrado Coração, esse amor divino em sua manifestação humana, é realmente o resumo de Deus encarnado, de Deus que, sendo caridade, fez-se homem por nós.

E para que assim o entendamos, a Igreja quis escolher como evangelho na festa do Sagrado Coração o episódio da perfuração pela lança que Jesus recebe na cruz depois de morto, chaga que lhe abriu o coração e de onde manou sangue e água. Todos os Padres da Igreja veem neste acontecimento um sentido típico de altíssima importância: o nascimento da Igreja a partir do Lado ou do Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Com efeito, a Sagrada Escritura nos conta como, para criar a mulher, Deus mergulhou o primeiro homem em um profundo sono, um sono em que Adão percebia o que Deus estava fazendo com ele; e já dormindo, o Senhor tirou carne e osso do seu lado, e com isso formou o corpo da mulher, que depois apresentou a Adão para ser uma ajuda totalmente semelhante a ele. Do mesmo modo, dizem os Santos Padres, a Igreja, que devia ser a nova Eva, devia ser formada como a primeira a partir do novo Adão, que é Cristo; e o momento de ser formada foi o momento em que Nosso Senhor Jesus Cristo, já adormecido na Cruz, recebeu a lança que lhe abriu o lado e o Coração, e do qual verteram sangue e água, isto é, os dois sacramentos pelos quais somos incorporados em Nosso Senhor Jesus Cristo: a água, figura de batismo e o sangue, figura da Eucaristia.

Desta maneira, toda a Igreja tem suas raízes e sua origem no Coração de Jesus: toda ela é fruto do imenso amor de Nosso Senhor, e toda ela foi formada e continuará a ser com as graças e os sacramentos que brotam do Sagrado Coração de Jesus.

2º A devoção ao Coração de Jesus supõe imitação e reparação.

Assim, pois, a Igreja quer que, nesta festa e solenidade do Sagrado Coração, contemplemos o infinito amor do qual nós próprios somos frutos. Mas também quer nos incentivar a duas coisas: a imitação e a reparação.

A imitação. Sendo todos nós os filhos do amor que arde no Coração de Jesus, devemos imitá-lo nesse mesmo amor: “Amai-vos uns aos outros… Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

Como a imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo é esclarecida se for considerada, nos próprios Evangelhos, sob a luz e a ótica do Sagrado Coração!

  • O próprio Nosso Senhor se propõe como modelo de todas as virtudes: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós”. Pois bem, para aprender a fazer como Jesus fez, não há melhor maneira do que entrar e permanecer em seu Sagrado Coração, segundo aquelas outras palavras: “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração”.

  • Na Última Ceia, exorta seus apóstolos a permanecer Nele, e Ele neles: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. Estas palavras são um claro apelo a uma perfeita intimidade com Ele, ou, como diria São Paulo, a uma total identificação e compreensão de sentimentos: “Tende em vossos corações os mesmos sentimentos que Jesus Cristo tinha no seu”.

A reparação. Assim nos pedia o mesmo Coração de Jesus ao aparecer a Santa Margarida Maria:

Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim”.

O amor infinito que arde no Coração de Jesus não é correspondido pela maior parte dos homens. Nós, como fiéis amantes do Sagrado Coração de Jesus, teríamos que nos sentir consternados ao ver Deus tão ofendido e ultrajado, sua graça pisoteada, suas leis transgredidas, seus dons desprezados; do mesmo modo, ver tantas almas a caminho da sua condenação eterna.

E por essa razão, a devoção ao Sagrado Coração nos é apresentada como um meio de oferecer ao amor de nosso Senhor um digno desagravo por tanta ingratidão, esquecimento e desprezo.

Conclusão

Nesta festa do Sagrado Coração de Jesus, e durante todo o mês de junho, que lhe é especialmente consagrado, peçamos a Nosso Senhor que nos comunique uma ardente devoção ao seu Sacratíssimo Coração; uma devoção tal que, inundando-nos cada vez mais de seu santíssimo amor, estimule-nos a uma perfeita imitação de suas virtudes, especialmente aquelas que mais nos tornam parecidos com o Sagrado Coração, e nos faça sentir a necessidade da reparação, pelo oferecimento de tudo o que há de penoso em nosso dever de estado, e pela prática de penitências voluntárias.

E para nos encorajarmos a adquirir esta devoção, não há nada mais oportuno do que recordar as excelentes promessas que o Sagrado Coração fez a Santa Margarida Maria para aqueles que lhe sejam devotos:

1º Reinarei apesar de meus inimigos e daqueles que a ele se opõem.

2º Darei aos meus devotos todas as graças necessárias ao seu estado.

3º Estabelecerei a paz em suas famílias.

4º Eu os aliviarei em suas fadigas.

5 Abençoarei todos os seus empreendimentos.

6º Eu os consolarei em suas tristezas.

7º Serei seu refúgio durante a vida e sobretudo na hora da morte.

8º Os pecadores encontrarão no meu Coração a fonte e o infinito oceano da minha misericórdia.

9º As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.

10º As almas fervorosas elevar-se-ão a grande perfeição.

11º Abençoarei as casas nas quais minha imagem seja exposta e honrada.

12º Não deixarei morrer eternamente nenhum devoto que se tenha consagrado ao meu divino Coração.

13º Derramarei a unção da minha caridade nas Comunidades religiosas que se colocam sob minha especial proteção, e serei sua salvaguarda em suas quedas.

14º Aqueles que trabalham na salvação das almas o farão com êxito, e conhecerão a arte de mover os pecadores mais endurecidos, se tiverem uma terna devoção ao meu Coração divino e trabalham para inspirá-la e estabelecê-la em todos os lugares.

15º As pessoas que propagarem esta devoção receberão grandes recompensas, e terão seu nome escrito em meu Coração, de onde jamais será apagado.

