«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019


SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS: “O PROVEITO QUE NOS PROPORCIONA ESTA DEVOÇÃO PARA NOSSA SALVAÇÃO E PERFEIÇÃO”




Se nosso Senhor realizou tantos prodígios para que o amemos, que favores não fará aos que vê que querem manifestar-lhe sinceramente seu amor? Este Deus de bondade nos ama com ternura — disse São Bernardo — e nos têm cumulado de bens, inclusive quando não lhe amávamos e nem queríamos que Ele nos amasse. Que dons, pois, e que graças não dará a aos que lhe amam e sofrem por ver-lhe tão pouco amado?

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é um contínuo exercício de amor a Jesus Cristo. Ademais, consiste na prática de santos exercícios de piedade, tão eficazes que, por meio dela se consegue tudo de Deus. E se Jesus Cristo concede tais graças a quem tem devoção aos instrumentos de sua paixão e às suas chagas, quais favores não fará aos que mostram uma terna devoção ao seu Sagrado Coração?

Vimos na introdução do livro as razões que podem convencer qualquer pessoa para não duvidar e dar fé às revelações de Santa Matilde. Veja-se, pois, o que esta Santa conta acerca desta matéria em seu Livro da Graça Especial:

Um dia vi o Filho de Deus levando seu Coração na mão, que brilhava mais que o sol e que lançava raios por toda parte; então, este amável Salvador me fez compreender que todas as graças que vêm incessantemente de Deus em favor dos homens, segundo a capacidade de cada um, advém da plenitude do Divino Coração.

Esta mesma Santa assegurou, pouco antes de sua morte, que um dia pediu com insistência a nosso Senhor um favor para uma pessoa que se lhe havia encomendado. Jesus Cristo lhe disse:

Filha minha, diz a essa pessoa pela qual me rogas que tudo o que desejar busque em meu Coração, que tenha uma grande devoção ao meu Sagrado Coração e que me peça como uma criança que não sabe outro artifício ao não ser o que lhe dita o amor para pedir a seu Pai todo o que quer.
Santa Matilde Hackeborn e o Sagrado Coração
de Jesus

Revelou Deus a Santa Margarida Maria Alacoque… as graças que têm vinculadas à prática desta devoção, bem como lhe fez também saber que era, digamos assim, um último esforço de seu amor para com os homens, pois havia tomado a decisão de descobrir-nos os tesouros de seu Sagrado Coração, mediante esta devoção, para fazer nascer o amor a Jesus Cristo nos corações dos mais insensíveis, assim como para abrasar os dos menos fervorosos.

Publicá-la por todo o mundo, servi-lhes de inspiração, disse-lhe o Salvador, e recomendar esta devoção a todas as pessoas como um meio seguro e fácil para conseguir de mim um verdadeiro amor de Deus. Para os eclesiásticos e religiosos, é um meio eficaz para chegar à perfeição de seu estado; para os que trabalham pela salvação do próximo, um meio seguro para mover as almas. E, enfim, para todos os fieis é uma devoção sólida para conseguir a vitória contra as paixões e pôr a união e a paz nas famílias mais discordes. Também para livrarem-se das imperfeições mais arraigadas e conseguirem um amor ardente e terno a mim. Em suma, para chegarem, em pouco tempo e de um modo fácil, à perfeição de seu estado.

São Bernardo, cheio destes sentimentos, não fala jamais do Sagrado Coração de Jesus senão como de um tesouro no qual se encontram todas as graças e um manancial inesgotável de bens: «Ó doce Jesus! Que das riquezas que encerras em teu Coração, quão fácil é enriquecer-nos tendo este infinito tesouro na adorável Eucaristia!».

