«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – PARTE II


AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – PARTE II


(Em forma de catecismo, com perguntas e repostas)


II - Catálogo abreviado das promessas do Sagrado Coração



1) Quais são essas promessas?

Inefáveis são os frutos, que Nosso Senhor se dignou conceder à devoção de seu Coração divino.

É impossível expor completam ente tais maravilhas, e quase só temos que repetir esta palavra do Salvador à Samaritana: Si scires donum Dei!1 Ah! se conhecesses o dom de Deus!

Que juízo podemos fazer da fórmula tradicional das onze promessas do Sagrado Coração! Compreende elas todas as promessas?

A maior parte dos antigos manuais da devoção ao Coração de Jesus expõe em onze artigos várias promessas de Nosso Senhor feitas a todos aqueles que honrarem o seu Sagrado Coração.

Esta fórmula é sem duvida credora do maior respeito, quer pela sua antiguidade, quer pela sua universalidade. Quer nos parecer que é do tempo de Santa Margarida Maria. Talvez a própria serva de Deus a compusesse ou ao menos a inspirasse a alguma das suas contemporâneas. Por estas razões esta fórmula deve ser cuidadosamente conservada e propagada com verdadeiro zelo. Contudo está bem longe de conter todas as promessas do Sagrado Coração; mal se pode dizer que é um resumo delas. Parece, que o seu autor quis simplesmente fazer escolha das que podiam mais eficazmente atrair as almas ao amor deste divino Coração.

2) Qual é a fórmula tradicional?

I. Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado;

II. A paz reinará nas suas famílias;

III. Consolá-los-ei em todas as suas aflições;

IV. Serei o seu refúgio seguro na vida e sobretudo na hora da morte;

V. Derramarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas;

VI. Os pecadores acharão sempre no meu Coração a fonte e o oceano infinito da misericórdia;

VII. As almas tíbias, mudá-las-ei em fervorosas;

VIII. As fervorosas, elevá-las-ei em pouco tempo a um alto grau de perfeição;

IX. Abençoarei as habitações, em que se achar exposta e honrada a imagem do meu Sagrado Coração;

X. Darei aos sacerdotes o dom de abrandarem os corações mais endurecidos;

XI. As pessoas que propagarem esta devoção, terão os seus nomes escritos no meu Coração, de onde jamais serão riscados;

3) Quais são as principais promessas?

Sem ter a pretensão de dar uma lista completa das promessas do Sagrado Coração, tentaremos expôr as principais o mais claramente possível.

Promessas ligadas no culto da imagem do Sagrado Coração.

1. Abundantíssimas bênçãos serão concedidas às nações, que colocarem nos seus estandartes a imagem do Sagrado Coração;

2. O Sagrado Coração quer que a sua imagem seja exposta publicamente, para mover com ela os corações insensíveis dos homens;

3. Sendo o Coração de Jesus a fonte de todas as bênçãos, Ele as derramará abundantemente sobre as nações, onde esta imagem estiver publicamente exposta com o fim especial de atrair os corações dos homens a este amável Coração;

4. Esta imagem atrairá particularmente toda a espécie de bênçãos sobre as casas em que ela estiver exposta com grande honra;

5. Nosso Senhor derramará a suave unção da sua ardente caridade em todas as comunidades em que esta imagem for venerada com amor;

6. Desviará destas comunidades os golpes da justa cólera de Deus;

7. O Sagrado Coração concederá copiosamente todos os bens, de que está cheio, a todos os que de qualquer forma honrarem a sua imagem;

8. Imprimirá o seu amor e destruirá os movimentos desordenados nos corações daqueles que trouxerem esta imagem.

Promessas ligadas à consagração no Sagrado Coração.

9. A consagração é sumamente agradável ao Coração de Jesus;

10. E o terror do demônio e arma poderosíssima contra ele;

11. É o maior preservativo do pecado mortal;

12. Faz entrar as almas no caminho da perfeição;

13. Dá a paz aos indivíduos, às famílias e ás associações;

14. É a chave que nos abre o Coração de Jesus com todos os tesouros que Ele encerra;

15. A consagração sincera é um penhor de salvação;

16. Aqueles que se consagrarem ao Coração de Jesus, acharão nele refúgio durante a vida e em todas as necessidades, e um asilo seguro na hora da morte;

17. Se a consagração é total e praticada fielmente, dá a todas as ações um merecimento divino e terá no Céu uma grande recompensa.

Promessas em favor dos pecadores e das almas tíbias.

18. Nosso Senhor quer por meio da devoção ao seu divino Coração fazer ao mundo segunda e abundante aplicação dos efeitos da Redenção, como primitivamente o tinha feito por meio da devoção à cruz;

19. Nosso Senhor quer por meio desta devoção derramar copiosamente as suas misericórdias sobre os homens e tirar muitas almas do caminho da perdição, em que Satanás as precipita. Não há nada mais eficaz para converter as almas, ainda as mais endurecidas;

20. O Sagrado Coração é asilo seguro, aberto aos pecadores, que nele se quiserem refugiar, para assim evitarem a ira da justiça divina;

21. O Sagrado Coração derramará a suavidade do seu amor nos corações dos pecadores, que se consagrarem a Ele, para o amar, honrar e glorificar;

22. A devoção ao Sagrado Coração é remédio eficaz para curar a tibieza das almas tocadas de mal tão perigoso;

23. É remédio infalível para preservar dá tibieza as almas fervorosas.

Promessas em favor dos justos.

24. Esta devoção é o caminho mais curto, para chegar a mais alta perfeição;

25. Faz experimentar as verdadeiras alegrias do serviço de Jesus Cristo;

26. Faz-nos penetrar tanto mais intimamente no Sagrado Coração quanto maiores forem os testemunhos do nosso amor, e este amor grava nesse divino Coração o nome dos seus devotos servos;

27. Esta devoção auxilia eficazmente a praticar o grande mandamento da caridade, cuja pratica é bastante para santificar as almas;

28. O Sagrado Coração é o mesmo diretor, que conduz no caminho da perfeição as almas, que se entregam aos seus cuidados.

Promessas para o tempo de aflição.