16º Prometo, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor todo-poderoso concederá a todos aqueles que comunguem seguidamente, por nove primeiras sextas-feiras de mês, a graça da perseverança final; não morrerão em minha desgraça nem sem receber os Sacramentos, e meu Coração será seu refúgio seguro naquela hora.



*********************

É uma desgraça do nosso século

ter tão bem os direitos aprendidos,

e tão esquecidos os próprios deveres”.

(São Francisco de Sales)



___________ Hojitas de Fe, 94. | Seminário Nossa Senhora Corredentora FSSPX. Tradução: Dominus Est



FONTE: in Dominus Est - Fiéis Católicos de Ribeirão Preto - Alguns destaques acrescidos.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE JUNHO

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE JUNHO DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Sacratíssimo Coração de Jesus (imagem: O Fiel Católico)

CORAÇÃO DE CRISTO, CORAÇÃO DO MUNDO

No mês de junho o afeto do povo de Deus cultua de modo especial o Coração do Cristo Jesus. Na antropologia bíblica “coração” indica o interior do homem, a sede de seu caráter, de sua personalidade, ali onde nascem os pensamentos e sentimentos mais profundos. O coração é a sede das decisões do homem. Dizer “coração” é referir-se ao homem como ser que reflete e toma decisões com conhecimento de causa.

Assim, enquanto nas línguas modernas o coração é, sobretudo, o órgão dos afetos, na linguagem bíblica, o coração é, principalmente, o órgão do pensamento: dizer que alguém não tem coração é dizer que não tem juízo, que não conhece os próprios pensamentos! No salmo o autor sagrado suplica:

Senhor, mostra-me Teu caminho e eu me conduzirei segundo a Tua vontade. Unifica meu coração para que ele tema o Teu Nome! (Sl 86,11)

Em outras palavras:

Unifica-me a mim para Ti: que meus pensamentos estejam em Ti

E o Coração de Cristo: que dizer dele? Seu Coração humano – Ele amou com um coração humano! – é imagem do Coração do Pai, de modo que podemos afirmar que o Coração de Deus se manifesta no Coração de Cristo:

Como o Pai Me amou, Eu também vos amei!

Ora, em toda a sua existência, Jesus revela o Coração do Pai, de modo que no Coração compassivo, manso e sereno do Senhor Jesus, podemos entrever o quanto Deus é para nós ternura e carinho, acolhimento e perdão!

A Igreja compreendeu isto tão bem que coloca a seguinte antífona de entrada para a Missa do Coração de Jesus:

Eis os pensamentos do Seu Coração, que permanecem ao longo das gerações: libertar da morte todos os homens e conservar-lhes a vida em tempo de penúria (Sl 32,11.19)

É este o pensamento, o projeto do Coração de Deus, manifestado no Coração de Jesus: libertar e dar a vida! Contemplar o Coração de Cristo, manso e humilde, aberto na cruz para que recebamos a água que nos vivifica e o sangue que nos lava, significa experimentar, crer e anunciar que Deus, o Pai de Jesus, é amor e fonte de amor. Este anúncio é tanto mais urgente e necessário quanto mais vemos um mundo, o nosso, ferido de coração; ferido de coração e, por vezes, sem coração… Ou não é um mundo machucado pela incredulidade, pela solidão, pela violência, a fome e a pobreza, este mundo nosso? Por mais que os psicólogos tentem, não são eles que salvarão a humanidade: somente o amor dá sentido a todas as coisas! E é precisamente isto que o Coração de Jesus revela: que Deus é amor, que Sua paternidade cheia de compaixão e misericórdia abraça todas as criaturas. Do Seu amor ninguém é excluído, a não ser que se exclua, do Seu carinho ninguém é esquecido!

Quem dera que este mundo que corre o risco de se tornar sem coração, mundo cão, encontre no Coração de Cristo o descanso, a inspiração e a paz! Quem dera que aceite o convite sempre atual e desafiante:

Vinde a Mim, vós todos os que estais cansados sob o peso o vosso farto e Eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o Meu jugo a aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração… E encontrareis descanso… (Mt 11,28ss)



__________Dom Henrique Soares da Costa



FONTE: in Rumo à Santidade (alguns destaques são nossos).

terça-feira, 1 de junho de 2021

JUNHO, MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

JUNHO, MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

O Coração de Jesus adorado pelos Santos.

UM CONVITE

Pax.

Caríssimos irmãos e irmãs, seguidores ou visitantes deste blog destinado à devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, convidamos a todos para se unirem a nós nas meditações diárias deste mês em honra do Sacratíssimo Coração de Nosso Salvador. Para tanto disponibilizamos, neste mesmo blog, mais de 60 meditações diárias no marcador Mês do Sagrado Coração de Jesus, listado na coluna lateral à sua esquerda (CLIQUE AQUI).

São duas meditações distintas e publicadas nos anos de 2018 e 2019, uma para cada dia do mês.

Quanto à sua utilidade e proveito para nossas almas, lembro as palavras de Santo Afonso Maria de Ligório quanto aos fins da devoção ao Coração de Jesus*:

A principal, ou antes, a única devoção do cristão deve ser amar a Jesus Cristo. Se as almas não fazem grande progresso na prática das virtudes, e continuam a cair nos mesmos defeitos, e não raro em faltas graves, é porque pouco se aplicam a adquirir o amor a Jesus Cristo, esta cadeia de ouro que une as almas a Deus. Só para conquistar nossos corações é que o Verbo eterno veio a este mundo; outro não é seu desejo. Por isso ele disse: Eu vim trazer fogo sobre a terra, e que desejo, senão que se acenda? (Lc 12, 49). Deus Pai quer que amemos a Jesus Cristo; ele o enviou à terra a fim de ganhar nosso amor, mostrando-nos quanto nos ama, e declara que nos ama a proporção do amor que temos a Jesus Cristo (Jo 16, 27). Ele não nos dá suas graças senão quando lhe pedimos em nome de seu divino Filho: Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vos concederá (Jo 16, 23). Enfim, ele não admite à felicidade eterna senão aquele cuja vida é conforme à de Jesus Cristo (Rm 8, 29). Jamais, porém, adquiriremos esta conformidade, e nem sequer a desejaremos, se não nos aplicarmos a considerar o amor que nos tem nosso adorável Salvador.