O Cardeal Pedro Damião1 disse:

Neste adorável Coração achamos todas as armas necessárias para nossa defesa, todos os remédios oportunos para a cura de nossos males, todos os socorros mais poderosos contra os assaltos de nossos inimigos, as consolações mais doces para aliviar nossas penas e as mais puras delícias para encher nossa alma de alegria. Estais aflitos? Vossos inimigos vos perseguem? A memória dos pecados passados vos fazem temer? Vosso coração se sente agitado de inquietude, de medo ou de paixões? Vem e prostra-te diante do altar, atira-te nos braços de Jesus Cristo, vai até seu Coração, que é o asilo e a morada das almas santas e um lugar de refúgio, onde nossas almas se acham em perfeita segurança.

O devoto Lanspérgio2, em sua Pharetra Divini Amoris, afirmou:

O Sagrado Coração de Jesus não é somente o assento de todas as virtudes, também é o manancial das graças com que se conseguem e se conservam. Tende uma terna devoção ao amável Coração, todo cheio de amor e de misericórdia. Continua pedindo ao Coração amado de Cristo tudo o que desejais conseguir; oferece por Ele todas as vossas ações, porque este Sagrado Coração é o tesouro de todos os dons sobrenaturais; Ele é o caminho pelo qual nos unimos mais estreitamente a Deus, e pelo qual Deus se nos comunica mais amorosamente. Bebei, bebei, pois, lentamente, de seu Sagrado Coração para assim alcançares as graças e virtudes. E não temais que se esgote, já que é um tesouro infinito. Recorre a Ele em todas as vossas necessidades; sede fieis nas santas práticas de uma devoção tão conveniente e tão proveitosa, que, bem rápido, sentireis seus efeitos.

Temos um ilustre exemplo na vida de Santa Matilde. Apareceu-lhe o Filho de Deus e mandou que lhe amasse ardentemente e que honrasse quanto possível seu Sagrado Coração no Santíssimo Sacramento. Se o dava, era para que fosse seu refúgio durante sua vida e consolo na hora da morte. Desde esse momento se viu esta Santa cheia de devoção pelo Sagrado Coração, e recebeu tantas graças que só sabia dizer que se tivesse que escrever todos os favores e bens recebidos, não haveria livro, por maior que fosse, capaz de contê-los. Todos os que lutam por adquirir esta devoção experimentam uma grande consolação e confirmam assim, com a própria experiência, a verdade das palavras destas pessoas tão queridas de Deus.
O Sagrado Coração de Jesus e Santa Margarida
Maria Alacoque

O autor de “El cristiano interior”3 disse:

Estou decidido a depender tão somente da divina Providência, sem buscar alívio nem apoio nas criaturas; devo ser semelhante a um menino, que, sem inquietude e sem medo, repousa docilmente nos braços de sua Mãe, de quem recebe carícias e doçuras. Confesso que assim me trata nosso Senhor, porque buscando sustentar e enriquecer minha alma em seu Sagrado Coração, encontro todos os socorros e bens que necessito. E os encontro em abundância. Deus os tem dado muitas vezes por sua bondade, deixando-me até atônito nessas ocasiões, levando-me a pensar se, verdadeiramente, uma simples criatura como eu os merece.

Ainda que não tivéssemos exemplos de pessoas que hajam vivido esta devoção, e que nem mesmo Jesus Cristo nos haja revelado, sobram-nos razões para concluir que não há nada tão sólido nem mais vantajoso para nossa salvação que uma devoção que não busca senão o mais puro amor a Jesus Cristo, e cuja finalidade é reparar todas as indignidades que sofre nosso Salvador na adorável Eucaristia.

E nosso Senhor, que tanto tem feito para ganhar os corações dos homens, poderá rechaçar-nos quando lhe pedirmos um lugar em seu Coração? Se Cristo se deixa dar a quem não o ama, se deixa levar na hora da morte a pessoas que apenas se dignaram visitar-lhe em toda sua vida, e que se têm mostrado insensíveis aos sinais que lhes dava de seu amor e aos ultrajes que recebe na Eucaristia; em suma, pessoas que, inclusive, o maltrataram, o que não fará por seus fieis servidores, que, feridos pelos opróbrios que recebe seu bom Mestre, tão pouco amado e escassamente visitado, fazem-lhe uma oferta [de si], um ato de desagravo, pelos desprezos que sofre? E para os que, com suas frequentes visitas, com seus atos de adoração e, principalmente, com seu ardente amor, desagravam os ultrajes que recebe? É, pois, evidente que não há nada mais proveitoso que esta devoção, pelo que me pergunto se são necessários grandes discursos para que os cristãos comecem a praticá-la?





