HORA SANTA DO MÊS DE JUNHO
(Pe. Mateo Crawley-Boevey)
Santa Margarida Maria aos pés do Coração de Jesus (antigo postal francês) |
Nós
vos adoramos, ó Deus Sacramentado, nós vos bendizemos, Redentor do
mundo; nós vos amamos, Jesus, na formosura do vosso Coração
Agonizante. Somente Vós sois grande, somente Vós sois santo na
pequenez da Divina Hóstia. Vós sois o Altíssimo no mistério do
sacrifício incruento. Glória, pois, a Vós, que sendo o Deus do
Céu, viveis no Getsêmani do Santo Tabernáculo! Glória a Vós,
Jesus - Eucaristia, nas alturas dos vossos anjos; louvor a Vós, no
coração dos homens! Em nome de todos os homens, e, em especial, em
nome de todos os homens que sofrem com amor e fé, nós adoramos as
lágrimas, a solidão, o abandono, as angústias, todas as amarguras
e agonias do Vosso Sagrado Coração! Cremos que Vós sois o Cristo,
o Deus - Homem de todos os sofrimentos.
(Ofereça
esta Hora Santa ao Coração de Jesus, ferido e agonizante, como um
pleito de resignação e amor, em seu próprio nome e de todos os que
sofrem)
(Breve
pausa )
(Lento
e entrecortado)
AS
ALMAS
Ó
Jesus, nós temos sido arrastados pela força irresistível do Vosso
amor e de Vossas lágrimas em direção ao abismo do Vosso Coração!
Ó quanta beleza do Céu na Vossa tristeza! Um Céu de consolação e
de glória para todos nós! Que mistério insondável e que grande
consolo é saber que Vós chorastes! Que divina eloquência brota de
Vossa palavra de paz que, ao sair dos Vossos lábios, trêmulos de
emoção e entre soluços, sobe do mais íntimo da Vossa alma, triste
até a morte! E agora, aqui estamos nós, trazendo aos Vossos pés a
oferta não só das nossas próprias dores, mas também os
sofrimentos de tantas almas infelizes que Vos adoram. Ó Jesus, Vós
conheceis bem este oceano de dores, cujas águas amargas submergiram
a Vossa santíssima alma.
Em
primeiro lugar, adorável Mestre, pedimos por aqueles que padecem na
pobreza ou enfermidades. Mesmo aqui, durante esta Hora Santa, Senhor,
entre aqueles que vieram para estar Convosco, ou entre os seus entes
queridos, talvez haja algum doente; há certamente alguém pobre... Ó
com que grande compaixão Vós tendes sempre olhado os enfermos! Com
que ternura Vossos olhos buscaram o leproso, o paralítico, os
feridos e os cegos, para curar a todos com um sorriso e uma bênção
de amor! E se esses inválidos ou aqueles que sofriam não podiam ir
a Vós, Vós íeis ao encontro deles! Seja abrindo um caminho no meio
da multidão; seja buscando-os à beira das estradas; a uns
simplesmente olhando com amor, a outros, tocando com as Vossas mãos
... a todos curando de corpo e de alma!
Mas
hoje, há mais pobres do que doentes. Há muitas pessoas que
trabalham duramente e padecem grandes privações; muitos estão sem
pão, sem abrigo, sem consolo, sem remédios para ter algum alívio.
Mas o que podemos Vos dizer que já não conheceis sobre os
sofrimentos dos pobres? Vós, que fostes pobre em Nazaré, que
padecestes fome e que, mais do que tudo, tivestes de suportar o
desprezo arrogante que o mundo tem por aqueles que não têm nem
casa, nem terras, nem dinheiro. Não diziam os acusadores: 'O que
pode Ele saber? O que pode Ele pleitear em favor de Israel? O que
pode alguém de Nazaré pretender ser, não passando de filho de um
humilde carpinteiro?'