Como este mesmo fim é que nosso Salvador se dignou revelar à bem-aventurada Margarida Maria que ele queria que seu coração fosse honrado com um culto especial, a fim de que as almas devotas reparassem, por suas piedosas homenagens, as injúrias que este Coração sagrado recebe no Sacramento da Eucaristia. Um dia em que ela estava em oração diante do santo altar, Jesus Cristo lhe fez ver seu Coração num trono de chamas, cercado de espinhos e encimado por uma cruz: Eis aqui, diz ele, o Coração que tanto amou os homens, nada poupou, até se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor; e em reconhecimento, não recebo da maior parte senão ingratidões pelas suas irreverências, sacrilégios, friezas e desprezos com que me tratam neste Sacramento de amor. Mas, o que ainda mais sinto, é serem corações a mim consagrados que assim praticam.

Ele ordenou-lhe depois que se empregasse com todas as forças em fazer celebrar uma festa particular em honra de seu divino Coração, e isto para três fins: o primeiro, para que os fieis lhe deem ações de graças pelo grande dom que lhes fez na adorável Eucaristia; o segundo, para que as almas fervorosas reparem, por sua afetuosa devoção as irreverências e os desprezos que ele recebeu e recebe neste Sacramento da parte dos pecadores; o terceiro enfim, para que lhe ofereçam, por este meio, compensação pela honra e culto que os homens deixam de lhe dar em muitas igrejas. E ele promete derramar com abundância as riquezas de seu Coração naqueles que lhe derem esta homenagem, não somente no dia da festa, mas ainda em todos os outros dias, quando forem visitá-lo no Sacramento do altar.

Assim, a devoção do Coração de Jesus, não é outra coisa que um exercício de amor para com este amável Salvador.

Portanto, não tenhamos dúvida que a prática de atos de devoção ao Sagrado Coração de Jesus muitíssimo lhe é agradável, e Ele nos recompensará com seu infinito amor e misericórdia.

Lembramos, ademais, que o mês de Junho é, de fato, muito valioso para nós católicos. Além de o dedicarmos ao Sagrado Coração de Jesus, nele também celebra-se a Festa do Coração Eucarístico de Jesus e de Corpus Christi, bem como grandes Santos, como Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa, São João Batista, São Pedro e São Paulo, Apóstolos, dentre outros.

Na já referida coluna lateral à sua esquerda, também é possível acessar-se diversas orações, novenas e devoções, inclusive para este mês (CLIQUE AQUI).

Assim, desejamos a todos um abençoado mês do Sagrado Coração de Jesus.

Por Maria a Jesus.

Sou todo teu, Maria.



* in, “O Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês”, tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 14-16.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE MAIO DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

O CORAÇÃO DE JESUS DESEJA A HONRA E A GLÓRIA DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

Oh! como é agradável a Jesus ver honrar e amar sua Mãe; essa Mãe, a quem por tanto tempo obedeceu; essa Mãe, tão virtuosa, tão santa, tão boa; essa Mãe, a quem tanto viu sofrer! … Por isso, vede como Ele inspira um tão grande número de práticas de devoção em sua honra, como enche de bênçãos os que a invocam, como concede a paz e a alegria aos que a amam … Ó Jesus, queremos amar com todo coração a vossa Mãe … teremos por Maria a mais terna devoção.

EXEMPLO

Mons. Bossé, prefeito apostólico de S. Lourenço no Canadá, em 1883 relata o seguinte: "Um milagre acaba de ser operado na missão de "Betchouan" pelo Sagrado Coração de Jesus. Numa pequena casa achavam-se treze pessoas. Trazem ali um barril de 36 libras de pólvora para fazer a divisão. Um homem pega num vaso, enche-o de explosivo e derrama-o também numa garrafa. Entra um rapaz com um cachimbo, em torno do qual estavam sete homens. Uma parede inteira da casa é atirada longe, o fogão se esboroa, o teto é sacudido à altura de quatro pés e cai desconjuntado. Portas, janelas, móveis ficam em pedaços; a caixa do edifício é só o que resiste. Três dos homens cujas roupas se incendiaram, correram à praia e se atiraram na água. Sete queimaram as mãos e o rosto; mas estão em via de cura. Todos, no momento do desastre, invocaram Jesus e Maria. Havia nesse aposento, pregadas na parede destruída, duas imagens do Sagrado Coração e uma de Maria, que estavam em quadros com vidros: os quadros e os vidros se esmigalharam, mas as três imagens se acharam intactas a doze pés da casa, sobre uma pilha de destroços... O papel não estava nem roto, nem machucado, nem enegrecido: até mesmo as estrelas douradas, que ornavam o manto de Jesus, nada sofreram. Os feridos fizeram celebrar uma Missa em ação de graças, e nela comungaram.



FONTE: in Mês do Sagrado Coração de Jesus, Mons. Dr. José Basílio Pereira, Desejos do Coração de Jesus, Segundo Desejo, Editora Mensageiro de Fé Ltda, 1962, com leve alteração e adaptação para meditação desta Primeira Sexta-feira do Mês.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

JESUS O BOM PASTOR

JESUS O BOM PASTOR


Ego sum pastor bonus: bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis

Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a própria vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11)

Sim, sim, exclama Santo Agostinho, verdadeiramente Jesus é bom pastor: porque ama as suas ovelhas mais que a si mesmo, mais que seu repouso, mais que sua vida. Por elas desceu dos esplendores da sua glória; por elas revestiu-se dos andrajos da nossa humanidade, e condenou-se a uma vida dura, laboriosa e cheia de sofrimentos; por elas esgotou todos os tesouros da sua ternura; por elas finalmente morreu sobre a cruz.

