«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019


HORA SANTA DO MÊS DE MARÇO
(Por Santo Afonso de Ligório)

Coração aflito de Jesus, que os "... tantos padecimentos que
sofrestes por mim, não fiquem perdidos!"


CORAÇÃO AFLITO DE JESUS, VÍTIMA UNIVERSAL


Assim como todas as águas vão lançar-se no mar, assim todas as aflições se reuniram no Coração de Jesus. Ele as aceitou com o mais sublime devotamento, impelido por seu amor para conosco, amor que cegou ao excesso e, perdoem-nos a expressão, à loucura: pois não é uma loucura de amor da parte de Deus ter querido carregar sobre si todas as iniquidades do mundo, a fim de sofrer o castigo delas?

Jesus Cristo sabia que todos os sacrifícios dos animais, oferecidos a Deus no passado, não tinham podido satisfazer pelos pecados dos homens, mas que era necessária uma pessoa divina para pagar o preço da Redenção: que fez? Ofereceu-se a seu Pai para aplacar sua ira e obter nosso perdão. Dois caminhos então apresentavam-se ante ele: um, de prazer e glória, outro, de padecimentos e opróbrios; qual deles foi escolhido? Como ele queria não só nos resgatar da morte, mas ainda conseguir o amor de nossos corações, renunciou ao prazer e à glória, e escolheu os padecimentos e opróbrios. (Hb 12, 2) Assim é que este amável Senhor, sem ser obrigado, tomou sobre si todas as nossas dívidas, como claramente se exprime o Profeta Isaías: Vere languores nostros ipse tulit. (Is 53, 4)

Eis que então o Coração de Jesus, a inocência, a pureza, a santidade mesma, é carregado de todas as blasfêmias, de todas as torpezas, de todos os sacrilégios, de todos os roubos, de todas as impurezas e de todos os crimes dos homens; ei-lo tornado, por nosso amor, objeto das maldições divinas, por causa de nossos pecados pelos quais se obrigou a satisfazer à eterna justiça; ei-lo carregado de tantas maldições quantos pecados mortais foram, são e serão cometidos sobre a terra. Neste estado é que ele se apresenta a seu Pai, como culpado e responsável por todos os nossos crimes, e Deus, seu Pai o condena por isso a padecer morte infame na cruz. Então foi que nosso Salvador prostrou-se com a face por terra (Mt 26, 39), como se tivesse vergonha de levantar os olhos para o céu, vendo-se carregado de tantas iniquidades. Então foi que experimentou aquela imensa angústia que lhe fez dizer: Minha alma está triste até a morte. Ó Pai eterno, como podeis ver vosso Filho amadíssimo em tão grande aflição? Bem sei, diz o Padre eterno, que meu Filho é inocente, mas, pois que ele se encarregou de satisfazer a minha justiça por todos os pecados dos homens, convém que eu o abandone a todas as aflições que esses pecados merecem: Eu o feri por causa da iniquidade de meu povo (Is 53, 8).
Jesus no Getsêmani

Ó caridade incomparável do Coração de Jesus! Ele, nosso Deus, fez-se nosso fiador, obrigando-se a pagar nossas dívidas, segundo a bela expressão do Apostolo (Hb 7, 22); e, depois de ter satisfeito por nós, promete-nos da parte de Deus a vida eterna. Também o Eclesiástico nos recomendou, há muitos seculos, nunca nos esquecermos do beneficio que devemos a este celeste fiador, que quis padecer tanto para nos obter a salvação (Eclo 29, 20).

Ó caridade infinita do Coração de Jesus! Os médicos fazem todos os esforços para curarem o enfermo por quem se interessam. Mas qual é o medico que toma sobre si a enfermidade de outrem, para o curar? Jesus Cristo é o único médico que tomou sobre si nossas enfermidades para as curar. O Verbo divino não quis enviar outrem para fazer este misericordioso ofício; ele mesmo dignou-se vir para ganhar todo nosso amor.

Ó caridade verdadeiramente divina do Coração de Jesus! Ele não se contentou em oferecer à justiça divina uma satisfação suficiente, quis que ela fosse superabundante; digo superabundante, porque, para nos resgatar, uma simples súplica do Homem Deus bastava, mas o que era suficiente, não satisfazia o Coração mais amante que tem havido e pode haver.