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FONTE: Croiset, Jean. La devoción al Sagrado Corazón de Jesús: P. Jean Croiset. Diretor espiritual de Sta. Margarida Maria de Alacoque (Spanish Edition), Didacbook. Edição do Kindle, pp. 48-54 – Texto traduzido e adaptado para o português do Brasil por nós.


____________
1 São Pedro Damião, cardeal beneditino do século XI, declarado Doutor da Igreja.

2 Lanspérgio foi um monge cartuxo e escritor ascético que viveu entre 1489 e 1539, foi um dos últimos autores, e quiçá o mais preciso, que ajudou com seus escritos a preparar o caminho de Santa Margarida Maria Alacoque e sua missão. Foi também quem preparou a primeira edição em latim das revelações de Santa Gertrudes, publicadas em Colônia, no ano de 1536.

3 O Cristão interior é um guia fácil para salvar-se com perfeição, do Mons. Jean de Berrnières-Lou-vigny (1602-1659).

sexta-feira, 13 de setembro de 2019


ORAÇÕES MATINAIS E COTODIANAS AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, DE SANTA MATILDE E SANTA GERTRUDES DE HELFTA



SAUDAÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Logo ao despertares”, disse nosso Senhor a Santa Mechtildes, “saúda o meu Coração, e oferece-me o teu”. (Liber Specialis Gratia de Santa Mechtildes – P. III, c. 17)

Eu Vos adoro, Vos louvo e saúdo, ó dulcíssimo e florescente Coração de Jesus Cristo, do qual, como de melíflua fonte de graças, dimana e corre sem cessar todo bem e toda doçura. Com todas as forças do meu coração, eu vos agradeço por me terdes conservado durante esta noite, e porque Vos dignastes Vós mesmo, dar por a Deus Vosso Pai, louvores e ações de graças. E agora, ó meu dulcíssimo Amor, ofereço-vos o meu miserável e indigno coração, como sacrifício da aurora, e com toda a devoção de que sou capaz, encomendo-o ao vosso dulcíssimo Coração, pedindo que vos digneis derramar nele as vossas divinas efusões e o inflamai do santo amor. Amém.

ORAÇÃO PARA ENCOMENDAR-SE A JESUS

Foi revelado a Santa Gertrudes que encomendando-se alguém a Deus e pedindo ser preservado do pecado, embora, por uma secreta permissão da Providência, venha cair em falta grave, nunca será tão grande a sua queda, que a graça de Deus, como um firme apoio, não o sustente e não o faça voltar facilmente à penitência” (L. III, c. 30)

Terno Jesus, em união com àquele amor pelo qual encomendaste na cruz o vosso espírito ao vosso Pai, encomendo-vos o meu espírito e a minha alma, e os encerro na chaga do vosso Coração, para que neste asilo sagrado sejam protegidos contra todas as ciladas do inimigo.

Vós bem sabeis, ó meu Jesus, e eu bem o sinto, quanto sou frágil e inconstante, a tal ponto que nem sequer posso perseverar algum tempo no bem ou resistir a alguma tentação sem um auxílio especial da vossa graça. Por isso, em nome daquele adorável respeito com que a vossa humanidade santa, fonte de nossa glorificação, está unida à augustíssima Trindade, eu vos suplico que vos digneis unir a minha à vossa, fortificando-a, para que não se levante contra Vós.

Em união também com o vosso inocentíssimo Coração encomendo-vos cada uma das partes do meu corpo, a fim de que movimento algum haja em mim que não seja para o vosso louvor e glória, tendo em vista o vosso santo amor. Assim seja.