Recordai
nesta noite, Jesus, de tais humilhações e ponde os Vossos olhos
sobre tantos pobres e doentes que padecem! Durante esta Hora Santa,
ousamos pedir que Vós possais prodigar a eles o dom da Vossa paz e o
doce consolo da vossa bênção, que difunde em profusão milagres de
ternura. Jesus, dai a eles o mérito e a recompensa pela Vossa
resignação! E, se isso for para Vossa maior glória, dignai-Vos
conceder alívio para os doentes, os pobres, e os necessitados; Vós
que tivestes desvelo pelas flores do campo e pelas aves da montanha,
abençoai com especial ternura, desta Hóstia Consagrada, todos os
Vossos filhos afligidos, sobre quem Vos pedimos derramar a água viva
e as benesses do Vosso Sagrado Coração!
(Pausa)
(Lento
e entrecortado)
Lembrai-Vos
também, amado Mestre, daqueles que padecem contradições e reveses
humilhantes. Senhor, com que amorosa e sábia Providência Vós
permitis, muitas vezes, que nossos projetos se desvaneçam como
fumaça e, para nossa grande surpresa, depois de muito cuidado e
trabalho, colhemos apenas espinhos que machucam. Quantos dissabores e
decepções nos esperam nossos humanos desejos! Vós conheceis os
inúmeros contratempos que constantemente cercam as famílias e Vós
não os impedis porque eles são realmente para o nosso bem e, assim,
não detendes a torrente que tende a solapar as sagradas fundações
do lares, embora violente o Vosso Sagrado Coração. Guardais o
silêncio do Sacrário quando somos ameaçados por males que, de um
modo misterioso, haverão de trazer a redenção para aqueles que
amamos.
Vós
nos vede chorar! Ó, sim, Vós compartilhastes todo o nosso desgosto
e, embora aparentemente ausente, estais muito perto de nós naquelas
horas negras de agonia, horas de Getsêmani, que todos os todos os
homens deverão passar, para reviver a Vossa própria agonia, Estais
sempre ao nosso redor; e ainda que nem sempre sentimos a Vossa doce
presença, sabemos que estamos acolhidos nos Vossos braços. Sim,
Jesus, por uma feliz experiência, conhecemos as finezas do Vosso
coração; e é por isso que nos prendemos sem hesitação, mesmo
diante das mortificações mais amargas de nossas vidas, às doces
batidas desse Coração que nos ama! Aceitai, Senhor, por estes
sofrimentos, amorosa reparação à mortal desolação que
vislumbrastes no Jardim das Oliveiras, e a súplica de acolher em
Vosso Coração, os corações de todos os que sofrem...
(Todos
em voz alta)
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
(Breve
pausa )
Amado Mestre, são tantos os que aguardam em leitos de agonia a visita do Médico Celestial...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitas
crianças doentes, Senhor, perderam as suas mães; muitas pessoas
idosas e sem abrigo vão morrer sem nenhum cuidado além do amparo da
Vossa infinita misericórdia...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitos
dos Vossos filhos pobres já sofreram durante longos anos sem
qualquer ajuda humana, sem qualquer esperança...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Visitai,
ó Mestre, as choupanas e os casebres onde reina a miséria; e os
cortiços onde pobres mães agonizam, sem outras testemunhas senão
criancinhas que padecem de fome...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Com
a doce luz que emana do Vosso Doloroso Coração, ilumine as casas
que, em lugar da abundância do passado, hoje padecem em silêncio na
miséria...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Sejais
especialmente misericordioso, Jesus, para com aqueles que sofrem da
injustiça humana e com tantos que viram ruir seus projetos de
dignidade de vida e de bem estar...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Senhor,
não ignoreis tantas pessoas e famílias que sofrem de profundas e
contínuas incertezas...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Na
luta contínua entre interesses contraditórios e os inevitáveis
reveses causados pelos negócios e pelas naturais aspirações da
vida, que nunca se concretizam...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
Vós
que sofrestes, Jesus, a ausência de toda consolação humana, tende
piedade de tantos corações pobres, doentes e desiludidos, que
clamam um momento, pelo menos, de trégua e de descanso...