Ó caridade verdadeiramente inefável e inaudita do Coração de Jesus, vós nos obrigais a pormos em vós confiança sem limites, pois nada pode nos perturbar tanto quanto vós nos podeis sossegar. Cerquem-me os pecados que tenho cometido, apertem-me os temores do futuro, armem laços contra mim os demônios; se peço misericórdia a Jesus Cristo que me consagrou seu amor até morrer por mim, não posso perder a confiança. Como, com efeito, poderia me abandonar o Deus que por amor de mim se entregou a morte? Ó Coração de Jesus, vós sois o porto seguro daqueles que, na tempestade, recorrem a vós! Ó Pastor vigilante, é errar não esperar em vós, uma vez que se tenha vontade séria de se corrigir. Vós dissestes: «Sou eu, não temais, sou eu que aflijo e consolo. Eu envio algumas vezes a meus servos tribulações que se assemelham com o inferno, mas não tardo em os livrar delas e consolá-los.

Eu sou vosso advogado: vossa causa é minha. Eu sou vossa caução: vim pagar vossas dívidas. Sou vosso Salvador: resgatei-vos com o meu sangue, não para vos abandonar, mas para vos enriquecer, tendo vós me custado tão alto preço.

Como fugirei de quem me busca, eu que saí ao encontro daqueles que queriam me ultrajar? Eu não voltei meu rosto daqueles que me feriam; voltá-lo-ei daquele que quer me adorar? Como meus filhos podem duvidar que os amo, vendo-me entre as mãos de meus inimigos por seu amor? Já me viram desprezar aquele que me deu seu amor, ou aquele que implorava meu socorro? Eu chego ao ponto de ir à procura de quem não me busca.»
(Foto: Enciclopedia Católica Aciprensa)

PRÁTICA

Minha confiança no Coração de Jesus será sem limites, pois o amor que ele me tem é sem limites. Venham perseguições, securas, escrúpulos, tentações, temores de perder-me, direi sempre com o Salmista: Ponho, Senhor, minha alma entre vossas mãos; confio plenamente em vós, porque me resgatastes. (Sl 30, 6)

AFETOS E SÚPLICAS

Meu Jesus, se Deus vos carregou de todos os pecados dos homens (Is 53, 6), com que peso não aumentei pelos meus a Cruz que levastes até ao Calvário? Ah! meu terno Salvador, vós vias já então as injurias que eu vos havia de fazer, apesar disto não deixastes de me amar e me preparar estas grandes misericórdias de que me cumulastes depois. Se, então, vos tenho sido tão caro, eu, o mais vil e ingrato dos pecadores, que tanto vos ofendi, justo é que, a vosso turno, vós me sejais caro, ó meu Deus, bondade e beleza infinitas. Ah! oxalá nunca vos houvesse contristado! Agora, meu Jesus, vejo toda a indignidade de meu procedimento. Malditos pecados, enchestes de amargura o Coração tão terno e amante do meu Redentor! Perdoa-me, meu Jesus, arrependo-me de vos ter ofendido: no futuro sereis o único objeto de meu amor.

Ó amabilidade infinita, eu vos amo de todo o meu coração, resolvido a não amar mais senão a vós, Senhor, com Santo Inácio vos digo: Dai-me vossa graça e vosso amor, e fico satisfeito.

ORAÇÃO JACULATÓRIA

Cordeiro sem mancha, tantos padecimentos que sofrestes por mim, não fiquem perdidos!

EXEMPLO

Joaquim Gaudiello, irmão leigo da Congregação do Santíssimo Redentor, foi toda a sua vida ardente amigo da cruz, o que o tornou singularmente caro ao Coração generoso de Jesus.

Quando ele resolveu a ser religioso, perguntaram-lhe por que queria abraçar condição tão humilde? É porque, respondeu ele, quero com o desprezo do mundo seguir a Jesus Cristo vilipendiado e desprezado. Joaquim não cessou de fazer a seu corpo guerra cruel, sujeitando-o à mortificação e ao trabalho, e, o que é digno dos maiores elogios, soube unir os trabalhos manuais com o mais alto espirito de oração. Recorria a Deus em todas as suas necessidades, porque ele é meu Pai, dizia, a ele recorro como seu filho. Jesus, no Santíssimo Sacramento, tinha absorvido seu coração; ele vivia tão ávido pela santa comunhão que lhe permitiram fazê-la todos os dias. Em seus momentos de lazer, recolhia-se à igreja para derramar seu coração no Coração do amável Jesus. Como Jesus era toda a sua glória, Joaquim não tinha em conta alguma as vaidades do mundo, e punha toda a sua felicidade nas humilhações e nos desprezos. Que é o mundo?, costumava dizer, ainda às mais altas personagens, que é o mundo senão uma sombra, um fumo, mas um fumo do inferno? Apenas com a idade de 22 anos, enfermou-se, e dessa doença morreu. Interrogado como passava no leito de dores: contemplo no meu espelho, respondeu mostrando o crucifixo. Seu amor dos padecimentos e sua conformidade com a vontade de Deus eram verdadeiramente admiráveis. A um padre que lhe perguntou certo dia quando queria ir para o céu, respondeu com muita alegria: Quero ir quando meu Jesus o quiser. Seu amor ao Santíssimo Sacramento era tão terno que parecia transformá-lo em serafim quando diante do tabernáculo.
Santo Afonso M. de Ligório, ardente devoto
da Eucaristia