29. O Sagrado Coração consolará os seus servos nas aflições, livrando-os delas ou ao menos suavizando-as. Não há nada tão triste e penoso, que Ele não possa tornar suave;

30. Será a sua força nas fraquezas;

31. Nele acharão o soberano remédio de todos os males e o refúgio certo em todas as necessidades;

32. Os doentes acharão nele asilo seguro;

33. O Sagrado Coração é media dor entre Deus e os homens nas calamidades públicas para a paziguar a cólera da divina justiça;

34. As orações comuns têm grande força sobre o Coração de Jesus para alcançar misericórdia.

Promessas relativas aos últimos momentos.

35. A grande promessa. – No excesso da sua misericórdia, o Sagrado Coração concederá a todos aqueles que comungarem em nove primeiras sextas-feiras do mês consecutivas a graça da penitência final: não morrerão no seu desagrado, nem sem receber os sacramentos; este divino Coração será para eles naquela hora derradeira asilo seguro;

36. Todos aqueles, que tiverem sido dedicados a este amável Coração, não perecerão eternamente; abraçando esta devoção, asseguram a salvação; o Sagrado Coração fá-los-á chegar ao porto de salvação a despeito de todas as tempestades;

37. É consolador morrer depois de ter tido constante devoção ao Coração d'Aquele que nos deve julgar;

38. São maravilhosas as recompensas de glória e alegria destinadas aos servos do Coração de Jesus no Céu;

39. Gozarão de grande valimento e as suas orações serão poderosíssimas diante do divino Coração.

Promessas feitas aos seculares e às suas famílias.

40. As pessoas seculares terão, mediante esta devoção, todos os socorros necessários ao seu estado;

41. Obterão a paz para as suas famílias. Nosso Senhor prometeu por este meio congraçar as famílias desunidas; porque um dos efeitos particulares desta devoção é unir os corações e pacificar as almas;

42. Ele as consolará nas suas misérias;

43. Conforta-los-á nos seus trabalhos. Prometeu proteger e auxiliar as famílias necessitadas, que a Ele recorressem com confiança;

44. As bênçãos do Céu serão derramadas sobre todas as suas empresas;

45. As pessoas seculares terão no seu Sagrado Coração um asilo durante a vida e principalmente na hora da morte.

Promessas feitas às comunidades, aos seminários e às escolas cristãs.

46. O Sagrado Coração derramará a suave unção do seu amor sobre todas as comunidades que se colocarem sob a sua particular e especial proteção;

47. Unirá todos os corações, para que sejam um só coração unido ao seu;

48. Dará a sua graça a estas comunidades, quando a tenham perdido;

49. Nosso Senhor tem um tesouro inexplicável de graças e de salvação para estas comunidades, pela grande consolação que lhe dá a honra que elas dão ao seu Sagrado Coração;

50. O Sagrado Coração dará aos superiores destas casas todas as graças necessárias, para se desempenharem bem dos deveres do seu cargo, contanto que confiem nele e que todo o seu desejo seja amá-lo e honrá-lo;

51. Conforta-los-á em todas as dificuldades do seu cargo.

Promessas especiais feitas aos apóstolos do Sagrado Coração.

52. Os seus nomes serão escritos no Coração de Jesus e jamais se apagarão da sua memória;

53. Ser-lhes-ão dados todos os tesouros divinos, tesouros tão grandes, que são incompreensíveis;

54. Alcançarão com a amizade e as bênçãos do Sagrado Coração a proteção da SS. Virgem e dos Santos, e em a particular a de Santa Margarida Maria;

55. Rapidamente se adiantarão na perfeição. O Sagrado Coração se dignará santificá-los;

56. Receberão a graça do puro amor;

57. Atrairão bênçãos especiais sobre a pátria e sobre as suas famílias;

58. Os obreiros apostólicos, que se penetrarem da devoção ao Sagrado Coração e a propagarem com zelo, terão o dom de comover os mais endurecidos corações e desviarão muitas almas da perdição;

59. Terão a inteligência da cruz e compreenderão o seu valor; além disso, no meio das suas provas tanto interiores como exteriores, receberão força e consolação;

60. O Sagrado Coração será o seu asilo na hora da morte contra as ciladas do demônio, para lhes assegurar a salvação e dar a graça de uma santa morte no divino amor;

61. O Sagrado Coração reserva para os seus apóstolos tesouros de delícias infinitas no céu; Ele mesmo será a sua recompensa;

62. Tendo confiado à [Congregação da] Visitação e à Companhia de Jesus a



_______Continua…


NOTA: Substituímos a designação da Vidente de “Bem-aventurada” por “Santa” Margarida Maria.




Receba o conteúdo deste blog gratuitamente. Cadastre seu e-mail abaixo.




________
1 S. João 10



FONTE: livro, em formato PDF: “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque”, por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmartre, Editor Manoel Pedro dos Santos, Lisboa/1907, Sexta Parte – As Promessas do Sagrado Coração, pp. 239-247 – Texto revisto e atualizado, sendo alguns destaques por nós acrescentados.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020


AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 

PARTE I

(Em forma de catecismo, com perguntas e repostas)




De que atrativos divinos se serviu Nosso Senhor para estabelecer a devoção ao seu Sagrado Coração?

Foi por meio de milagres, milagres exteriores e sensíveis, operados com generosidade divina nos primeiros séculos, quando a fé se estabeleceu no mundo. E também por meio de milagres de outra espécie, na maior parte espirituais, mais comparáveis, se não superiores, aos dos primeiros séculos, que o Coração de Jesus quer reanimar a vida cristã quase extinta e estabelecer o seu reinado universal.

As promessas que vamos expor, no-lo anunciam profeticamente. Ouçamos, admiremos, adoremos, e sobretudo amemos o Coração de Jesus, cuja munificência verdadeiramente real não pode explicar-se senão pelo amor infinito deste Coração para com os homens.

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS PROMESSAS

Antes de principiar a referir por menor os bens prometidos pelo Coração de Jesus aos seus particulares amigos, é necessário fazer algumas observações importantes:

1) Porque razão fez o Coração de Jesus promessas tão admiráveis?

Nosso Senhor Jesus Cristo, que deseja salvar outra vez o mundo por meio da devoção ao seu Sagrado Coração, como declarou a Santa Margarida Maria, prevendo os obstáculos sem conta, que esta devoção encontraria, e sabendo quanto o coração humano é dificilmente acessível a tudo o que não dá algum interesse, quer temporal, quer espiritual , dignou-se acrescentar aos seus pedidos as mais extraordinárias promessas em favor dos que exercitarem ou propagarem esta devoção. São as cadeias de Adão, os laços da caridade: de que fala o profeta Oséas, com que o nosso amável Salvador quer atrair e prender os homens ao seu divino Coração; In funiculis Adam traham e os in vinculis Charitatis (Oseas 11, 4).