SUSPIRANDO POR JESUS

Jesus Cristo revelou a Santa Mechtildes que tudo o que por Ele for oferecido a Deus, obteria a suma complacência do Eterno Pai, sendo por Ele mesmo suprido e aperfeiçoado o defeito ou negligência do suplicante” (Liber Specialis Gratia de Santa Mechtildes – P. IV, c. 20)


Ó amantíssimo Jesus, o primeiro suspiro, partido do funfo do meu coração neste dia, vos envio, e vos peço com todo empenho, que vos digneis de operar hoje por mim todas as ações do meu corpo e da minha alma e purificadas no vosso dulcíssimo Coração, e unidas às vossas perfeitíssimas obras, oferecê-las a Deus Pai, em eterno louvor. Assim seja.








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FONTE: livro Manual do Devoto de São Bento, compilado de diversas obras por um Beneditino da Congregação Brasileira, em 1909, nova edição realizada pela Editora Triregnum e Editora do Mosteiro da Santa Cruz, 2017, Quarta Parte – Preces Gertrudianas, pp. 224 a 227 – Textos revistos e atualizados)

sexta-feira, 6 de setembro de 2019


PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE SETEMBRO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



«Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 9, 29)
(Pe. Mateo Crawley-Boevey)

«Que a vossa vida seja escondida em Deus!» (Cl 3, 3)

A vida natural tal qual é – vinda da lama para voltar ao pó não vale a pena de ser vivida. Não é um ideal para um apóstolo, é-lhe necessário algo de mais belo.

Seu ideal deve ser viver em Jesus, de Jesus e por Jesus.

Que a vossa vida seja escondida, perdida em Deus! Com Jesus Cristo, vida de vossa vida!

Mas, para atingir essa vida ideal, lembrai-vos primeiro que não sois vós que subis: é ele que desce.

Vede como elevar-vos até aos cumes; é ele que desce até ao seio de Maria, daí ao presépio, e em seguida ao altar… Ele desce sempre! Ele se anula depois de se ter feito nosso irmão. Tal é a sua glória.. . Tal é também a minha. Como eu espero ser revestido um dia de sua grandeza, é preciso que eu me revista agora de sua humildade.

Ah! Nós somos grandes demais por nós mesmos; grandeza de amor próprio e falsa grandeza que não é a dos santos. Desde a encarnação, os temos: grande (na nossa apreciação) e santo (aos olhos de Deus), se repelem.

É preciso, pois, começar por ser pequenos: é o primeiro passo.

Insisto: somos grandes demais para ser seus instrumentos e para tornar-nos santos. É preciso ser muito pequeno para ser um grande santo. O que faz a grandeza é a pequenez.

Mais que todos os palácios: Belém e o tabernáculo. – Mais que o presépio do céu, a hóstia!

Somos grandes demais para nos transformarmos nele para sermos apóstolos.

Para ser ele, para dá-lo, tornemo-nos como que única partícula de hóstia.

Contanto que ele seja a nossa vida, ele consente com ser pó, farinha de hóstia.

Vede-o esquecido em seu tabernáculo. Em milhares de sacrários que se elevam sobre a terra, ele está só, o mais das vezes. É o grande abandonado e é também o grande pobre. Se tivésseis visto como eu, missionário, tabernáculos… miseráveis e vergonhosas caixas, com hóstias abandonadas!…

Jesus-Eucaristia, meditado, compreendido, dá a grande lição de humildade e diminuição que é preciso para as nossas pobres grandezas: Nós não somos mais que o Mestre (Lc 6, 40).

Esquecei vossos direitos para nada serdes; nada para as criaturas, nada para vós… tudo para ele.

Teremos mesmo direitos, nós, junto dele que não quer tê-los, que não faz valer outro direito senão o de ser amado?

É preciso que diminuamos, para que ele cresça em nós e por nós (Jo 3, 30).

Toda a sua vida sobre a terra não foi mais.

«Aprendei de mim, diz-nos ele, que sou manso e humilde…» (Mt 11, 29) Absolutamente idêntica é a de Paray.