Um dia, num transporte de amor, ele disse ao padre Mazzini: «Tomai um cutelo, abri meu peito, tirai meu coração e colocai-o no tabernáculo junto do Santíssimo Sacramento.» Sua tristeza era não poder morrer crucificado como Jesus Cristo. Dizia-se-lhe, para o consolar, que seu leito era uma cruz: «Não, respondia gemendo, não é cruz para mim, porque sou fortificado por Jesus crucificado e consolado nas amarguras.» Puseram diante dele uma pequena estátua de Jesus atado à coluna; apenas viu-a, desfez-se em lágrimas, e disse suspirando: «Ai! não poder eu tornar-me semelhante a vós, ó meu Jesus flagelado por mim! Envia-me padecimentos e chagas, ó meu Salvador!» Sentindo que a morte se aproximava, ele expressou o desejo de receber a Extrema Unção, dizendo: «É a última consolação que Jesus Cristo nos deixou na sua bondade.» Depois de ter recebido a santa comunhão, ficou arrebatado fora de si; sua figura assumiu ar angélico, e todo o dia ele ficou neste estado sobrenatural. À tarde, perguntaram-lhe como estava: «Eu sinto, disse, Jesus no meu coração.» Na véspera de sua morte, exclamava em celeste transporte: Paraíso! Paraíso! Sendo o primeiro redentorista que morria, ele dizia a seus irmãos, por último adeus, estas luminosas palavras: Eu sou o porta-estandarte! Sua agonia foi um ato ininterrupto de amor, e ele expirou pronunciando os santos nomes de Jesus e Maria em 1741. O Senhor dignou-se manifestar, por diversos prodígios, a santidade de seu servo. Santo Afonso lhe chamava moço dotado de todas as virtudes.



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FONTE: livro “O Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês”, tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 218-225 – Texto revisto e atualizado)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019


A ASSOCIAÇÃO DA GUARDA DE HONRA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (HORA DA PRESENÇA)

"Louvado, adorado, amado seja a todo momento o Santíssimo Coração Eucarístico de Jesus em todos os tabernáculos do mundo até a consumação dos séculos. Amém."
(Foto: Radio Cristiandad)

Eu quero formar ao redor de Meu Coração uma coroa de doze estrelas, composta dos Meus mais queridos e fiéis servos(*) - Palavras de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque1.


Diz um antigo Manual mexicano da Guarda de Honra: “Esta obra é, ao mesmo tempo, Reparadora e Eucarística, cremos que aparecerá como um desdobramento do culto reclamado há dois séculos pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor a Santa Margarida Maria, quando revelava-lhe a devoção ao seu Sagrado Coração. Sob uma forma tão terna quanto simples, a obra resume, com efeito, os diversos aspectos deste culto e os põem ao alcance de todos. Desta maneira, em menos de vinte anos, tal devoção se propagou até os confins da terra.”2

Mas como se deu, de fato, a origem desta devoção? Sua finalidade? Como praticá-la?

É o que veremos a seguir3.

O que é?

A Associação Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus (Hora de Presença) nasceu no Mosteiro da Visitação de Santa Maria de Bourg-en-Bresse (França), a 13 de março de 1863, graças à Irmã Maria do Sagrado Coração Bernaud, que se sentiu inspirada a responder à queixa de Jesus Cristo: 'Busquei quem me consolasse e não encontrei'. Com este objetivo, reuniu algumas pessoas que, por turno, de hora em hora, ininterruptamente continuariam a missão da primeira 'Guarda de Honra' do Calvário, formada pela Santíssima Virgem Maria, São João e Santa Maria Madalena. Estava assim fundada uma espécie de aliança ou corrente de Amor, Glória e Reparação.
Quadrante da Guarda de Honra do S. Coração de
Jesus - Arquiconfraria da Bahia-Brasil

Os Associados professam um amor e um respeito particulares à Sagrada Eucaristia. A partir de 1977 a 'Guarda de Honra' passou a denominar-se 'Associação Hora de Presença diante do Coração de Jesus', conforme os estatutos definitivamente aprovados pelo Conselho Pontifício para os Leigos (Vaticano, 6 de dezembro 1977). Atualmente a sede da Associação encontra-se no Mosteiro da Visitação de Santa Maria em Paray-le-Monial, França.