Jesus é o bom pastor; todos os seus instantes, todos os seus suspiros, todos os seus trabalhos, toda a sua vida, todo ele mesmo, tudo isto foi consagrado ao bem das suas ovelhas. Era Deus; e, apesar do seu poder infinito, não pôde fazer mais para lhes testemunhar o seu amor.

Jesus é o bom pastor: vede como suas entranhas se comovem de compaixão por todas essas pobres ovelhas da casa de Israel, errantes e desgarradas.

Por amor delas ele não se dá descanso nem de dia nem de noite; percorre lugares, aldeias, cidades, desertos, à procura de algumas de suas ovelhas; ora, geme, pede a grandes brados tua salvação, e afinal dá a vida para lha obter. Vede-o sobre a cruz: está no momento de expirar no meio das mais atrocíssimas dores, e ainda então o seu amor arrebata ao demônio uma ovelha que este lobo infernal ia devorar: era o bom ladrão. Vede-o, descer uma outra vez do Céu para conduzir ao aprisco outra ovelha desgarrada: Era São Paulo. Que digo? Vede-o, vede este bom pastor ao lado de cada um de nós dizendo-nos incessantemente:

Filho, não fujas: vem, eu te estendo os braços; vem, eu te reconduzirei a pastos muito abundantes; vem, que eu te encherei de minha graça e amor”

Jesus é o bom pastor:

Ele conhece as suas ovelhas, e suas ovelhas conhecem-no a ele”

Oh! Que bom é viver ao pé deste bom pastor tão cheio de ternura por suas ovelhas! Oh! feliz da alma que o não deixa nem um instante: ela recebe da sua própria mão as mais doces carícias e as graças mais preciosas. Ora uma alma permanece constantemente junto a Jesus, pastor divino, quando se esforça por viver no mais profundo recolhimento, humildade e compunção. O recolhimento obtém-se pela oração e pela mais exata e escrupulosa fidelidade a todos os deveres; a humildade adquire-se pela recordação das nossas misérias e impotência para o bem, e sobretudo por humilhações voluntárias; enfim mantém-se em nossa alma a compunção pelo pensamento do amor de Deus para conosco e dos pecados cometidos contra ele.

Jesus é o bom pastor: tem sempre os olhos sobre as ovelhas. Se alguma se desgarra, busca-a por todos os lugares, corre atrás dela com a mais viva solicitude, e não descansa enquanto a não acha e a torna a reconduzir ao aprisco. Ó bom Jesus! Posso eu clamar a todas as criaturas que vós sois o bom pastor, eu que de maneira tão inefável experimentei vossa misericordiosa ternura! Ai! “errei como uma pobre ovelha que corre à sua perdição”; caí de desvario em desvario, deixei-me ir após todos os desregrados desejos do meu coração; deixei o caminho da inocência pelo vicio; “cansei-me nas veredas da perdição”. E, no entanto vós, ó Jesus meu! Vós não me abandonáveis; eu me afastava de vós mais e mais, e vós nunca me perdíeis de vista; todos os meus passos e todos os meus movimentos eram novos princípios; eu entregava-me sem medida ás minhas paixões, e vós guardáveis profundo silencio. “Ó tortuosas vias”! Infeliz de mim que pude capacitar-me que, apartando-me do meu Deus, encontraria outra coisa melhor que ele! Ai! por infelicidade já tenho demasiada experiência das penas e angústias que atormentam o coração ingrato que busca repouso fora de vós, ó doce Jesus! Ah! Que anos passei sem vos amar! Que anos perdi no serviço do demônio, do mundo e dais paixões! Que anos tomei a peito calcar aos pés os sinais do vosso amor e ser rebelde às vossas inspirações! E vós, ó Deus meu! Vós usáveis de paciência para comigo; as minhas misérias aumentavam e vós vos aproximáveis insensivelmente de mim; a vossa doce mão ia se chegando, chegando, sem eu dar por ela, para tirar-me do lodo e purificar-me. Ó Jesus! Bom pastor! Que ações de graças vos darei por tanto amor?

Jesus é o bom pastor, ele ama as suas ovelhas a ponto de as nutrir do seu próprio corpo e do seu próprio sangue. Ah! Que pastor se sacrificou jamais assim por seu rebanho? Só Jesus era capaz de tal excesso de amor. Muitas mães recusam nutrir seus filhos e os dão a amamentar a estranhos; não assim o nosso bom Salvador; não contente com dar-nos sua vida e merecimentos, quer ser ainda nosso sustento.

Senhor Jesus, como é possível que eu pudesse abandonar um Senhor tão terno e tão cheio de amor? Ah! Que felicidade a minha se, ovelha fiel, sempre me conservara junto a vós!… Mas, ai! O mal está feito, fui ingrato e me apartei do meu melhor amigo. Bom Jesus, tende de mim piedade; eis que eu volto a vós todo coberto ainda das chagas que recebi e todo confuso da minha fugida; eu vos suplico, não me rejeiteis. Recordai-vos, ó meu querido Salvador! Que sou uma dessas pobres ovelhas pelas quais destes a vida. Lançai ainda sobre mim um desses olhares de misericórdia que outrora lá do alto da Cruz deixastes cair sobre os pecadores, quando por minha salvação exalastes o último suspiro. Sim, Jesus meu, concedei-me ainda um desses doces olhares; mudai-me, fazendo-me melhor e salvai-me. Pois que! Não sois vós aquele pastor cheio de amor, “que, tendo perdido uma de suas ovelhas, deixa as outras noventa e nove no deserto, para se ir após a que se perdeu, até que a ache; não sois vós que, depois de a achar, a pondes sobre os vossos ombros cheio de alegria, e chamais depois vossos amigos e vizinhos”, isto é, os anjos santos, e lhes dizeis:

Regozijai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido?”