2) Qual é a condição necessária para se obter o cumprimento dessas promessas?

Nosso Senhor não faz estas promessas senão aqueles que tiverem verdadeira e constante devoção ao seu divino Coração. A realização pois destas promessas será pela medida da devoção, e tanto mais certa e copiosa, quanto a condição posta por Nosso Senhor for mais perfeitamente cumprida. Limitar-se a alguns atos puramente exteriores, sem se dar ao trabalho de corresponder ao amor do Sagrado Coração e de praticar as virtudes que Ele pede, e querer alcançar por tão pouco as graças incomparáveis que vamos expor, seria perfeita ilusão. Quererá isto dizer, que as homenagens puramente exteriores serão destituídas de todo o valor para aquele que as presta ao Coração de Jesus? Não. Este divino Coração é misericordioso e o seu amor é forte. Pode vivificar esta devoção imperfeita, fazê-la crescer e produzir os preciosos frutos de salvação que nos destina. Não é Ele a fornalha daquele fogo devorador, que pode incendiar a lenha verde, por pouco que a aproximem daquela divina chama de caridade? Mais vale, portanto, fazer estes atos exteriores da devoção, do que não os fazer, mas isto não basta.

3) Qual é o fim principal do Sagrado Coração ao fazer estas promessas?

O Coração de Jesus, fazendo promessas tão maravilhosas, pretende unicamente mover-nos a «dar-lhe amor por amor», para que fortalecidos com este amor, pratiquemos com a mais sublime perfeição todas as virtudes cristãs, ainda as mais difíceis. Os bens que elas nos asseguram, sobretudo se se trata de bens temporais, não são portanto o fim que devemos procurar, são apenas o meio para o conseguirmos; este fim é o reinado da caridade nas almas e no mundo. Algumas pessoas imaginam que o fim da devoção ao Sagrado Coração é suavizar o caminho do Céu, afastar o que há nele de áspero e difícil à natureza, e até fazê-lo abundantíssimo de consolações. É ilusão perigosíssima de que não podemos acautelar-nos bastante. É precisamente por formarem ideia tão falsa que muitas vezes os fieis sentem vacilar a confiança que têm no Coração de Jesus, quando veem o mau êxito das empresas entregues à sua proteção, ou quando, apesar de todo o zelo em o honrar, em vez de consolações, sentem o peso de pezadas cruzes e dolorosas provações. A resposta à seguinte pergunta dissipará completamente tão funesta ilusão.

4) Qual é o caráter das promessas temporais feitas pelo Sagrado Coração?

As graças temporais e as consolações sensíveis prometidas pelo Sagrado Coração são necessariamente condicionais. É evidente que Nosso Senhor não as quer conceder, senão quando nos possam ajudar no progresso do seu amor, e que não as dará ou tirará daquele a quem possam fazer estacionar ou afrouxar no aperfeiçoamento deste amor. Estas graças são principalmente prometidas às famílias e às associações, que como corpos coletivos não podem receber recompensas depois desta vida.

«Não me parece, diz Santa Margarida Maria1, que as graças e bênçãos, que o Coração de Jesus promete, consistam na abundância dos bens temporais: porque estes fazem-nos pobres da sua graça e do seu amor, com que Ele quer enriquecer as nossas almas. Ele mostrou-me que, muitos nomes estão escritos no seu Coração por causa do desejo que tiveram de o fazer honrar, e que por isso não permitirá que jamais dali sejam apagados. Mas não diz que os seus amigos não terão nada que sofrer; porque deseja que as nossas maiores delícias sejam saborearem as suas amarguras.»

E a serva de Deus foi a primeira a sentir o que ela diz a todos os servos do Coração de Jesus. Foram na verdade inauditas as provações que sofreu! Propondo-a por modelo a todas as almas sinceramente dedicadas ao seu divino Coração, Nosso Senhor diz a cada uma as palavras que disse um dia à sua serva: «quero ensinar-te, quanto te convém sofrer por meu amor.» Vós todos os que desejais chegar ao verdadeiro e perfeito amor do Coração e Jesus não conteis somente com gozar as doçuras deste amor, mas esperem as amarguras da cruz!

Sem dúvida, de tempos em tempos este Coração misericordioso e tão bom vos dará algumas daquelas consolações divinas que excedem todo o sentimento e que vos farão compreender que Ele está satisfeito: Dicite justo quoniam bene! Mas nesta miserável vida estas consolações sensíveis serão como raios luminosos atravessando um céu carregado e sombrio em dia de tempestade, que rapidamente desaparecem. Basta-nos saber que por trás das nuvens da provação está o sol divino, cuja vista nos alegrará por toda a eternidade. Renunciemos neste mundo às consolações sensíveis do Coração de Jesus, e contentemo-nos com O possuir só a Ele e ao seu amor. «O doador vale mais que todos os dons, diz a Santa, tudo o mais é nada, e muitas vezes não faz senão impedir a pureza do amor e separar a alma do seu maior Bem, que deseja ser amado sem mistura e sem interesse.»

5) Qual é a extensão das promessas feitas pelo Sagrado Coração?

«Amor, glória e louvor sejam dados por todo o sempre ao Coração amoroso2, amantíssimo e amabilíssimo do nosso adorável Salvador, por todo o bem que Ele produzirá e operará nas almas por meio do estabelecimento do reinado do seu puro amor nos corações de boa vontade! Exclama Santa Margarida Maria. Não poder eu dizer tudo quanto sei desta amável devoção ao Sagrado Coração de Jesus! Não poder eu patentear a toda a terra os tesouros de graças, que Jesus Cristo encerra no seu Coração adorável e deseja derramar copiosamente sobre todos aqueles que tiverem esta devoção! Estes tesouros são infinitos».

«Ele mostrou-me esta devoção como o ultimo esforço do seu amor aos homens: é a ultima invenção deste amor, de que nós podemos aproveitar tanto quanto quisermos. Desgraçados daqueles que não o fizerem ou que o não quiserem fazer! Mal podeis compreender as bênçãos que traz esta devoção! Nada ha mais salutar nem mais santo ! Por isso este Coração divino tem uma sede ardentíssima de ser conhecido, amado e honrado dos homens por meio de homenagens e honras particulares, para assim poder conceder-lhes abundantemente as suas misericórdias e a suas graças santificantes e salutares.»