História da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus (Hora de Presença)

Irmã Maria do Sagrado Coração Bernaud, religiosa do Mosteiro da Visitação de Bourg-en-Bresse, França, nutria grande devoção ao Sagrado Coração de Jesus, ao qual, ainda criança, havia sido consagrada várias vezes por uma de suas tias.

No dia 12 de março de 1863 – algumas semanas após a festa da Epifania do Senhor –, ao subir a escada em sua Comunidade, teve a visão intelectual do Quadrante da Guarda de Honra. Imediatamente reproduziu por escrito as legendas na parte superior e inferior do Quadrante. Traçou as palavras 'Amor! Glória! Reparação!' e sentiu-se inclinada a escrever 'Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus', colocando no centro do Quadrante a imagem do Sagrado Coração.

No dia seguinte, 13 de março – festa das Cinco Chagas de Nosso Senhor –, ela apresenta à sua Superiora o primeiro Quadrante da Guarda de Honra. Esta o abençoa e aprova que sejam inscritos em redor do Quadrante os nomes de todas as Irmãs da Comunidade, com a respectiva hora que cada uma escolhera. Estava assim fundada a Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus.

Na manhã do Domingo de Ramos, desse mesmo ano, Irmã Maria do Sagrado Coração fica impressionada durante a Santa Missa com o seguinte texto: 'O meu coração só escuta ultrajes e dores; desejei, porém em vão, alguém que compartilhasse dos meus males; procurei quem me consolasse e não encontrei'. Eis a razão de ser da Guarda de Honra! Sua finalidade principal é, pois, consolar o Sagrado Coração de Jesus pela reparação e pelo amor. Aproveita então o recolhimento dos dias da Semana Santa para compor uma pequena oração de oferecimento, pressentindo que milhares de pessoas adotariam essa fórmula para consagrar ao Coração de Jesus seu devotamento e seu amor durante a hora escolhida.

No mês de abril, então dedicado aos Santos Anjos, ela elege os Nove Coros dos Anjos com os Justos da Terra, a Santíssima Virgem e São José, para serem os Doze Protetores, em união com os quais cada associado preencherá a hora de sua escolha.
Quadrante da Guarda de Honra, em espanhol.
É possível ver cada um dos protetores ("Fiéis Servos")
que formam a coroa de doze estrelas.

A partir de maio, a Guarda de Honra começa a se expandir. Na própria cidade de Bourg-en-Bresse muitas pessoas se inscrevem como associadas. Ultrapassando esses limites iniciais, é acolhida também pelos Mosteiros da Visitação de Annecy e Paray-le-Monial. Neste último, o Quadrante foi recebido com grande surpresa porque um idêntico acabava aí de ser realizado. Entretanto, tendo em vista que a Guarda de Honra se propagara mais em Bourg-en-Bresse, as Irmãs de Paray-le-Monial cederam ao Mosteiro daquela cidade a primazia da Obra nascente.

No final de 1863, mais de cento e dez Mosteiros da Visitação já se haviam inscrito na Guarda de Honra, ultrapassando as fronteiras da França e chegando à Inglaterra e à Itália.

Com a licença eclesiástica de Monsenhor Langarie, Bispo de Belley, em 9 de março de 1864 foi estabelecida na capela do Mosteiro da Visitação de Bourg-en-Bresse a Confraria da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus.

O Papa Pio IX abençoou a Obra nascente. Três anos mais tarde, em junho de 1867, Irmã Maria do Sagrado Coração inicia a composição do Manual que seria utilizado pelos Associados.

A Associação tem por Patronos: Nossa Senhora do Sagrado Coração, São José, São Francisco de Assis, São Francisco de Sales e Santa Margarida Maria Alacoque. E os membros professam um amor e um respeito particulares à Sagrada Eucaristia.

O Papa Pio IX pede a sua inscrição na Guarda de Honra em 25 de março de 1872, e no mês de junho realiza-se a fundação canônica da Associação, na Itália.

Uma consagração solene ao Divino Coração é prescrita por Pio IX, na festa do Sagrado Coração de Jesus, em 16 de junho de 1875. No mês seguinte, durante a audiência a uma importante delegação de Associados, o Papa dirá que uma das suas mais agradáveis glórias era o título que recebera de Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus.

Também em Montmartre, França, foi estabelecido o Quadrante, por ocasião da abertura da Capela provisória do Voto Nacional, no dia 3 de março 1876. Dois anos mais tarde, no dia 26 de novembro, a Associação foi erigida em Arquiconfraria pelo Papa Leão XIII, na França e na Bélgica; logo em seguida, em outros dezenove países.