Acolhei
em Vosso Coração todos os que sofrem!
(Breve
pausa )
Voz de Jesus
Falastes a verdade: quando viveis o sofrimento na terra, Eu estou muito perto de vós. A cruz será sempre a ponte manchada de sangue que uniu os vossos corações aflitos e desiludidos ao Meu Coração Agonizante! Eis-me aqui, meus filhos queridos... Ouvi a vossa oração em favor dos doentes, dos pobres e de todos aqueles achacados pela indiferença humana. Neste exato momento, quantas graças foram derramadas para tantos do Meu trono da misericórdia, onde acolho as suas vidas de trabalho e de cansaço. Continuai a Me falar sobre o que vos dói e vos entristece, Meu coração precisa destas confidências porque os vossos sofrimentos me comovem. Aproximai-vos então, meus filhos e, unidos na mesma angústia e no mesmo sofrimento comum, vamos chorar juntos. Achegai-vos a Mim e derramai o pranto de vossas almas no Meu divino Coração!
(Pausa
)
As
almas
O
isolamento do Vosso Cativeiro e o silêncio do Sacrário revelam ao
mundo o pecado mais intensamente sentido pelo Vosso Coração - o
pecado da ingratidão.
(Entrecortado)
Ó Jesus, amais e não sois amado; abençoais e sois amaldiçoado; cumulais de favores os homens e sois recompensado com esquecimento ou insultos! Eis, doce Salvador, o pão muito amargo do Vosso exílio voluntário no meio de nós, eis o preço do Vosso sublime cativeiro no Sacrário! Desta forma, o Getsêmani é prolongado através da séculos. Em desagravo, queremos compartilhá-lo convosco, ó Jesus que dissestes: 'O discípulo não é maior do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu Senhor'. Por isso é que nós, também, às vezes somos convidados a provar do cálice de ingratidão. Nós o aceitamos, Senhor, por amor a Vós e somente por Vós, porque esta bebida é mais amarga do que a morte. Tende piedade, bom Mestre, por aqueles que sucumbem neste momento sob o peso de tantos sofrimentos. Tende piedade dos lares onde outrora habitaram os filhos das esperanças e das alegrias da família, mas que agora estão desolados, porque estes se tornaram a cruz, e sim, até mesmo, a coroa de espinhos para os pais.
Jesus no Getsêmani |
Tende
piedade de tantas esposas infelizes, cansadas de sofrer por tormentos
que lhes ferem a alma. Tende piedade de tantos fieis dedicados e das
almas humildes que foram traídas em sua amizades, zombadas e
enganadas dentro de suas próprias casas e feridos por aqueles que
foram cumulados pela sua caridade e pelos seus favores. O mundo paga
no início com palavras e sorrisos e depois com deslealdade e
traição. Porque Vos amamos, Jesus na Eucaristia, por este amor, Vos
oferecemos e agradecemos por este cálice de amargura, e Vos pedimos
perdoar aqueles que reabrem a ferida do Vosso Amoroso Coração - a
mesma ferida profunda que nós mesmos abrimos com a nossa tão grande
ingratidão!
(Breve
pausa )
(Lento
e entrecortado)
Ó
bom Jesus, tende piedade dos que sofrem de solidão e abandono!