Algumas semanas antes de deixar este mundo, a 21 de agosto de 1690, Santa Margarida Maria, mandava ao Pe. Croiset este brado de combate e de confiança: «Espero, que esta empresa será para a maior glória do nosso soberano Senhor e confundirá o inimigo que está desesperado, vendo que não pode impedir esta amável devoção; e suplico-vos que vos entregueis a ela segundo as forças e os meios que Nosso Senhor vos der. Não deixeis de a inspirar a todas as pessoas, eu vo-lo peço.»

É certo que pessoa alguma deixará de sentir os auxílios do Céu, se tiver para com Nosso Senhor Jesus Cristo aquele amor de reconhecimento, que por meio da devoção ao seu Sagrado Cotação lhe podemos testemunhar.


_______Continua…




NOTA: Substituímos a designação da Vidente de “Bem-aventurada” por “Santa” Margarida Maria.





Receba o conteúdo deste blog gratuitamente. Cadastre seu e-mail abaixo.





_______________
1Cartas 34, 44 – Cartas ao P. Croiset. - Carta 12.

2 Cartas 97, 106, 132 - Cartas ao P. Croiset.



FONTE: livro, em formato PDF: “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque”, por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmartre, Editor Manoel Pedro dos Santos, Lisboa/1907, Sexta Parte – As Promessas do Sagrado Coração, pp. 233 a 239 – Texto revisto e atualizado, sendo alguns destaques por nós acrescentados.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020


PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE FEVEREIRO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



O Coração de Jesus é um Coração infinitamente amável.

«Minha filha, anuncia e manda publicar que derramarei com abundância minhas graças sobre todos os que as vierem buscar em meu Coração.» (Palavras de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria)

1. - O Coração de Jesus é amável pela Sua excelência, porque é um coração vivíssimo, impassível, unido ao corpo glorioso de Jesus Cristo, e animado pela alma santíssima do mesmo Senhor; é um coração sumamente sensível a todos os puríssimos e ardentíssimos afetos do Verbo humanado para com Deus e para com os homens; é um coração unido hipostaticamente ao mesmo Verbo Divino que lhe deifica seus nobres sentimentos movimentos; é um coração de infinita dignidade por esta inefável união; um coração de incompreensível excelência, porque é o Coração de Deus pela sua união com a pessoa do Verbo que n'Ele derrama a plenitude do dons e das graças, e nele se compraz, porque o acha conforme e obediente a todos seus acenos. E quem há que possa conceber a atividade, a santidade e perfeição das operações deste Divino Coração?

2. - O Coração de Jesus é amável pelo que representa. Ele é o simbolo do amor de Jesus Cristo, Deus e Homem. Ele, por conseguinte, nos representa aquele amor incriado, eterno, constante, infinito e incompreensível com que o Verbo Divino nos ama desde toda eternidade, e por nós se humilhou até chegar a se vestir da nossa carne; e depois de feito homem, tem continuado e sempre continua a nos amar, a nós pecadores, ingratos e rebeldes. Este Coração é a imagem do amor ardentíssimo da alma de Jesus para com os homens, amor que o levou a sofrer morte penosíssima para nos abrir o Paraíso, e a deixar-se aqui na terra para nosso alimento espiritual e conforto de nossa vida; amor que continuamente em todas as nossas necessidades o constitui nosso advogado e intercessor ante seu Divino Pai.

3. - Como é possível, pois, não se amar a um Coração tão amável, o mais amável, o único digno de ser amado entre todos os corações, o qual quis perder a sua vida temporal para nos dar a eterna? Se amamos uma criatura porque tem um coração reto, virtuoso, dócil, terno, condescendente, qual é o motivo porque não amamos a Jesus que encerra no seu peito um Coração Divino, dotado de todas as perfeições e virtudes, o qual nos ama mais que todos os santos e Serafins e que todos os pais, parentes e amigos juntos?

Ah! não o amamos, porque o não conhecemos, e não o conhecemos porque tememos que, depois de achá-lo e conhecê-lo, não nos deixe mais amar nenhuma coisa desta terra, faça-nos esquecer daquelas criaturas que amamos em seu lugar e a despeito d'Ele. Ó Coração divino! Que cegueira a nossa! Que ingratidão temos praticado! Que desprezo temos feito de Vós, que não Vos fartais de nos amar, sendo como somos miseráveis criaturas, e sem que tenhais necessidade alguma de nós!

ORAÇÃO: Ó Diviníssimo Coração de Jesus, ó doce abrigo da minha alma, a Vós me acolho fugindo dos tumultos do mundo e das paixões. Que doce silêncio não acho eu no vosso Coração, porto de salvamento, asilo de paz, fonte de delícias e de luz? Ah! Porque tão tarde Vos conheci! Porque mais cedo não Vos amei? Se eu tivesse sabido que Vós éreis um Coração tão amável, Coração do meu Pai, do meu Deus, do Esposo da minha alma, não Vos teria ferido; nem teria perdido a paz, nem arruinado a mim mesmo; nem teria vivido entre as serpentes e as feras nos bosques, mas qual pomba inocente teria buscado meu descanso neste asilo de segurança e de gozo. Mas finalmente achei-Vos, ó Coração amoroso, sempre aberto até aos pecadores que sinceramente vos procuram. Não permitais que nunca mais eu saia desta morada divina; porque fora dela armam ciladas à minha vida e maquinam-me a morte meus inimigos, que estão esperando que eu abandone este refúgio de salvação e de vida. Ah! quero antes arder e morrer neste mar de chamas, do que deixar de Vos amar ó Coração infinitamente amável do meu Jesus. Assim seja.




Receba o conteúdo deste blog gratuitamente. Cadastre seu e-mail abaixo.