No Brasil, a fundação da Associação 'Guarda de Honra' aconteceu em 25 de outubro de 1876. Por concessão do Papa Leão XIII, em 1894, foi elevada a Arquiconfraria, tendo como centro a Diocese de Diamantina, Minas Gerais, onde permanece até os dias de hoje.

A partir de 1977 a 'Guarda de Honra' passou a denominar-se 'Associação Hora de Presença diante do Coração de Jesus', conforme os estatutos definitivamente aprovados pelo Conselho Pontifício para os Leigos (Vaticano, 6 de dezembro 1977).
Medalha da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus (frente-Verso).
Confraria francesa. 
(Foto: Cruces y Medallas)
Atualmente a sede da Associação encontra-se no Mosteiro da Visitação de Santa Maria em Paray-le-Monial, França.

Como se vive uma “Hora de Presença”.

Se é bem compreendida, a Hora de Presença expressa muito simplesmente a ideia de que durante um curto espaço de tempo – 1 hora – a pessoa leiga, ou um religioso, uma religiosa, um sacerdote, se esforçará por viver mais profundamente sua união com Cristo, não tendo outra intenção nem outros pensamentos, ou sentimentos, senão os do Coração de Jesus. A Hora de Presença não pede nenhuma mudança nas ocupações habituais, ou que envolvam dever de estado. As 'orações de oferecimento' adotadas pela Hora de Presença são expressas no início da hora escolhida e santificam as atividades cotidianas. Não se trata de contabilizar Horas de Presença como se faz, por exemplo, um depósito bancário, e sim de viver intensamente a vida do dia-a-dia, dando-lhe uma orientação profunda que une a pessoa a Cristo e lhe oferece os meios de participar com Ele e Nele na Redenção e Salvação do mundo, pelo amor.

Apostolado da Hora de Presença

É uma obra maravilhosa que permite transformar as ações mais indiferentes em atos de amor e põe o coração humano em contato com o próprio Coração de Jesus.

Oferece a cada pessoa a possibilidade de aperfeiçoar-se em todos os seus atos.

  • Satisfaz os anseios de quem deseja que o reinado do Sagrado Coração de Jesus se estabeleça nos corações, individualmente, e na sociedade.
  • Está ao alcance de todos: as crianças, os jovens e os adultos, todos podem oferecer algo ao Sagrado Coração de Jesus.
  • A Hora de Presença pode ser iniciada com a seguinte oração:
      'Divino Jesus, presente no Tabernáculo, eu Vos ofereço esta Hora de Presença, com todas as minhas ações, alegrias e penas, para glorificar vosso Coração por este testemunho de amor e de reparação. Possa essa oferta aproveitar a meus irmãos. Convosco, '‘por eles santifico-me, para que eles também sejam santificados na verdade’'. (Evangelho de São João, capítulo 17, versículo 19). Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o vosso reino! Nossa Senhora do Sagrado Coração, rogai por nós!'.

Os fiéis servos(*) aos quais se referiu Nosso Senho a Santa Margarida Maria, estão repartidos nas doze horas do Quadrante da Guarda de Honra do Sagrado Coração, e são:

  1. São José.
  2. Os (santos) Justos.
  3. Os Serafins.
  4. Os Querubins.
  5. Os Tronos.
  6. As Dominações.
  7. As Virtudes.
  8. As Potestades.
  9. Os Principados.
  10. Os Arcanjos.
  11. Os Anjos.
  12. Nossa Senhora.

São os Protetores especiais da Guarda de Honra: Nossa Senhora do Sagrado Coração (Festa, 31 de Maio); São José (Festa, 19 de Março); São Francisco de Assis (Festa, 4 de Outubro); São Francisco de Sales (Festa, 29 de Janeiro), e Santa Margarida Maria (Festa, 27 de Outubro).

Existem duas outras orações, uma de Oferecimento e outra para recitação no final da Hora de Guarda (ou de Presença), além da jaculatória4:

OFERECIMENTO DA HORA DE GUARDA

Ó Divino Jesus, meu dulcíssimo Salvador, eu Vos ofereço esta hora de guarda, durante a qual em união com os Protetores (nomeia-se o Protetor da hora que se tiver escolhido), desejo muito do fundo do coração amar-Vos, glorificar-Vos e principalmente consolar o Vosso Adorável Coração com meu amor. Aceitai, pois, nesta intenção os meus pensamentos, as minhas palavras, as minhas ações, e minhas penas. Recebei sobretudo o meu coração: eu vo-Lo ofereço sem reserva, suplicando-Vos que o inflameis no fogo do Vosso Amor. Amém.