Quantas vezes, amado Mestre, depois de ter pregado as maravilhas do
Vosso amor, depois de ter multiplicado os Vossos milagres na presença
de tantas multidões extasiadas, Vós presenciastes aquelas multidões
se afastarem com desconfiança e indiferença em suas almas. E Vós
ficastes sozinho e abandonado como estais hoje aqui neste Sacrário,
abandonado por tantos dos Vossos filhos! Somente o Pai conhece a
medida deste Vosso sofrimento, desta terrível deserção. Vós
sabeis, ó Jesus, que muitos, muitos mesmo, nunca experimentaram um
amor generoso; são órfãos da vida, que vagueiam no deserto do
mundo, sempre com saudades do que lhes deveria ser um lar. Vivem sem
nenhum afeto e com amargura em seus corações!
O
Getsêmani e o Calvário Vos fazem recordar, Meu amável Jesus, a
angústia da solidão. Ó quão terrível é clamar e gritar e
constatar que o nosso brado se perde no silêncio! Chorar, sofrer,
implorar, amar... para apenas permanecer sozinho, sempre sozinho!
Ninguém conhece tal terrível desolação do que Vós, ó Jesus!
Então, das profundezas da alma que assim sofre, eleva-se algo da
terrível angústia que Vós, amado Salvador, sentistes na agonia
daquela Quinta-feira Santa: o cansaço, a repugnância, a fatiga de
viver! Diante disso, desfalece por completo o pobre coração humano!
São
órfãos que precisam de Vós, Senhor Jesus, nestes momentos de
suprema angústia: eles precisam do Vosso Agonizante Coração! Se
Vós não vierdes em seu socorro, suas almas desesperadas clamarão
pela morte! Mas Vós havereis de vir a eles como nós viemos a Vós
nesta noite, para compartilhar esta hora de agonia solitária,
convosco e com todos que um dia poderão vir a padecer da solidão e
abandono dos seus próprios irmãos,..
(Todos
em voz alta)
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se
Vós nos provais, permitindo que, algumas vezes, os nossos próprios
entes queridos se esqueçam de nós...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando
a idade e as enfermidades nos deixar isolados, quebrando os laços
familiares que acreditávamos ser imutáveis...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando
talvez algum dia a pobreza visitar a nossa casa - que é também
Vossa - e os amigos nos deixarem sozinhos e somente nos restarem a
confiança na Vossa Presença...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se
os acidentes ou contratempos nos atingirmos e estivermos abandonados
por aqueles que amamos..
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se
a injustiça humana, grande como é, nos flagelar, não nos
abandoneis Senhor Jesus...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se
mesmo aqueles que amamos muito, nos abandonar.. nesta hora de cruel
ingratidão, vinde, ó Jesus, porque Vós sois a nossa única
esperança...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se
aqueles que receberam o nosso carinho e sacrifícios, nos odiarem
algum dia, como Vós mesmo fostes odiado...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
A
calúnia dos Vossos inimigos cobriram Vosso divino rosto com
opróbrios; quando esta for lançada no nosso rosto e formos
humilhados, não nos abandoneis e vinde até nós, Jesus
vilipendiado...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
E
nas horas de mortal silêncio em que nos encontrarmos sozinhos,
submersos pelo esquecimento e pela indiferença cruel das
criaturas...
Dai-nos
a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
(Breve
pausa )
Voz
do Mestre
Nunca
mais, em vossas horas de solidão e de tomento, estareis longe do Meu
coração que vos ama. Sim, que vos ama infinitamente porque vós o
amais e sofreis por Ele. Se, quando Eu estava sozinho e esquecido,
fostes visitar-Me, se Me consolastes quando estava entristecido por
aqueles que se diziam Meus filhos, se tendes tantas vezes quebrado o
gelo da indiferença que cerca a minha prisão solitária, como Eu
poderia preferir, mesmo que fosse o coro dos anjos, ao apelo de
vossas almas que sofrem? Vossas almas precisam descansar em Meu
coração para encontrar consolo! Eis aqui este Coração,
infinitamente compassivo, para com os vossos sofrimentos: tomai-O,
Ele é vosso! Eu, e somente Eu, posso vos retribuir com generosidade
divina; não tenhais medo! Eu sei como curar as feridas mais
profundas. Vinde; não hesiteis; vinde! Só Eu sei até que ponto a
solidão e a ingratidão esmagam a alma. Vinde! Vinde chorar junto a
Mim e sereis consolados!