FONTE: opúsculo, em formato PDF, Viva Jesus Manual ou Tesouro da Arquiconfraria da Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus e da Arquiconfraria das Almas do Purgatório, Ratisbona-Typografia de Frederico Pustet - Impressor da Santa Sé, 5ª edição/1896, Meditação para o 1º dia da Novena em Honra do Sagrado Coração de Jesus, pp. 61-64 – Texto revisto, atualizado e alguns destaques acrescentados.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020


HORA SANTA DO MÊS DE FEVEREIRO(Pe. Mateo Crawley-Boevey)



Ditosa solidão do Sacrário...! Como descansa a alma assim, entre as sombras do santuário, aos pés de Jesus Cristo, que é a Luz! Deixemos, sequer por um momento, o mundo de vaidades e falsidades, e aproximemo-nos ao Paraíso do Coração Sagrado de Jesus... Ele está aqui e nos chama... Roguemos-Lhe confiantemente que feche os olhos a todas as nossas culpas e que nos abra, nesta Hora Santa, a chaga de seu peito, na qual salva os pecadores, donde santifica os bons e na que adoça as amarguras da vida e os horrores da morte...
(Pausa)

(Pedi-Lhe que aceite esta Hora Santa como a prece de todos os nossos lares).

(Lento)

O céu interrompeu seu cântico de glória, os anjos se estremeceram de emoção ao ver chorar Jesus Cristo por amor do homem!... Nesta Hóstia, guardou Maria este lamento, para nós, os amigos, os fiéis que agora Lhe adoramos... Oh! Se cada lágrima de Jesus houvesse sido vencedora de uma alma... Se cada gemido Seu houvesse conquistado para sempre uma família! Todavia, é tempo para dar-Lhe a posse desta terra ingrata, que Ele veio redimir... A Hora Santa apressará Seu triunfo.

(Façamos, pois, violência ao Coração abandonado do Mestre, para que apresse seu reinado no vencimento decisivo de seu amor... Falemos-Lhe sem mais demora com toda a alma)

Jesus amado, atraídos a Vós por Vossos clamores, compadecidos por Vossa solidão e sedentos da vinda do Vosso Reino, ei-nos aqui, oh!, Divino agonizante do Getsêmani!, tristes com Vossa mortal tristeza, esquecidos deste mundo que Vos esquece, aqui nos tem, pobres de fé, enfermos de espírito, irrequietos da vida, decepcionados da terra, doentes e caídos... aqui nos tem reclamando nossa parte de agonia e de dor na dor e na agonia de Vosso doce Coração!...

Abre-nos nesta Hora Santa Vossa ferida preciosíssima, a fim de Vos dar-Vos nela uma esperança e um consolo que Vos aliviem... Ah! E amanhã, com Vossa graça, Vos daremos uma glória imensa, no triunfo social de Vosso Sagrado Coração... Apressai-Vos, Senhor, e reinai, em lembrança de Vossa agonia crudelíssima do Horto!...”.

(Meditemos a solidão e as angústias do Getsemani e do Sacrário)

Almas piedosas, penetremos em espírito naquele jardim tão cheio de pérfidas sombras para Jesus Cristo. Ah!, que firmeza de fé tão consoladora nos alenta e nos alumia. Aquele que está na Hóstia, mudo, silencioso, mas sempre agonizante e redentor, é o mesmo Nazareno que desfaleceu entre as oliveiras, ao peso de angústias infinitas... Surpreendamo-Lo, quereis?, surpreendamo-lO em Sua agonia eucarística, pois temos mais direito que os anjos. Vede-O, está moribundo e, oh dor!, está sempre sozinho... Seus inimigos fazem um complô... Os indiferentes têm preocupações da terra e não têm nem amor nem tempo para o pobre Jesus Cristo... Os amigos, os apóstolos de predileção, com exceção raríssima, estão fadigados do combate e muitos dormem, enquanto o Mestre aguarda desamparado e triste, a morte e a traição. Não vós, crentes, que estais nesta hora compartilhando a amargura de sua solidão... Adoce-a com um cântico, cuja suavidade Lhe faça esquecer a ingratidão do homem.

(Façamos uma solene ação de graças e, todos de joelhos, bendigamos ao Senhor pela inesgotável grandeza de Seu amor)


(Lento e cortado)

AS ALMAS

Por haver-nos prevenido com o dom gratuito e preciosissímo da fé.

(Todos em voz alta)

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelo tesouro da graça e pela virtude da esperança naquele céu que é o término das dores desta vida.

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pela arca salvadora de vossa Igreja, perseguida e sempre vencedora.

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pela piedade incompreensível com que perdoais toda culpa, nos sacramentos do Batismo e da santa Confissão.

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelas ternuras que esbanjais as almas doloridas que, sofrendo, vos bendizem em Suas penas e na Cruz.

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelos prodígios santos de Vossa caridade, na conversão maravilhosa dos mais empedernidos pecadores...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelos bens da paz ou da prova, da enfermidade ou da saúde, da fortuna ou da pobreza, com que sabeis resgatar a tantas almas...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelos singulares benefícios a tantos ingratos, infelizes, que abusam de situação, de dinheiro e de talentos, que somente a Vós, Jesus, Vos devem...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Pelo obséquio que nos fizeste ao nos confiar à honra e à custódia de Vossa Mãe, o Coração de Maria Imaculada...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

Por vossa Eucaristia sacrossanta, por este cativeiro e por Vossa companhia deliciosa, prometida até a consumação dos tempos...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

E enfim, por aquele inesperado Paraíso, que quisestes nos revelar na pessoa de Vossa serva Margarida... pelo dom maravilhoso, incompreensível, de Vosso Sagrado Coração...

Graças infinitas ao Vosso amável Coração.

(Meditemos na prisão de Jesus Cristo na Quinta-Feira Santa, continuada na Santa Eucaristia)

Havíeis pensado alguma vez nesta frase, insondável no mistério de caridade que até assusta: “Jesus cativo, Jesus encarcerado por amor no Sacrário”? Olhai-O através dessa grade; atrás daqueles muros do tabernáculo, está Jesus Cristo prisioneiro, conquistado por Seu próprio Coração... Assim, há vinte séculos, na Quinta-Feira Santa, pela noite, se deixou conduzir de mãos atadas, do Horto da agonia à prisão em que Lhe ousou colocar o iníquo juiz... E essa noite vergonhosa, horrenda na solidão e desamparo do Mestre, e longe de todos os que Ele amava, se prolonga em todos os Sacrários da Terra...

A blasfêmia, a negação, a indiferença, a impureza, a soberba, o sacrilégio... todo esse clamor deicida, toda essa torrente de lama e de ignomínia, tem o triste privilégio de subir até seu rosto e profaná-lo com o beijo do traidor... E Jesus Cristo não se vai!... É o Cativo do amor! Está aí, envolto no ultraje humano...; está aí, sentado no banco dos réus... tem um grande delito: ter amado, com paixão de Deus, ao homem!... Vede-O, assim este Lhe paga... com esquecimento e solidão!...