ORAÇÃO PARA SE RECITAR NO FIM DA HORA DE GUARDA

Ó Jesus, meu amantíssimo e dulcíssimo Salvador, permiti que Vos ofereça a Vós, e por Vosso intermédio ao Pai Eterno, o Preciosíssimo Sangue e Água que manaram da Chaga aberta em Vosso Divino Coração, na Árvore da Cruz. Dignai-Vos de aplicar eficazmente este Sangue e esta Água a todas as almas, e principalmente às dos pobres pecadores, e à minha. Purificai, regenerai, salvai a todos os homens pelos Vossos merecimentos infinitos. Concedei-Nos, enfim, ó Jesus, entrar em Vosso Coração amantíssimo e nele habitar para todo sempre! Amém. (100 dias de indulgências)

JACULATÓRIA

Louvado, adorado, amado seja a todo momento o Santíssimo Coração Eucarístico de Jesus em todos os tabernáculos do mundo até a consumação dos séculos. Amém. (Indulgenciada)

Que o Espírito Santo, a Santíssima Virgem Maria e Santa Margarida Maria nos inspirem esta devoção, ajudando-nos a escolher a Hora da Presença a fim de melhor honrarmos e repararmos o Sagrado Coração de Jesus, por meio de uma devoção diária. Amém.

Por Maria a Jesus!

Sou Todo Teu, Maria.


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_______________________
2 Livro “Manual de la Archicofradía de la Guardia de Honor del Sagrado Corazón de Jesús erigida por S.S. León XIII em la Iglesia de Santa Brígida de México”, Librería Religiosa Montero, Herrero y Cia, México, 5ª edición/1904, pp. 9-10 – A tradução e adaptação para o português do Brasil, é nossa.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019


SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE, GRANDE APÓSTOLO DO SAGRADO CORAÇÃO

Escolhido por Nosso Senhor para dirigir Santa Margarida Maria Alacquoque na mais trágica e decisiva fase da vida desta, o Santo deu o impulso inicial à devoção ao Sagrado Coração nos Tempos Modernos. Qualificado pelo Divino Redentor como servidor fiel e amigo perfeito(1), tornou-se ele renomado pregador e diretor de consciências, além de apóstolo do Escapulário. Em sua opinião, “nenhuma outra devoção oferece tanta certeza à nossa salvação” quanto esta prática religiosa.(2)
Natural de Saint-Symphorien, perto de Lyon, Cláudio de la Colombière provinha de família que já dera ilustres membros à Magistratura. De sua mãe, muito piedosa, recebeu a formação religiosa que despertaria nele a vocação.
O fato de ter sido aluno do Colégio dos jesuítas de Lyon, cujos professores eram conhecidos por sua militância antijansenista(3), marcou a fundo sua espiritualidade e futuro apostolado, baseado na misericórdia e na confiança.
Noviço jesuíta, seus dotes invulgares já aos 19 anos chamaram a atenção de seu mestre, o Pe. Jean Papon, que assim o descreve ao Geral da Companhia, em relato de 1660: temperamento “suave” e aparência “delicada”, “grande talento, rara capacidade de juízo, prudência consumada, muita experiência da vida. Começou bem os estudos. Apto para qualquer coisa”(4).
Religioso exímio e fidalgo consumado
Ainda estudante foi escolhido para preceptor de dois filhos do poderoso ministro de Luís XIV, Colbert: Nicolau, futuro Arcebispo de Rouen, e João Batista, futuro marquês de Seignelay e Ministro da Marinha.
Na residência de Colbert – grande mecenas da cultura – conviveu com pessoas polidas, elegantes e cultas. Tornou-se amigo de Olivier Patru, membro da Academia Francesa, considerado o homem que falava o melhor francês no Reino. Nessa convivência completou sua educação, tornando-se não apenas um perfeito religioso, mas também consumado fidalgo(5).
O Pe. Nicolau La Pesse, editor de seus “Sermões”, em Lyon, no ano de 1684(6) assim o descreve:
Espírito vivo, juízo seguro, fino e penetrante, alma nobre, jeito e graça. Distinguia-se sobretudo por sua maneira de pensar e pela elegância e precisão de expressão. Quando falava com as pessoas, sua distinção e doçura conquistavam os espíritos e os corações. A união com Deus transparecia no seu rosto e nas suas palavras. A oração era nele habitual. Como era reto e esclarecido, considerava com extrema justiça qualquer assunto que tivesse de tratar”(7).