Sim, meu Jesus, sois vós mesmo, e eu sou essa pobre ovelha desgarrada. Eis-me a vossos pés, e espero que me tomeis em vossos braços, para me reconduzir ao aprisco. Oh! Jesus! Bom Jesus! Não priveis o Céu da alegria que ele sentirá vendo-vos voltar com um pobre pecador de que tereis feito um santo! Recebei-me ainda no numero de vossas ovelhas queridas.

Ah! Se por minha falta ainda não me pudestes encontrar desde que com tanto amor andais em minha procura, recolhei-me agora que venho me lançar a vossos pés, e prendei-me estreitamente a vós, para que não mais volte à minha perda. É preciso que o vosso amor seja o laço que a vós me tenha vinculado; porque se vós me não retendes por esta doce cadeia, escapar-vos-ei de novo. Ah! Senhor, não sois vós que tivestes a culpa de eu não ter estado sempre unido a vós pelo laço do vosso amor; eu, eu ingrato como era, é que me conservei sempre afastada de vós por minha fugida. Mas agora eu vos conjuro por esta infinita misericórdia, que vos fez descer sobre a terra a fim de me procurar, prender-me a vós, mas prender-me com um laço dúplice de amor, a fim de que nem vós me percais mais a mim, nem eu a vós. Meu querido Redentor! Não quero mais separar-me de vós; renuncio a todos os bens e prazeres do mundo, e ofereço-me a sofrer toda a sorte de penas e todo o gênero de morte, contanto que viva e morra unido sempre a vós. Eu vos amo, amabilíssimo Jesus; amo-vos, ó meu bom pastor, que morrestes por vossa ovelha transviada! Oh! Ficai-o sabendo bem, esta ovelha agora ama-vos mais do que a si mesma e outra coisa não quer mais que amar-vos e consumir-se por vosso amor. Tende piedade dela, ó Jesus! Amai-a, e não permitais que doravante se afaste jamais de vós. Assim seja.


RESOLUÇÕES PRÁTICAS

Da Comunhão Espiritual

Bom é que saibas, meu caro Teótimo, que segundo a doutrina do concilio de Trento, pode-se comungar de três modos: o primeiro, comunhão só sacramental; o segundo, só espiritual, e o terceiro, sacramental e espiritual. Não trato aqui da primeira, que é a que só fazem os que comungam em estado de pecado mortal, nem da terceira que é comum a todos os que recebem Jesus Cristo em estado de graça; mas unicamente da segunda que, segundo as formais palavras do mesmo concilio, “consiste num desejo ardente de se nutrir deste pão celeste, com uma fé viva que opera pela caridade e que nos torna participantes dos frutos e graças deste sacramento“. Portanto, segundo esta doutrina, os que não receberem realmente a Eucaristia, recebem-na espiritualmente, formando ato de fé viva, caridade ardente, e desejo vivo de se unirem ao sumo bem: é assim que se põem no estado de participar dos frutos deste divino sacramento.

Para te facilitares nesta prática tão vantajosa, pensa bem, meu caro Teótimo, no que vou dizer-te. Quando assistires à santa missa e o padre estiver para comungar, (estando tu mesmo na mais modesta postura e no mais recolhimento), faze de todo o coração um ato de verdadeira contrição, e ferindo humildemente o peito, para mostrares que te confessas indigno de graça tão grande, faze todos os atos de amor, oferecimento, humildade e outros que costumas fazer quando te aproximas da sagrada mesa. Junta-lhes o mais vivo desejo de receber a Jesus Cristo que por nós quis velar-se sob as espécies sacramentais; e, para reanimar a devoção, imagina que a Santa Virgem ou qualquer de teus santos patronos, vem trazer-te a santa hóstia; afigura-te que a recebes realmente; e tendo Jesus estreitamente unido ao coração, repete por muitas vezes e por diferentes intervalos, em termos ditados pelo amor:

Vinde, Jesus meu, amor e vida da minha alma; vinde a este pobre coração, vinde e saciai os meus desejos; vinde e santificai a minha alma; vinde, ó dulcíssimo Jesus, vinde”

Conserva-te depois em silêncio, e contempla o teu Deus dentro de ti mesmo; e, como se realmente comungarás, adora-o, agradece-lhe e faze todos os atos ordinários depois da comunhão.

Ora, meu caro Teótimo, persuade-te bem que esta comunhão, tão negligenciada pelos cristãos dos nossos dias, é, não obstante, um verdadeiro tesouro, que enche a alma de uma infinidade de bens; e, segundo muitos autores, entre outros o Padre Rodrigues na “Prática da perfeição Cristã” (Tratado VII, Cap. XV) ela é tão útil, que pode produzir as mesmas graças que a comunhão sacramental, e mesmo maiores ainda; porque, bem que a comunhão sacramental seja de sua natureza de um grande fruto, pois sendo um sacramento, opera por virtude própria, pode contudo muito bem uma alma desejosa da sua perfeição fazer uma comunhão espiritual com tanta humildade, amor e devoção, que mereça graça maior do que a alcançada por uma alma que comunga sacramentalmente, mas com menos fervor e preparação… Seria possível que tão grandes bens não fizessem impressão alguma sobre ti? Que escusa daqui por diante podes tu dar se também desprezas uma prática tão santa e tão útil? Toma a resolução de a fazer frequentemente, e nota que a comunhão espiritual tem a vantagem sobre a sacramental em que esta se pode fazer só uma vez ao dia, ao passo que aquela pode-se fazer não só a todas as missas que ouças, mas em todo o tempo do dia; de manhã, à tarde, de dia, de noite, na Igreja, em teu quarto, sem mesmo teres necessidade da licença do confessor. Numa palavra, quantas vezes fizeres o que acabo de indicar-te, tantas farás a comunhão espiritual, e enriquecerás a tua alma de graças, de méritos e de toda a sorte de bens. Quantas almas por esta prática voluntária, reiterada muitas vezes durante o dia, chegaram a uma grande santidade! (Extraído do “Manual de piedade para uso dos seminários”)