AS ALMAS

Oh, amabilíssimo Cativo!, encarcerai também estas almas, que querem compartilhar a solidão de Vossa prisão... Vos pedem que seu cativeiro, como o Vosso, seja eterno... e Vos suplicam para isso que lhes dê por cárcere, na vida e na morte, o abismo insondável de Vosso peito ferido. Sim, lançai-nos nele a todos, como reféns pelos grandes pecadores, por aqueles que renegam Vosso altar e blasfemam contra Vossa Cruz!... Queremos que se salvem para Vós, e pela glória de Vosso nome... Redimi-os, Jesus Sacramentado, cabalmente a estes, os carrascos deste Gólgota, em que viveis perdoando suas ofensas!... Divino Salvador das almas, coberto de perturbação, me prostro em vossa presença, e dirigindo minha vista ao solitário tabernáculo, sinto oprimido o coração, ao ver o esquecimento em que tanto vos têm relegado os redimidos... Porém, já que com tanta condescendência, permitis que, nesta Hora Santa, una minhas lágrimas às que verteu Vosso humilde Coração, Vos rogo, Jesus, por aqueles que não rogam, Vos bendigo por aqueles que Vos maldizem e com todo o ardor de minha alma, Vos louvo e adoro, com esta grande súplica, em todos os Sacrários da terra. Aceitai, Senhor, o grito de expiação que um sincero pesar arranca de nossas almas afligida: elas Vos pedem piedade.

Por meus pecados, pelo dos meus pais, irmãos e amigos.

(Todos em voz alta)

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelas infidelidades e os sacrilégios.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelas blasfêmias e profanações dos dias santos...

Piedade, oh, Divino Coração!

Pela libertinagem e os escândalos públicos.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelos corruptores da infância e da juventude.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pela desobediência sistemática à Santa Igreja.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelos crimes nas famílias, pelas faltas de pais e filhos.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelos atentados cometidos contra o Romano Pontífice.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelos transtornadores da ordem pública, social, cristã.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pelo abuso dos Sacramentos e o ultraje a Vosso Santo Tabernáculo.

Piedade, oh, Divino Coração!

Pela covardia dos ataques da imprensa, pelas maquinações de seitas tenebrosas.

Piedade, oh, Divino Coração!

E por fim, Jesus, pelos bons que vacilam, pelos pecadores que resistem à graça...

Piedade, oh, Divino Coração!

(Pausa)

(Meditemos na condenação de Jesus, e em Sua ignomínia ao ser tratado como louco: mistérios de caridade e de dor que se perpetuam no Sacramento do Altar).


Calemos um breve instante, e se faz silêncio no fundo desse pobre tabernáculo... ai! O mundo, entretanto, segue e seguirá condenando em seu clamor de culpa ao Prisioneiro do Altar..., e se consente e libertá-lO, é somente para exibi-lO como louco, para levá-lO depois ao deserto do esquecimento humano... e daí a morte injuriosa de uma Cruz... Porém, ouvi ao mesmo Jesus, exposto aí onde o veis, como quando Lhe apresentou Pilatos ao povo enfurecido: o Homem-Deus quer queixar-se docemente a vós, seus amigos. Escutai-O, crentes fervorosos, como Lhe ouviu São João, no pulsar angustioso de seu Coração despedaçado.

Falai-nos Vós, Mestre!”

(Lento e cortado)

JESUS

Alma tão querida, olhai minha frente, marcada com a sentença de morte, fulminada por uma de Minhas próprias criaturas... Meu amor é infinito..., o vosso tem sido pobre..., a sentença Me deste também vós. Olhai Minhas mãos atadas por aqueles que pedem vergonhosa liberdade... Não tendes vós, às vezes, vossas horas de licença e pecado? Minhas cadeias, as forjastes também vós... Olhai-Me, coberto com manto branco de insensato; tenho amado tanto, que o mundo me condena como louco... o fui de amor no Meu Calvário; o sou na Hóstia do altar... não vos envergastes nunca da loucura redentora de Jesus? Não Me tem ferido com respeito humano também vós? Olhai-Me desprezado, porque quis dar a paz ao mundo... Olhai-Me desamparado... Sou vergonha dos sábios, sou refugo dos grandes, sou risada dos povos... sou o réu dos governantes..., porém, para todos, quando choram seu pecado, para todos sou Jesus!... Dizei-Me: e vós não tendes sido infiel, ou não Me tendes ferido nunca?... Não Me tendes abandonado em Minha Paixão?... Respondei-Me; eu quero dar-vos, nesta Hora Santa, o ósculo da paz, e de perdão... Respondei-Me!

(Breve pausa)

AS ALMAS

Que tenho eu, oh, Divino prisioneiro!, que Vós não me haveis dado?
Que sou eu, se não estou a Vosso lado?
Que mereço eu, se a Vós não estou unido?
Perdoai-me os erros que contra Vós tenho cometido!
Pois me criastes sem que o merecesse;
E me redimistes sem que Vos pedisse;
Muito me fizestes em me criar;
Muito em me redimir;
E não serieis menos poderoso em me perdoar...
Pois o muito sangue que derramastes,
E a morte atroz que padecestes,
Não foi pelos anjos que vos louvam,
Senão por mim e demais pecadores que Vos ofendem...
Se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos;
Se Vos tenho injuriado, deixai-me louvar-Vos;
Se Vos tenho ofendido, deixai-me servir-Vos;
Porque é mais morte que vida,
A que não está empregada em Vosso santo serviço...