(Pausa
)
As
almas
Em
nossos altares, Vosso nome, Jesus, se eleva para alentar todas as
nossas adversidades; estais ali como Hóstia, Vítima Consagrada...
(Muito
lento e entrecortado )
Aqui,
nesta Hóstia, Vós sois ignorado e esquecido até mesmo pelos Vossos
filhos; habitastes entre nós há tantos séculos com o desejo de
continuar seguindo conosco em nossas vidas e ainda não Vos
compreendemos! Vós sois amado, mas como um hóspede à distância...
quase como um estranho no meio dos Vossos filhos. E, por isso,
lamentastes junto à Vossa serva Margarida Maria que a maior de
Vossas tristezas é não ser reconhecido pelos Vossos filhos em Vossa
própria Casa!
(Breve
pausa )
Nós
Vos agradecemos, amado Mestre, quando nos fazeis sentir o gosto
amargo do Vosso Cálice; nós Vos agradecemos... Nossos corações
são feridos cruelmente, ó Jesus, quando os nossos entes mais
queridos nos ferem e, às vezes, nos condenam, em Vosso Nome, por
zelo equivocado ou por motivos que julgam sinceros. Ah, é tão
humano julgar os outros! Vós, que tudo conheceis, permitis estas
coisas para que possamos colocar toda a nossa confiança em Vós. Vós
permitis isso para que possamos reparar também, por meio destes
reveses dolorosos, a falta de ternura pelo Vosso Sagrado Coração,
mesmo por nós, que somos consagrados à Vossa Glória. Nós Vos
agradecemos, então, por estas feridas abertas em nossas almas pela
Vossa divina e amorosa mão...
Nós
Vos agradecemos também por outra provação - a morte inevitável -
que há de vergar sem piedade a todos os mortais; fria e inexorável
morte, que nos rouba todos aqueles a quem Vós confiastes ao nosso
amor. Lembra-Vos da Vossa tristeza, Jesus, à medida em que
aproximavas da casa de Betânia, onde o Vosso amigo Lázaro não
habitava mais? Felizmente para nós, Jesus, a fonte dessas lágrimas
derramadas na morte do Vosso amigo de coração ainda não secou;
sim, os Vossos olhos ainda permanecem marejados pelas lágrimas do
Homem-Deus que quis amar com ternura, com todas as emoções e
fragilidades do nosso coração humano. Esse Jesus sois Vós, o mesmo
Jesus presente na Hóstia, a quem adoramos aqui, de joelhos. Olhai
para nós desde o Sacrário e olhai por aqueles que nos deixaram ao
longo do caminho e que eram como as fibras do nosso coração. Agora
eles se foram de nós e nos deixaram... que separação pode ser tão
dolorosa como a separação da morte?
Vós
chorastes sobre o túmulo de Lázaro embora soubésseis que haveríeis
de ressuscitá-lo em breve. Da mesma forma, apesar da fé viva com
que aceitamos as cruzes que Vós nos enviais, permitis que nossas
almas sejam esmagadas quando vemos nossos entes queridos partir, para
nunca mais voltar. Quando o nosso amor é profundo, essas feridas
podem ser cicatrizadas mas, como bem o sabeis, ó Jesus, nunca
poderão ser curadas completamente! Jesus, vinde preencher o lugar
vazio que a morte impiedosa faz abrir, por Vossa permissão, em
nossos corações e lares. Vinde dar alento e resignação aos que
ficamos, para que possamos rezar sobre o túmulo dos que partiram.
Vinde, Senhor, acalentai a nossa oração pelos nossos mortos tão
amados. Que a Vossa luz eterna brilhe sobre eles; que eles possam
descansar em paz... no Céu do Vosso Coração!