Que vergonha para nós: o Verbo aniquilado entre as criaturas culpadas ... e nós pensando em nossos direitos, preocupados com os nossos títulos, com a nossa honra! Ele tornado mortal, escravo, pó, “vermis” (SI 21, 7) um verme da terra, e nós, orgulhosos, ambiciosos, arrogantes, suscetíveis, em face do tabernáculo cujo silêncio e abandono condenam a arrogância da nossa soberba, da nossa vaidade. Que contraste entre o Rei dos reis na sua eucaristia, e nós carrascos… pecado e nada!

Entrai no Coração de Jesus, para aprender com ele a vos aniquilar, para compreender e amar nele a santa humildade.

Tu és, ó Jesus, o Deus escondido!… Esconde-te em mim, e então, transformado eu mesmo numa hóstia, fiquemos sempre… eternamente unidos um ao outro… Tu em meu pobre coração e eu perdido no abismo de dor e de celeste luz do teu sagrado Coração.

Ensinai-me, neste santuário, a ciência que faz amar o esquecimento, mesmo o desprezo e a ingratidão das criaturas... Oh! oculta-me aos meus olhos e aos das criaturas, para só viver para ti, ó Jesus, conhecido e amado só por ti.”



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FONTE: livro Jesus Rei de Amor, Pe. Mateo Crawley-Boevey, Editora Vozes, 2ª edição/1939, Cap. V-Humildade, pp. 189-192 – Texto atualizado e alguns destaques são do original.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019


HORA SANTA DO MÊS DE SETEMBRO

(Pe. Mateo Crawley-Boevey)



Esta é uma hora três vezes santa, pela proximidade de Jesus Cristo a nossas almas pobrezinhas... A ferida sempre aberta de Seu peito, fala-Lhe da terra e O força docemente a atender, ao mesmo tempo em que os cânticos do céu, as súplicas e os gemidos que sobem do desterro... Ele avança agora para o abismo de nosso nada, sedento de almas... Avancemos também nós para o abismo de Seu Coração até sucumbir ditosamente nele... Senhor Jesus, faz que compreendamos o dom inefável de Vosso Divino Coração!...

(Breve pausa)

(Pedi-Lhe luz de fé para conhecer-Lhe, caridade abrasadora para amar-Lhe e para fazer-Lhe amar em Seu Sagrado Coração)

Getsêmani, o Horto da agonia mortal do Mestre, não desapareceu...: Perpetua-se em cada Sacrário da terra... Ele está aqui, pois, na Hóstia... Nela Jesus agonizante sente os desfalecimentos de uma angústia suprema e de uma caridade incontrolável... “Triste até a morte nesse Tabernáculo. Ele anseia, oh, dulcíssima misericórdia!, encontrar uma reparação, descansar em nossos peitos e confiar-nos aí todo o tesouro de aflição e de carinho em que extravasa Seu adorável Coração...

A terra em que agora o adoramos é terra santa... Aqui está realmente Jesus, o jovem encantador de Nazaré...; Jesus, o Mestre compassivo de Tiberíades... Aqui, está Jesus, o Amigo de Betânia... Sim, aqui, a dois passos, está o amável moribundo de Getsêmani, a Vítima adorável do Calvário... Oh, noite mais formosa que a alvorada!... A sua sombra, de inefável paz, São João e Santa Maria parecem aproximar-se a este altar para compartilhar conosco o segredo que ao descansar sobre seu Coração lhes confiou o Prisioneiro do amor...

(Pausa)

(Declarai-lhe em doce intimidade que o amais com toda o alma, com amor de desagravo)