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FONTE: in As Chamas do Amor de Jesus, Abade D. Pinnard, traduzido pelo Rev. Padre Silva, 5ª edição popular, 1923 Cap. XLIII, obtida do blog Alexandria Católica – Texto revisto e atualizado e com algumas adaptações.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

GARCÍA MORENO, UM PRESIDENTE MORTO POR CONSAGRAR O PAÍS AO SAGRADO CORAÇÃO

GARCÍA MORENO, UM PRESIDENTE MORTO POR CONSAGRAR O PAÍS AO SAGRADO CORAÇÃO



No dia seis de agosto de 1875, na principal praça de Quito, Equador, morria um homem. Era a primeira sexta-feira do mês. Um pouco antes, depois de passar um tempo em adoração ao Santíssimo Sacramento na Catedral, o homem dirigiu-se ao Palácio Presidencial para reunir-se com seus ministros. Quando aproximava-se do Palácio, uma emboscada o esperava e ele foi abatido por golpes de facão, com gritos de seus algozes: “Morra, assassino da liberdade!” ao que respondia o homem: “Deus não morre”. Ele viveria tempo suficiente para receber a Extrema Unção e fazer as pazes com seus carrascos, perdoando-os sinceramente. Assim foram as últimas horas de Gabriel García Moreno.

García Moreno havia acabado de ser reeleito Presidente da República do Equador para um terceiro mandato. Seus amigos alertaram-no insistentemente sobre as conspirações maçônicas para assassiná-lo e pediram que o homem arrumasse um guarda-costas. A este último pedido, terminantemente ele negou. Descartando tais admoestações, dizia ele:

Não posso consentir em ter uma guarda. Meu destino está nas mãos de Deus, Aquele que irá me levar deste mundo na hora e da forma que mais agradá-lO.”

Gabriel García Moreno é conhecido como o maior estadista católico da era moderna. Diferente de muitos políticos modernos que avaliam a grandeza de uma civilização pelo seu progresso material, García Moreno entendeu que o critério decisivo para uma civilização de verdade estava na perfeição moral e religiosa de seu povo.

Os primeiros anos

Em meio às guerras sul-americanas pela independência, nascia o jovem García Moreno em Guayaquil, no quarto dia de dezembro de 1821. Seu pai era emigrado da região de Castela e sua mãe era de família cujos membros ocupavam importantes cargos civis e eclesiásticos tanto na Espanha quanto no Novo Mundo. Ambos foram fervorosos na Fé católica e criaram oito filhos, sendo Gabriel o mais novo.

Por ter perdido o pai enquanto ainda era menino, García Moreno não teve a mesma educação que seus irmãos mais velhos. Foi então que um monge de um mosteiro local tomou o jovem sob sua tutoria e educou-o nos assuntos elementares. O garoto, assim, daria grandes passos. Ao mudar-se para Quito para cursar o ensino médio, ele estudou matemática, filosofia e ciências naturais no Colégio de San Fernando, dentro da Universidade de Quito, além de adquirir fluência em francês e inglês nesta mesma época.

Naqueles anos, a piedade de García Moreno já era notável entre seus amigos. Ele estava presente em todos os exercícios religiosos e recebia a Sagrada Comunhão semanalmente. Ele chegou a pensar que teria uma outra vocação e, brevemente, fez uma experiência clerical. No entanto, ele depois descobriria que seu chamado era de o de estar no mundo.

Por amar a justiça e ver nesta disciplina um meio para entrar na vida pública, García Moreno iniciou os estudos do Direito. Ele chegou ao grau de Doutor em Direito aos 23 anos. Como advogado, ele recusava em absoluto qualquer caso que a justiça não estivesse ao seu lado. Uma vez solicitado por um juiz para defender um famoso assassino, ele rejeitou e disse: Seria mais fácil tornar-me eu mesmo um assassino do que defender um.

Ele não exerceu a advocacia por muito tempo e logo mudou para o jornalismo. Pouco tempo depois da volta dos Jesuítas ao Equador, uma polêmica emergiu quando a maçonaria publicou um panfleto desonesto onde caluniava a ordem religiosa. García Moreno, então, escreveu uma brilhante resposta, intitulada “Defensa de los Jesuitas”, onde ele, indignado, declarava:

Presidente Gabriel García
Moreno

Vocês fingem querer exterminar os Jesuítas alegando ser por amor e para a maior glória da Igreja Católica. Mentiras e falsidade! Vocês apenas atacam os Jesuítas, porque querem atacar o Catolicismo. É um fato histórico este o de todos os inimigos da Igreja Católica abominarem a Companhia de Jesus.

À medida em que o mal começava a querer triunfar no Equador, García Moreno continuava com o jornalismo de maneira admirável. Dentro do governo corrupto de Vicente Ramón Roca, vociferava ele: “Próximos desses traidores, há uma porção de homens nobres e corajosos, dispostos a sacrificar até a última gota de sangue para não abandonar Deus e seu país”. Munido de um talento considerável, ele empunhava sua caneta para desmascarar os vícios dos líderes do país. Ao protestar contra o tirano José María Urbina, ele disse: Nenhum vício ou crime é desconhecido dele. Traição, falso testemunho, fraude, roubo, crueldade, deslealdade, nada falta. Sua vida ignóbil é escrita aos poucos no código penal.

Depois de ter sido eleito senador em 1853, ele foi forçosa e ilegalmente retirado do posto pelo general Francisco Robles, um dos militares próximos ao presidente Urbina. García Moreno seria enviado para o exílio, passado na França.