(Pausa
)
Antes de terminar esta Hora Santa, pedimos a Vós, Jesus, visitar os recessos mais íntimos das nossas almas, as profundezas do abismo de nossas dores e misérias! Só Vós as conheceis, só Vós! Como um raio de luz do Vosso olhar doce e profundo, penetrai em nossas almas pois, assim, não há de se quebrar o frágil cristal dos nossos pobres corações. Avançai às últimas profundidades do nosso coração, aos abismos onde se escondem as mágoas e as feridas mais secretas. Curai com as Vossas mãos estas feridas, desconhecidas para todos e que sangram sem parar. Ninguém as conhece, e é melhor que sejam secretas, pois ninguém, a não ser Vós, poderia compreendê-las...
É
por isso, Salvador adorável que, passando por certos sofrimentos
agudos nesta vida, não choramos, para que o mundo não veja as
nossas lágrimas, que não pode compreender. Que alívio podermos,
então, falar a Vós, falar livremente e somente a Vós que, na vida
sacramental, experimenta amarguras infinitas, sem que ninguém seja
capaz de realmente compreendê-las. Só Vós, Senhor, podeis saber
tudo, tudo... Lançai Vosso olhar às profundezas das nossas almas,
mas que seja um olhar de piedade. Foi no Getsêmani, sob violenta
tensão, que jorrou esta fonte de lágrimas, que não fluiu como uma
torrente, mas que se irrompeu como um suor de sangue.
(Lento
e entrecortado )
Ficar em silêncio quando se sente morrer no escondimento, em agonia interior... ficar então em silêncio é como morrer duas vezes. Esta tristeza é bem conhecida por Vós, Divino Sofredor do Monte das Oliveiras! As apreensões das mães, a inesperada separação das almas, os medos mais escuros, os temores dos pais... as angústias e decepções, as incertezas dos sacerdotes, as muitas dores que padecem tantas boas almas, mantendo intacta para Vós, ó Jesus-Hóstia, a virginal beleza de tantos sofrimentos, que fazem parte todos dessas dores misteriosas! A Hora Santa é a hora das confidências e das consolações... se abrimos nossas almas entristecidas para Vós, Jesus, é menos para reclamar do que para Vos oferecer os maiores tesouros de nossas mais secretas dores e aflições, e todas aquelas amarguras que não têm nomes próprios na linguagem do mundo. Aceitai-as, Senhor, pelas mãos da Rainha das Dores, para o triunfo do Vosso amor!
(Todos
em voz alta)
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Sim,
Jesus, santificai as contradições que suportamos dos bons e o
sofrimento causado a nós pela injustiça frequente dos homens...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai
as mortificações que nos imputam aqueles de quem menos as esperamos
e que nos causam profundas desilusões...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai,
Senhor, qual uma coroa de flores, a lembrança dos nossos falecidos e
abençoai-os porque nos deixaram apenas em resposta ao Vosso chamado
divino...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai
as lágrimas de resignação que temos derramado sobre os túmulos de
nossos entes queridos e lembrai-vos particularmente dos pequenos
órfãos e das famílias em luto...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Vinde,
querido Salvador, para compensar a perda dos filhos pródigos que
deixaram as suas casas; eles deixaram um lugar vazio que só Vós
podeis preencher...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Olhai,
Senhor, os espinhos escondidos em nossas almas e aceitai estes tantos
sofrimentos desconhecidos, que piedade humana alguma saberia
consolar...
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai
as apreensões das mães, o desvelo de tantos pais, os esforços
perseverantes e muitas vezes aparentemente estéreis de tantos
sacerdotes; vinde, Jesus, tomai sem reservas as nossas almas
entristecidas, porque elas são Vossas apenas..
Santificai
todas as nossas dores, Sagrado Coração!