A sós com Jesus!... Que delícia... A sós com Ele, compartilhando Sua solidão e Sua agonia!... Mas escutai; lá fora ruge uma tormenta de ódio contra o perseguido Jesus Cristo... O eco dos séculos vai gritando ante as grades de seu cárcere, a blasfêmia horrenda do povo grita: “És réu de morte... Crucifica-o!” Que mal nos fez esse Deus ensanguentado?...Almas piedosas que desejas consolá-lO, vede-O chegar nesta Hora Santa, pressionado sob o peso de Sua Cruz... Vem ferido na alma, percorrendo uma Via Dolorosa que parece não ter fim... Vem, mas abraçado sempre a Seu patíbulo. Ama-nos tanto! Vede-O. Chega agoniado, perdido a formosura de Seus olhos na formosura de Suas lágrimas. Vem exausto de sangue e transbordante em misericórdia Seu doce Coração... Já está aqui... Oh, mistério inefável!... Se compreendêssemos o dom desta aproximação de Jesus, a graça incomparável de sua vizinhança consoladora no Sacrário... Está aí... A um passo... Ao abençoar-nos, à sombra de Sua mão nos atinge...

(Breve pausa)

E o que é que procura? Uma trégua a Suas dores... Quer o amor de Seus amados... Que venha então. Ah, sim!... Que venha repousar nesta Hora Santa ao calor de afeto de nossas almas compassivas. Os anjos do Santuário escutam abismados uma harmonia triste e misteriosa: é como o eco, nunca apagado, de um divino lamento: o de Getsêmani... É o gemido salvador da Gólgota, que parece repercutir ao renovar-se este sacrifício incruento do altar... Desde o fundo do Sacrário, Seus lábios, encharcados na amargura de todas as ingratidões, nomeiam-nos com bênção de amor a todos os que nesta Hora Santa viemos chorar com Ele a desventura de Seu amor menosprezado. É grande, que imensa é a dor que Lhe atormenta... Mas é maior ainda, é infinito, o amor que o tortura!...

Quanta dignidade a deste Salvador! Quer confiar-nos Suas tristezas; está ansioso de desafogar conosco a decepção sofrida com tantos que, tomados de favores, chamaram-se Seus discípulos, e depois O abandonaram... Mais fiéis ainda do que São Pedro, que São Tiago e que São João no Horto da agonia, escutemo-lO nós, pois quer falar-nos pela ferida de Seu amante Coração.

(Pausa mais longa)

(Solicita com fervor e humildade a graça de escutar a voz do Senhor, que pede e que se queixa)

(Lento)

Voz do Mestre

Fazia tanto tempo, alma querida, que vos aguardava aqui na Hóstia para contar-vos o amor que Me devora... Abençoo-vos, porque tiveste compaixão de vosso Deus encarcerado, sumido em amarga solidão... Tinha sede de vós... Por fim vos venci... Admite vós mesmo, sim, repete-me que Meu Coração vos venceu... Assegura-Me em seguida que Me amas... Que vós também sentes sede de Mim, e sede devoradora... Longe de Meu lado, vós, que és pó e nada, quantas vezes riste e gozaste... Eu sem vós, Eu, vosso Deus, por recobrar-vos, deixei aos anjos, deixei aos céus, e, depois de trinta e três anos de agonia, expirei num madeiro... Rompeste um dia minhas correntes... E livre de Meus braços pela culpa, ai, como pudeste amar tão triste liberdade?... Olhe as mudanças, os disfarces que na terra Me forjei para atar-Me a vosso ingrato coração... Aqui me tens, constituído Prisioneiro ditoso de vosso amor... Como me pagaste?

Perdoo-vos; mas sereis desde hoje, em desagravo, inteira e eternamente Meu... Filho tão amado, contempla-Me traído e só..., só e blasfemado..., só e escarnecido..., só e sempre abandonado. Como Me fere esse esquecimento, sobretudo o dos bons; como Me magoa a covardia e indiferença dos que se chamam Meus amigos!... Tenho aqui o Coração que tanto amou aos homens, e dos quais é tão mal correspondido... Terá dor semelhante a Minha dor?... Minha alma está triste até a morte... Acerca-vos, põe os lábios na ferida de Meu lado, e, em reparação de amor, diga que Me amas com todo vosso coração, com toda vossa alma e todas vossas forças. Dá-Me de beber vossa alma... Tenho sede de vossa felicidade...