(Pausa)

(Consideremos a solidão da Sexta-Feira Santa, prolongada em todos os Sacrários)

Que sombrio devia ser no Calvário, e também no Sepulcro, o anoitecer da Sexta-Feira Santa! Lá, na montanha, no Gólgota, as manchas de um sangue divino pisoteado com furor... Mais abaixo, na cova da tumba, a inércia, o silêncio e o frio da dureza e da morte... Aí tendes nesse altar o Gólgota; aí tendes a tumba no Sacrário! Contemplai e dizei se não é verdade que Jesus Cristo segue sendo a vítima do homem. Lá fora, ruge a tempestade da negação e a blasfêmia. Estamos agora reparando esse ultraje, num momento de oração...; mas dentro de um instante, terminada à Hora Santa, fechadas as portas deste templo, ficará Jesus sozinho com Seus anjos, naquele sepulcro e esperando que a alvorada Lhe traga o eco dum clamor humano... Ah, e se soubéssemos a vida de recordação, de súplica permanente por nós, a vida de perpétua imolação do Coração de Jesus Cristo nessa Hóstia!... Que Ele mesmo nos diga:

(Cortado)

JESUS

Meus filhos: estou angustiado... estou ferido, venho chorando uma imensa desventura... de longe chego com o Coração atravessado, aqui Me tendes lançado ao leito da agonia como um desgraçado moribundo!... Tem me rechaçado porque diz que é justo e que não necessita de Mim... diz que morre tranquilo, sem deixar que Eu lhe abrace e lhe perdoe...; tem expirado sem olhar Minha Cruz, sem bendizer Minhas chagas...; já morreu sem aceitar-me... E lhe havia amado tanto!... Havia lhe redimido com Meu sangue, e não teve para Mim, nem o último suspiro, nem sua última olhada! Vós, que me amais, consolai-Me dessa ferida... adoçai-a, orando com fervor pelos pobres moribundos!...

(Pedi pelos agonizantes)

Aproximai-vos... Deixai-me sentir o calor do afeto de vossas almas fidelíssimas... Tenho aguardado, em vão, que um lar me dê à hospedagem que se dá ao último e ao mais pobre peregrino... Tenho chamado... ofereci-lhes Minha paz... necessitavam-na tanto!... E aqui me tendes...; Chego com a amargura do rechaço..., entretanto, quanto sofre essa família desgraçada!... não há felicidade nela... não há consolo, nem resignação... nem amor.

(Breve pausa)

Dai-Me vosso amor, prestai-me o fervor de vossas orações, oferecei-Me o holocausto de vossos sacrifícios, para vencer a tantos obstinados, que lutam contra a ternura de Meu Coração, que os persegue sem descanso. Contai os espinhos de Minha coroa: eles poderão enunciar os consolos e as flores de carinho, rechaçados pelas almas queridas de vosso próprio lar..., por tantos seres mui amados de vossos corações e do Meu. Oremos juntos para que vença neles a paciência e a misericórdia de meu Coração, que os espera aqui, na Santa Eucaristia! Tenho sede de ver-Me rodeado nessa Hóstia pelos pródigos vencidos, pelas ovelhas recuperadas, pelos filhos convertidos pela doçura da censura, por minhas lágrimas, pelas graças especiais concedidas nas primeiras Sextas-Feiras e aqui, na Hora Santa.

Que aguardais? Pedi, oh sim, pedi com fé! Pois este vosso Deus quer vingar seu cativeiro, fazendo a felicidade do mundo... Clamai à ferida de meu peito, e se abrirá de par em par meu Coração... Pedi, pois, Quero ser Jesus!... cumprindo convosco Minhas promessas!

(Pausa)

AS ALMAS

Oh, bom Jesus, escondido em Vossas dores..., confundido por Vossa solidão e Vossas tristezas, tenho esquecido meus pedidos e as necessidades de minha alma pobrezinha!... Adivinhai Vós as fraquezas de Vosso servo, e curai suas feridas mais secretas... Meu lar também espera nesta Hora Santa a bênção de Vosso Coração agonizante; não suprimi nele, se assim é Vossa vontade, não esgotais o manancial de lágrimas de minha família atribulada: mas aproximai-Vos aos meus e ensinai-lhes a padecer amando, tendo os olhos em Vossos olhos celestiais, e protegidas suas almas combatidas em Vossa alma divinamente angustiada! Que minha casa seja Nazaré e Betânia de Vosso Coração, Senhor Jesus!

E olhai, amabilíssimo Mestre; abençoai também desde a Hóstia as pessoas de nosso lar que nos foram roubadas pela morte; lembrai-Vos de nossos mortos, e dai-lhes já o descanso eterno do vosso céu... Temos padecido com essas ausências dilaceradoras, mas, ao ver-Vos agonizar também a Vós por nosso amor, dizemos, conformados: “Faça-se Vossa vontade!”. Não Vos esqueça deles, oh!, e lembrai-Vos também, ó bom Nazareno, daqueles que no mundo vivem eternamente órfãos... dos esquecidos pelos homens no banquete da vida..., de tantos que a terra menospreza em sua soberba, e que padecem fome de amor e de justiça. Vós sabeis como fere aquele desdém dos irmãos... Rogo-Vos, pois, que vos apiedais deles, em Vossa grande misericórdia!


(Pausa)

Teria que pedir-Vos muito mais em minha indigência, mas tudo isso o remediarás Vós, que velas pelas flores e as avezinhas do Santuário... Quero que os últimos momentos desta Hora Santa expirem no esquecimento de mim mesmo, e Vos leveis somente minhas ânsias incontáveis, minha aspiração apaixonada por Vosso triunfo no Reinado de Vosso amante Coração. Sim, para todos estes aqui que Vos amam, Vossos interesses são os nossos..., queremos, todos, Vosso Reinado. Pedimos, pois, Senhor, que cumprais conosco as promessas que fizestes a Vossa confidente Margarida Maria, em benefício das almas que vos adoram na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível de vosso Sagrado Coração!... Por isso vos gememos com vossa Santa Igreja, Vos suplicamos pela Virgem Mãe, Vos exigimos pela honra inviolável de Vosso nome, que estabeleçais já, que apresse o Reinado de Vosso amante Coração!

(Todos)

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

1ª. Prontamente, Jesus, sim, reinai agora, antes que Satanás e o mundo Vos roubem as almas e profanem em Vossa ausência todos os estados de vida.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

2ª. Apressai-Vos, Jesus, e triunfai no lares, reinai neles pela paz inalterável, prometida às famílias que Vos têm recebido com hosanas.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

3ª. Não demoreis, Mestre mui amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras, que somente Vós prometestes remediar.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

4ª. Vinde, porque sois forte, Vós, o Deus das batalhas da vida, vinde nos mostrando Vosso peito ferido, como esperança celestial na agonia da morte.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

5ª. Sede Vós o êxito prometido em nossos trabalhos, somente Vós a inspiração e recompensa em todas as obras...

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

6ª. E Vossos prediletos, isto é, os pecadores, não esqueçais que para eles, sobretudo, revelastes a ternura incansável de Vosso amor...