(Pausa
)
Voz
do Mestre
Filhos
do Meu amor, quão doce e consoladora esta hora tem sido, esta hora
durante a qual vós tendes mostrado a Mim as mágoas profundas que
atormentam as vossas almas, enquanto eu vos deixo penetrar na ferida
aberta e ensanguentada do Meu Sagrado Coração. Ah! que semelhança
feliz de sofrimento! Como nos assemelhamos uns aos outros, quando
estamos de luto no mundo por padecer as amargas aflições da terra!
Eis com se vos depara o Getsêmani, assim como foi para Mim um
santuário de oração e da redenção perpétua! Amai-vos uns aos
outros, como irmãos em sofrimento; amai-vos uns aos outros, Meus
amigos, e que os nossos corações possam se encontrar na via
dolorosa; amai-vos uns aos outros, Meus filhos, no caminho da Cruz!
(Lento
e entrecortado)
Vinde
a Mim, todos os que sofrem na pobreza e na doença. Apressai-vos!
Trazei sob Meus Pés a carga de todas as vossas aflições: Vinde a
Mim ... e Eu vos darei o consolo das profundezas do Meu Sagrado
Coração que vos ama tanto!
Vinde
a Mim todos os que sofrem as contradições das criaturas, todos que
padecem a injustiça dos homens, todos os que experimentaram reveses
da fortuna e transtornos em vossas famílias: Vinde a Mim ... e Eu
vos darei refúgio no santuário do Meu Sagrado Coração que vos ama
tanto!
Vinde
a mim todos os que choram a ingratidão dos amigos, e, sim, às
vezes, até a ingratidão dos membros de sua própria família. Não
tardeis, porque esta dor oprime e congela a alma; vinde a Mim... e Eu
vos darei o calor das chamas do Meu Sagrado Coração que vos ama
tanto!
Vinde
a mim, vós que arrastais uma existência intolerável e maçante,
vós que viveis no tédio e no isolamento; vós, os esquecidos. Vinde
a Mim, vós que tendes sentido, desde o alvorecer da vida, o cansaço
do exílio, jogai-vos em Meus braços: Vinde a Mim... e Eu vos darei
o consolo do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!
Vinde
a mim, vós que sois desprezados e mal compreendidos até mesmo por
homens bons; vós, que sois acusados por causa dos esforços que
empreendem em favor da Minha Glória; vinde a Mim ... e Eu vos darei
o cálice refrescante do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!
Vinde
a mim, vós que estais de luto, que chorais a perda de um filho, de
uma mãe, de uma esposa, de um irmão; vinde sem demora ao meu
Sacrário, vós que padeceis em vossas casas das dores da morte e das
lágrimas: vinde a Mim ... e eu vos darei a paz inefável do Meu
Sagrado Coração que vos ama tanto!
Vinde
a Mim; levantai os vossos corações a Mim, pois o tempo é apenas
uma sombra que passa e o Céu é eterno; vinde, vós que tendes sede
de amor e de justiça; Eu sou o vosso Deus e é por vós que tenho
padecido os horrores da mais cruel agonia; erguei-vos e tomai, com
coragem, o Pão vivo, a Minha Eucaristia, para fortalecê-los na
luta: vinde a Mim... e Eu vos darei o Paraíso do Meu Sagrado Coração
que vos ama tanto!
(Pausa)
As
almas
Que
tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me destes, incluindo o tesouro
das minha lágrimas?
O
que eu sei que Vós não me ensinastes; acima de tudo, a ciência do
sofrimento por amor?
O
que posso fazer se Vós não estiveres ao meu lado; de que vale o meu
pranto sem a Vossa agonia na Cruz?
O
que eu sou, se eu não estiver unido a Vós nos sofrimentos do
Calvário?
Jesus,
por causa da Vossa Cruz e das minhas cruzes, perdoai as minhas faltas
com que Vos tenho ofendido tanto! Porque me criastes sem eu ter
merecido e, apesar da minha indiferença para com a vossa Paixão, me
redimistes sem a minha cooperação.