É preciso ser santo para fazer santos”
Ordenado sacerdote em 1669, o Pe. de La Colombière voltou a Lyon para lecionar no Colégio da Trindade, durante três anos. Retirou-se depois para a Casa São José, ali completando o período da probatio, ou seja, o ano de recolhimento e meditação prescrito pela regra da Companhia de Jesus.
Descendendo de família de notários, o jovem jesuíta “sentia muito o valor dos compromissos jurídicos e especialmente dos votos feitos a Deus”. Não só naquela Casa religiosa, mas ainda durante três a quatro anos, meditou de tal modo sobre as Constituições e o espírito da Companhia de Jesus, que fez o voto de “observar as Constituições, as regras comuns, as regras da modéstia e as da vida Sacerdotal”(8) o mais perfeitamente possível.
Foi esse o meio que escolheu para santificar-se. Nesse sentido, lê-se em uma das deliberações que tomou durante a probatio: “Não importa o preço: é preciso que Deus esteja contente. É verdade que é preciso ser santo para fazer santos, e meus defeitos muito consideráveis me fazem conhecer quanto estou distante da santidade; mas, meu Deus, fazei-me santo, e não poupai nada para me fazer bom. Quero sê-lo, não importa o que me custar(9).
Encontro de dois Santos

Com essas qualidades espirituais e intelectuais, o Pe. Cláudio estava já preparado para a grande missão de sua vida.
São Cláudio de la Colombière e Santa Margarida Maria

Tendo sido transferido o Pe. Pierre Papon, superior dos jesuítas de Paray-le-Monial, o Pe. de la Colombière foi designado para substituí-lo no cargo. Isso mostra o alto conceito em que era tido.

Havia no Convento das Visitandinas daquela cidade uma jovem religiosa, simples, de pouca cultura, que parecia estar sendo favorecida por graças extraordinárias e necessitava de uma direção segura. Sua Superiora, Madre de Saumaise, apesar de reconhecida virtude e discernimento, não se sentia segura para julgar questão tão delicada. Recorrera, para isso, às notabilidades locais. Estas foram unânimes em julgar que se tratava de ilusões...

A boa Madre, no entanto, hesitava: a Irmã Margarida Maria (1647-1690) era sensata, humilde, obediente e não parecia ter nada de visionária nem querer se valorizar por essas experiências místicas. Portanto, era preciso que elas fossem julgadas por alguém com santidade, vasta cultura e profundo saber teológico, e com renome de grande prudência e juízo seguro. A quem recorrer?

Foi durante esse impasse que o Pe. Cláudio chegou a Paray-le-Monial e conheceu a vidente.

A chancela do renomado jesuíta à nova devoção

Em sua primeira preleção às monjas, o Pe. Cláudio notou uma que o ouvia mais atentamente. A superiora informou-o que se tratava da Irmã Margarida Maria.

É uma alma visitada pela graça, comentou o jesuíta.

Ao mesmo tempo, uma voz interior dizia à mencionada freira: Eis aquele que te envio(10).

Como os santos geralmente falam a mesma linguagem, o Pe. de la Colombière e a Irmã Margarida Maria logo se entenderam. Ele interpretou a experiência mística da religiosa e estimulou-a vivamente a seguir as inspirações do Espírito que a dirigia.

E, contra a generalidade das opiniões, empenhou seu juízo de aprovação de maneira serena e firme. A Superiora poderia ficar tranquila; aquilo vinha de Deus.
São Cláudio de la Colombière e São
Francisco de Sales
(antigo postal - foto: ec.aciprensa)
 

São Cláudio de la Colombière representou assim a caução humana das visões de Santa Margarida Maria. Acontecesse o que fosse – e muita perseguição e incompreensão ainda teriam lugar –, um fato irremissível estava posto: o jesuíta afamado por sua prudência e segurança de juízo estava certo da autenticidade das visões da Irmã Margarida Maria.

Nos 20 meses em que o Pe. Cláudio foi Superior da residência jesuíta em Paray-le-Monial, fundou associações de piedade, pregou missões e dirigiu numerosas almas.

Porém, a grande importância de seu apostolado consistiu no apoio inestimável que prestou a Santa Margarida Maria: uma nova luz – a devoção ao Sagrado Coração – iria encher os espaços da Igreja sob o bafejo de Papas e Santos. Coube ao Pe. de la Colombière, naquele momento, a missão de proteger o seu tímido bruxuleio inicial contra as várias tempestades. E ele foi fiel ao encargo recebido.

Apostolado fecundo: ódio dos hereges e prisão

Entrementes, outro campo ainda maior de apostolado reclamava o zelo prudente do Padre de la Colombière: a Inglaterra.