Enquanto morava em Paris, ele viveu um tempo de conversão ainda mais profundo. Ele, agora, passaria mais tempo dedicado ao estudo e a oração. A frequência diária na Missa, a oração diária de uma dezena do Rosário, ele evitava todas as distrações. Em Paris, ele morava como um eremita em um pequeno apartamento, onde estudava noite adentro. Nesta época, ele dizia: Eu estudava dezesseis horas por dia e, se um dia tivesse quarenta e oito horas e não vinte e quatro, eu ficaria feliz em dedicar quarenta horas para o meu trabalho. Em que consistiam estes estudos? Dentre outras coisas, ele estudou cuidadosamente a legislação social em vários países europeus. Ele também leu a obra de Abbé Rohrbacher, L’Histoire universelle de l’Église Catholique, de onde aprendeu como a Igreja e o Estado podem trabalhar juntos de forma harmoniosa.

Foi então que os amigos de García Moreno solicitaram ao General Robles que providenciasse um salvo-conduto do exílio para sua pátria. Ao retornar, ele foi escolhido como reitor da Universidade de Quito. Nesta academia, ele ministrou aulas brilhantes de química, doando seu laboratório pessoal para a universidade.

Durante os governos anteriores de Vicente Roca, José María Urbina e Francisco Robles o país havia sido submetido a ditaduras tirânicas e assolado pela guerra civil. De tempos em tempos, a eleição de bons homens para a Câmara era invalidada por estes tiranos. Enquanto que, ao mesmo tempo, o tesouro era saqueado por tais líderes e seus comparsas. Não havia orçamento estatal, muito menos responsabilização por tudo isso. Além disso, o ensino superior foi depreciado e destruído. Durante a intervenção do presidente Urbina, os estudantes foram admitidos a colar grau sem nenhum estudo ou exame. Por último, mas não menos importante: a Igreja foi duramente perseguida. O bispo de Guayaquil foi expulso e substituído por um “fantoche” clerical de Urbina. Aqueles “suspeitos de costume”, os Jesuítas, foram ajuntados e todos expulsos de uma vez do país. Conventos tornaram-se quartéis e instituições eclesiásticas foram secularizadas. As escolas primárias foram abolidas. O que dizer dos louvados mantras do “Iluminismo” e do “Progresso”? Se a Revolução encontrasse continuidade, o Equador, certamente, seria impelido como sendo a “Idade das Trevas” moderna.

Enquanto isso, García Moreno foi novamente eleito para o Senado. Por sua eloquência como senador em 1857, ele encabeçou a aprovação de uma lei que determinava a dissolução de todas as lojas maçônicas no Equador. Sua razão era simples: o caráter antirreligioso. De forma dissimulada, o governo declarou que as lojas não tinham caráter irreligioso e recusou aplicar a lei. Este era o estado daquela nação pouco antes de García Moreno ser eleito presidente.

Sua vida espiritual

O segredo por trás do sucesso de García Moreno como líder e estadista estava em sua vida interior. Um homem de profunda piedade, ele percebeu que, para recompor o povo equatoriano, ele precisaria primeiro formar um relacionamento com Cristo através da oração e, também, santificar sua alma. Sua vida interior bem determinada estava claramente revelada em sua Regra de Vida escrita na última página de seu exemplar de A Imitação de Cristo, encontrado junto de si depois de ter sido assassinado. Entre as diretrizes de sua Regra, via-se as seguintes:

Toda manhã ao fazer minhas orações, vou pedir, em especial, por humildade.

Todos os dias vou ouvir a Missa, rezar o Rosário e ler, além de um capítulo d’A Imitação, esta regra e as instruções anexas.

Terei o cuidado de me manter, ao máximo, na presença de Deus, especialmente em conversas, assim evito falar palavras inúteis. Vou constantemente oferecer meu coração a Deus, principalmente antes de iniciar qualquer ação.

Farei um exame de consciência específico, duas vezes por dia, quanto a prática de virtudes e um exame geral todas as noites. Vou me confessar toda semana.

Sua Regra de Vida também demonstra a disciplina empregada em sua rotina. Seu dia era ordenado e regrado. Levantava às cinco da manhã, ia à igreja às seis para Missa e meditação. Sete horas da manhã ele visitava os doentes no hospital e, depois, trabalhava em seu quarto até dez horas da manhã. Após um simples café, ele trabalhava com seus ministros até três horas da tarde. Depois do jantar, às quatro da tarde, ele fazia as visitas necessárias e resolvia problemas. Entre seis e nove da noite, ele já estava em casa para passar um tempo com a família. Quando todos descansavam ou buscavam os divertimentos noturnos, ele retornava ao seu escritório para trabalhar até onze horas da noite, às vezes até a meia noite.

García Moreno certamente não era perfeito. Ele poderia ser impaciente e imperioso. No entanto, ele realmente tinha a humildade de admitir quando estava errado. Certa vez, quando estava submerso em questões do trabalho, um sacerdote o abordou sobre um assunto insignificante. Ao que, de maneira brusca, respondeu ele: Não valeu a pena incomodar-me com assunto tão pequeno. O sacerdote, humilhado, saiu depressa. Na manhã seguinte, porém, García Moreno visitou o sacerdote e pediu perdão por sua “conduta apressada e desrespeitosa”. Ele não era conhecido por gabar-se de qualquer conquista própria. Além disso, por correspondências, ele solicitava correção fraterna de prelados ou até de almas com odor de santidade.

Sagrado Coração de Jesus.Equador
(Quadro do Sagrado Coração, com o qual
Dom José Inácio C. y Barba  e Gabriel
García Moreno fizeram a consagração
 do Equador)

Conquistas como presidente

Durante o primeiro mandato como presidente (1861-1865), García Moreno tentou limpar a bagunça política, financeira, educacional e eclesiástica que os liberais e radicais egocêntricos haviam legado ao país.