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

7ª. Ah, são tantos os tíbios, Mestre, tantos os indiferentes a quem deveis inflamar com esta admirável devoção!

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

8ª. Aqui está a vida, nos dissestes, nos mostrando Vosso peito atravessado... Permiti, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade a que aspiramos.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

9ª. Vossa imagem, a pedido Vosso, tem sido entronizada em muitas casas; em nome delas Vos pedimos que seguísseis sendo, em todas, o Soberano e o Amigo mui amado.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

10ª. Ponde palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam como São João, Vosso apóstolo amado.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

11ª. E aos que ensinam esta devoção sublime, a quantos publiquem suas inefáveis maravilhas, reservai-lhes, Jesus, uma fibra de Vosso Coração semelhante àquela em quem tende gravado o nome de Vossa Mãe.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

12ª. E, por fim, Senhor Jesus, dai-nos o céu de Vosso Coração a nós que temos compartilhado Vossa agonia na Hora Santa, por essa hora de consolo e pela Comunhão das primeiras Sextas-Feiras, cumpri conosco Vossa promessa infalível... Vo-lo pedimos na agonia decisiva da morte.

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração...

(Pausa)

Devemos nos separar, Jesus, pois vai terminar a hora mil vezes doce e santa em vossa inefável companhia... Oh, vinde oculto em minha alma, ao ninho do lar, onde sereis Esposo, Pai, Irmão, Amigo, o Rei da família... vinde! E ao nos despedir, deixo aqui ante Vosso Coração Sacramentado, o meu ser inteiro, no clamor de uma última prece; a escutai, Jesus benigno!

(Cortado)

Quando os anjos de Vosso Santuário vos bendizer na Hóstia sacrossanta... e eu me encontre na agonia... Seus louvores são os meus, lembrai-Vos do pobre servo de Vosso Divino Coração. Quando as almas justas da terra Vos aclamem incendiadas no amor... e eu me encontre na agonia... Suas dores e Suas lágrimas são as minhas... Lembrai-Vos do pródigo vencido por Vosso Divino Coração. Quando os sacerdotes, as virgens do templo e os Vossos apóstolos, Vos aclamem soberano, Vos preguem às almas e Vos entronizem nos povos..., e eu me encontre na agonia... seus céus e seus ardores são os meus. Lembrai-Vos do apóstolo de Vosso Divino Coração. Quando vossa Igreja ore e geme ante o altar, para resgatar conVosco o mundo, e eu me encontre na agonia... seu sacrifício e sua prece são as minhas..., Lembrai-Vos do fiel amigo de Vosso Divino Coração. Quando na Hora Santa, Vossas almas presenteadas, amando, sofrendo e reparando, Vos façam esquecer perfídias e traições... e eu me encontre na agonia..., seus colóquios contigo e seus consolos são os meus. Lembrai-Vos deste altar e desta vítima de Vosso Divino Coração. Quando Vossa divina Mãe Vos adorar na Sagrada Eucaristia e reparar ali os crimes sem conta da terra... e eu me encontre na agonia..., suas adorações são as minhas..., Lembrai-Vos do filho de vosso Divino Coração. Mas, não, Senhor!, me esqueçais se quiser; tal que, na minha morte, me deixeis esquecido para
sempre, na chaga venturosa de Vosso amável Coração.

(Pausa)

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado?... Despojai-me de tudo, de Vossos próprios dons, mas abrasai-me na fogueira de Vosso ardente Coração! Que sei eu, que Vós não me tenhais ensinado?... Esqueça eu a ciência da terra e da vida, mas Vos conheça melhor a Vós, oh Divino Coração! Que valho eu, se não estou a vosso lado? Que mereço eu, se a Vós não estou unido?... Uni-me, pois, a Vós com vínculo que seja eterno... renuncio a todas as delícias de Vosso amor, a fim de possuir perfeitamente este outro Paraíso, o de Vosso terno Coração! E nele sepultai, oh, sim!, os erros que contra Vós tenho cometido... e castigai e vingais-Vos de todos eles, ferindo com dardo de incendiada caridade, a mim que tanto Vos tenho ofendido. E se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos na Eucaristia em que Vós viveis... Se vos tenho ofendido, deixai-me servir-vos em eterna escravidão do amor eterno... porque é mais morte que vida a que não se consome no amar e fazer amar o Vosso esquecido, Vosso amante, Vosso Divino Coração.

Venha a nós o Vosso Reino!


Pai-Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes.
Pai-Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores.
Pai-Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.
(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

ATO FINAL DE CONSAGRAÇÃO

Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, olhai-nos prostrados humildemente diante de Vosso altar; Vossos somos e Vossos queremos ser, e a fim de estar mais firmemente unidos a Vós, eis aqui o dia em que cada um de nós se consagra espontaneamente a Vosso Sagrado Coração. Muitos, Senhor, nunca Vos conheceram; muitos Vos desprezaram, ao desobedecer Vossos mandamentos; compadecei-Vos, Jesus, de uns e outros e atraí-os todos a Vosso Santo Coração. Sejais Rei, oh Senhor, não só dos fiéis que jamais se separaram de Vós, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei com que voltem logo para a casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome. Sejais Rei para aqueles a quem enganaram com opiniões errôneas, e desuniu a discórdia, trazei-os ao porto da verdade e à unidade da Fé, para que logo não reste mais que um só rebanho e um só Pastor. Sejais Rei dos que ainda seguem envoltos às trevas da idolatria e do islamismo. A todos dignai-Vos atrair à luz de Vosso Reino. Olhai, finalmente, com olhos de misericórdia, aos filhos daquele povo, que em outro tempo foi o Vosso predileto (judeus); que também desça sobre eles, como batismo de redenção e vida, o sangue que reclamou um dia contra si. Concedei, Senhor, à Vossa Igreja segurança e liberdade; outorgai a todos os povos a tranquilidade da ordem. Fazei que de um a outro polo da Terra ressoe somente esta aclamação: Venha a nós o Vosso Reino!

FÓRMULA DE CONSAGRAÇÃO INDIVIDUAL AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, COMPOSTA POR SANTA MARGARIDA MARIA

Eu N. (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.



Receba o conteúdo deste blog gratuitamente. Cadastre seu e-mail abaixo.



FONTE: blog Sendarium (Destaques acrescentados)