O Duque de York, herdeiro do trono e futuro Jaime II, casara-se com a Princesa italiana Maria Beatriz d’Este, filha do Duque de Módena, encantadora, séria, piedosa e de grande inteligência. O Pe. Cláudio foi escolhido para a difícil tarefa de ser seu confessor e o pregador de sua capela. Deveria viver em meio a uma população cheia de prevenções anticatólicas; ter hábitos de Corte, sem se deixar mundanizar; saber agradar com naturalidade, mas ser firme nos princípios. Poderia fazer um grande bem, porém haveria sempre o risco de comprometer os interesses católicos de forma gravíssima, se fosse inábil ou imprudente. Tal missão pressupunha não apenas uma virtude sólida, mas também destreza, tato e experiência da vida.

Perfeito filho da obediência, o Pe. Cláudio deixou Paray-le-Monial rumo a Londres, em agosto de 1676.

Na capital inglesa, não se limitou a ser o pregador e diretor de consciência da Duquesa de York. Seus densos e piedosos sermões na capela do palácio atraíam muita gente. Visitava doentes e converteu muitas pessoas. Resgatou da apostasia dezenas de Sacerdotes. Sempre que possível, inculcava a devoção ao Sagrado Coração, que recebera de Santa Margarida Maria, e ao Escapulário.

O ódio antirreligioso contra ele aumentou. Para destruir as perspectivas favoráveis que a Religião Católica encontrava na Inglaterra neste final de século XVII, foi desencadeada uma das mais terríveis campanhas de calúnias da História, misto de estrondo publicitário, denúncias no Parlamento, medidas judiciais e pressões sobre a Corte e o Rei. Embora baseada na mentira, a febricitação criada convulsionou o Parlamento e a opinião pública.

São Cláudio, acusado injustamente de um suposto complô contra o Rei, o “Oates Plot”, foi lançado nos calabouços infectos e gelados do King’s Bench, onde as péssimas condições agravaram sua tuberculose incipiente. Em dezembro de 1678, banido da Inglaterra voltou para a França.
(Foto: blog o Segredo do Rosário)

Às portas da morte, zelo não arrefece

O Padre de la Colombière viveu ainda alguns meses, sempre muito doente. Foi-lhe dado um ofício pouco cansativo – diretor espiritual dos seminaristas em Lyon –, tendo durante essa fase exercido benéfica influência sobre o futuro Pe. de Galliffet, o qual se transformou num dos maiores apóstolos da devoção ao Sagrado Coração no século XVIII.

São Cláudio faleceu em Paray-le-Monial no dia 15 de fevereiro de 1681, celebrizando-se como o Santo da confiança e o pregador da misericórdia do Sagrado Coração. Beatificado por Pio XI em 1929, foi canonizado por João Paulo II em 1992.


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Notas

1 - Vie et Oeuvres de Sainte Marguerite-Marie, Éditions Saint Paul, Paris, 1991, t. 2, pp. 451 e 452, apud Péricles Capanema Ferreira e Melo, O Estandarte da Vitória - A devoção ao Sagrado Coração de Jesus e as necessidades de nossa época, Artpress Indústria Gráfica e Editora, São Paulo, 1998, p. 46.

2 - Sermon pour la fête du Scapullaire, Oeuvres, Lyon, 1702, T. III, apud John Mathias Haffert, Maria na sua Promessa do Escapulário, Edições Carmelo, Aveiro, 1967, p. 93.

3 – O Jansenismo, heresia que constituiu uma corrente semiprotestante no interior da Igreja, era de um rigorismo hirto e despropositado. Foi condenado por diversos Papas.

4 - Pe. Georges Guitton, S.J., Le bienheureux Claude La Colombière - son milieu et son temps, Librairie Catholique Emmanuel Vitte, Paris, 1943, p. 56, apud Péricles Capanema Ferreira de Melo, op. cit. P. 45.

5 - Cfr. Péricles Capanema Ferreira e Melo, op. cit. p. 47.

6 – in Santos de Cada Dia, Pe. José Leite, S.J., Editorial A.O., Braga, 1993, 3a. Edição, vol. I, p. 226.

7 – Cfr. Péricles Capanema Ferreira e Melo op. cit. p. 47.

8 – in Santos de Cada Dia, op. cit., p. 226.

9 - Jean Guitton, op.cit. pp. 165, 169, apud Péricles Capanema, Op. Cit., p. 50.

10 – Idem Guitton, op. cit., p. 239, apud Péricles Capanema, op. cit., p. 51.




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FONTE: Revista “Catolicismo”, nº 578, Fevereiro de 1999 (http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/7153D27D-3048-560B-1CF029AF4C9DC714/mes/Fevereiro1999 – Texto revisto e atualizado. Alguns destaques são nossos)