Um dos primeiros objetivos de García Moreno era justamente a negociação de uma concordata junto da Igreja Católica. Do ponto de vista da Igreja, esta concordata (1862) foi um dos acordos mais favoráveis já feitos com qualquer Estado.

Quando ele chegou ao ofício, ele tinha três tarefas importantes. Era preciso reformar a governança, o estado financeiro do país e o exército. O governo estava repleto de oportunistas que devoravam, de forma voraz, a riqueza do Estado às custas do povo. García Moreno dispensou estes e substituiu-os por homens honestos que ele esperava trabalhar regular e diligentemente.

Ele também concentrou sua atenção no desastre financeiro do país. O governo tomou empréstimos sem limites, taxou o povo impiedosamente, não conseguiu controlar os gastos e não manteve um orçamento. Depois de trabalhar incansavelmente para zerar a dívida, García Moreno introduziu um método melhor para registro contábil, criou um Conselho de Controle para atuar na fiscalização de fraudes no órgão executivo e removeu todos os oficiais envolvidos em desvio de verba pública. Ele mesmo recusou receber o salário presidencial: ele devolveu uma parte para o tesouro nacional e outra doou para obras de caridade.

Depois de restaurar a ordem e a paz no Equador, García Moreno iniciou a implementação de seus planos para a restauração social de uma civilização cristã. Dessa forma, ele debruçou-se na educação. Ao passo que os revolucionários e a maçonaria desejavam laicizar a educação ao erradicar qualquer influência de moralidade ou religião nos jovens, ele decidiu fazer exatamente o oposto. Ele convidou congregações religiosas francesas para formar o intelecto e os corações dos jovens, para cuidar dos doentes nos hospitais e dos criminosos nos presídios. Os Jesuítas, outrora dispensados, também foram recebidos de volta.

García Moreno acreditava ser muito difícil continuar a reformar o país e manter a estabilidade com aquela velha constituição; assim, ele fez pressão para a composição de uma nova. Em 1869, a nova constituição foi estabelecida no Congresso. Entre as principais mudanças: maior poder do governo sobre as forças armadas; poder de veto do governo sobre o Congresso; e a permissão para o governo estabelecer uma lei marcial durante revoltas. “A Fé Católica Apostólica Romana era a religião do Estado e dispensava-se todas as outras”. O Estado daria suporte à Igreja em todos os seus direitos e privilégios. Para garantir esta medida, somente católicos seriam admitidos para ocupar cargos públicos. Surpreendentemente, o Congresso aprovou esta última cláusula quase de maneira unânime, com apenas dois votos contrários. Por último, membros de sociedades secretas foram privados dos direitos civis.

O governo de García Moreno no Equador alcançou um sem número de reformas, porque incluíram mudanças significativas nas forças armadas, na educação e no atendimento aos pobres e doentes. Ele tratou com singular atenção o bem-estar dos índios e dos pobres de zona rural, no interior do Equador, patrocinando missões de Jesuítas e Redentoristas para proteger este povo simples da exploração. Ele também dedicou esforço considerável para melhorar a infraestrutura do país por meio da construção de estradas e torres de farol, pavimentação de ruas e a restauração da beleza da capital do país.

Ilustração do assassinato do Presidente Gabriel García Moreno

Últimas considerações

Após o assassinato de García Moreno, toda a cidade de Quito entrou em luto e os sinos tocavam ininterruptamente. Os conspiradores pensaram que o assassinato desencadearia uma revolução. Tamanha seria a frustração destes. Por três dias, enquanto seu corpo era velado na Catedral, milhares de pessoas, aos prantos, foram prestar condolências ao homem que tanto havia feito pelo país. Na sessão de 16 de setembro de 1875, o Congresso equatoriano emitiu um decreto onde prestava homenagem a García Moreno, “O Restaurador de seu país e Mártir da civilização católica”.

Passados apenas dois anos do assassinato de García Moreno, outro assassinato escandalizava o país: o do Arcebispo de Quito. No dia 30 de março de 1877 – uma Sexta-Feira Santa –, o Arcebispo José Ignacio Checa y Barba purificava o cálice com vinho após consumir a Hóstia durante a Solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor e notou que o vinho tinha um sabor amargo. Pouco depois do culto, ele morreria com dolorosas convulsões. Uma autópsia revelou que o vinho havia sido envenenado com estricnina. Apenas algumas semanas antes do assassinato, o governo de Ignacio de Veintemilla começou a perseguir a Igreja. Em particular, os sermões sofreram censuras por parte do governo. Tal medida levou o gentil bispo a protestar vigorosamente contra estas injustiças do governo. Nunca ninguém foi acusado do assassinato, entretanto, a suspeita recaiu sobre o governo. Junto de García Moreno, o Arcebispo Checa y Barba foi quem consagrou o Equador ao Sagrado Coração.

Como García Moreno ajudou avidamente a Igreja a influenciar a sociedade, ele foi chamado de “teocrata”. Entretanto, o estadista não fazia nada além de propagar o Reinado Social de Cristo – este seria, precisamente, o assunto que Pio XI trataria em sua carta encíclica Quas Primas, cinquenta anos mais tarde. Tal qual seu contemporâneo, o Cardeal Louis Pie de Poitiers, García Moreno também reconheceu que, se “a época não é favorável para o reinado de Cristo, ela também não é favorável para que governos perdurem”. Ao consagrar seu país ao Sagrado Coração de Jesus em 1873, o presidente construía a base sólida para a futura prosperidade e sucesso do Equador.



☞ Nota da Fonte: A maioria das citações foram retiradas de García Moreno, President of Ecuador, do Pe. Augustin Berthe.



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FONTE: Centro Dom Bosco. Alguns destaques foram acrescidos.