Muito
fizestes ao me criar, muito mais ainda em me redimir e não sereis
menos glorioso em perdoar-me; porque o sangue que derramastes e a
morte acerba que padecestes não foram pelos anjos que Vos adoram nas
alegrias celestes: foram por mim e por tantos outros pecadores como
eu, que gemem em expiação dos seus pecados.
Se
eu Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos na beleza da Vossa agonia na
Cruz; se eu Vos ofendi, deixai-me servir-Vos no sofrimento, para a
maior glória e triunfo do Vosso Sagrado Coração! Que venha a nós
o Vosso Reino!
ATO
DE CONSAGRAÇÃO
Divino
Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, dignai-vos unir o vosso
Precioso Sangue e os vossos sofrimentos às aflições destes filhos
do Vosso Coração; dignai-vos aceitar, abençoar, aliviar as nossas
cruzes! Obtende delas maior glória para Vós e para a redenção de
muitas almas pervertidas pelos prazeres do mundo. Chamai e amai com
especial ternura aqueles que ninguém ama; curai as feridas abertas
pela indiferença dos filhos ingratos e dos amigos desleais! Vós que
conheceis a fonte das nossas lágrimas, tornai-as menos amargas e
santificai-as pela virtude milagrosa da vossa Cruz.
Prisioneiro
divino do Sacrário, visitai, com um raio da vossa luz, os aflitos,
os amargurados pela vida, os seduzidos pelos prazeres ilusórios.
Confortai os abandonados, cuja beleza da alma é tantas vezes
desconhecida ou desprezada. Ensinai-nos a ciência de sofrer em paz e
com fé e concedei-nos o dom bendito e tão raro de saber consolar.
Dai aos nossos sofrimentos uma força divina, uma força irresistível
que impulsione o nosso coração ferido em direção ao abismo do
Vosso Sagrado Coração. Neste Paraíso, queremos viver e sofrer por
Vossa causa e pelo Vosso amor, arrancando dele os espinhos para
torná-los o diadema de nossa própria glória.
Sede
o Rei do mundo, Vós que sois o Deus-Homem das dores. Dominai
vitorioso sobre o mundo e curai as feridas abertas pela falta de
piedade e pela injustiça dos homens. Mestre amantíssimo, Jesus,
Divino Consolador de todas as lágrimas, vinde ter conosco quando
sofremos; apressai-vos, porque as nossas dores não tardam e
tornam-se insuportáveis quando choramos longe de Vós! Não afasteis
de nós, Jesus de Nazaré, os espinhos da via dolorosa e nem as
desolações do deserto, mas não nos recuseis nunca a Vossa presença
adorável, o Vosso divino olhar, as bênçãos de vossas mãos
ensanguentadas!
Não
vos pedimos que envieis um anjo para nos sustentar nas nossas horas
de agonia! Pedimos por Vós, Jesus, somente por Vós, porque nos
legastes o direito de compartilhar as Vossas lágrimas com as nossas
lágrimas. Dai-nos a paz em nossas tribulações, dai-nos força e,
se quiseres, dai-nos o consolo do Cálice do Vosso Coração
Agonizante! Pela Vossa Cruz e pelas nossas cruzes, que venha a nós o
Vosso Reino!
Um
Pai Nosso e uma Ave Maria pelos agonizantes e pelos pecadores.
Um
Pai Nosso e uma Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração,
especialmente pela Comunhão diária, a Hora Santa e a entronização
do Sagrado Coração nas famílias.
Um
Pai Nosso e uma Ave Maria pelas intenções particulares de todos os
presentes.
Um
Pai Nosso e uma Ave Maria pelo nosso país.
(5
vezes)
Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!
(3 vezes)
Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!
São
José, rogai por nós!
Santa
Margarida Maria, rogai por nós!
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FONTE:
blog Sendarium
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