(Cortado e muito lento)

Chamei a vossa consciência tantas vezes por Minha graça, e emudeceste... Recordas?... Perdoo vosso desdém e vosso silêncio... Esperei muito próximo de vossa alma semanas, meses, longos anos...; Supliquei-vos que Me abrisses... E me recusaste... Lembra-vos?... Perdoo essa cruel deslealdade... Arrojado de todas as partes... Mendiguei um consolo e o albergue de vosso coração... Por respeito humano, por falta de abnegação ou por indiferença, Me negaste-o ... Recordas?... Esqueço essa perfídia... Quando repartias carinho a todos, pedi para Mim uma centelha desse afeto... Todas as criaturas chegam sempre a tempo, todas... E Eu, alma querida, por que só Eu chego sempre tarde?... Por que Me feres?... Quando e em que vos tenho contristado?... Responde-Me!

(Breve pausa)

(Cortado)

Tive fome de dar consolo aos enfermos e aos tristes... Procurei um refúgio nas casas da dor humana...; Entrei com ousadia nelas, pois sou o Deus consolador de todas as misérias... E aqui Me têm jogado com ignomínia de centenas de hospitais, da cabeceira dos anciãos e dos berços dos órfãos... Que mal vos fez Minha compaixão e Minha ternura?... Oh! Vocês, filhinhos Meus, amai-Me, em reparação de tanta crueldade... Amai-Me muito. Sou Jesus... Tive sede de um amor sem mancha: o das flores da infância... Procurei o carinho dos meninos, pois ao baixar do Calvário de Minhas decepções recordei os lírios e as brisas de Minha Nazaré inesquecível, quando Eu também fui Menino... Oh, dor!... Escuta, alma consoladora, como os que se chamam sábios no mundo Me renegam e amaldiçoam... Que mal fiz a vossos filhos?... Amai-Me, oh! Amai-Me muito. Sou Jesus... Estive ansioso de fazer-vos felizes, dando-vos a verdadeira paz, que o mundo não possui, e vos roguei que me aceitásseis, como um dos vossos, no íntimo de vosso lar... Quis constituir-me e ser chamado o Pai, o Esposo adorado, o Irmão inseparável... E o lar Me despediu... Mas não Me irei... Ah, não! Aqui me tendes aguardando com doçura que um pesar me abra, ainda que tarde, sua porta, pois as de Meu Coração jamais se fecham. Eu sou Jesus, a paz e o amor das famílias... Deixai em Minha frente, se quereis, a coroa dos espinhos, deixai-a sangrenta e crudelíssima, mas dai-Me, vo-lo peço por Minha Mãe, dai-Me hospedagem em vossas casas, consenti que Eu reine no lar... Amai-Me na família...; Sou sua vida... Amai-Me muito, porque eu sou Jesus.


(Pausa longa)

E agora, fala-Me vos, alma ditosa; fala-Me em íntima confiança, a este Deus que é todo caridade... Eis Me aqui, benigno e manso, sou Jesus de Nazaré... Que poderia negar-vos nesta Hora Santa, em que vieste compartilhar Meus abandonos e Minhas agonias?... Aqui tens; entrego-vos o Coração que tanto vos amou...: Não posso conter os ardores do amor que vos professo... Chama-Me, e serei mil vezes vosso...; Fala-Me, sou vosso Irmão...; Adora-Me, sou vosso Deus... Consola-Me, com todo o amor de vossa alma... Eu sou Jesus...

(Pausa)

(Enquanto tantos bons dormem, enquanto tantos desgraçados pecam, o Senhor Jesus segue agonizando misticamente no Sacrário... Aproximemo-nos e falemos, em doce intimidade, a Seu Coração que nos aguarda)

(Lento e sempre cortado)

Voz da alma

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhas dado? O que sei eu, que Vós não me tenhas ensinado? O que valho eu, se não estou a Vosso lado? O que mereço eu, se a Vós não estou unido? Perdoa-me os erros que contra Vós tenho cometido! Pois me criaste sem que eu o merecesse, e me redimiste sem que eu o pedisse... Muito fizeste em criar-me, Muito em redimir-me. E não será menos poderoso em perdoar-me. Pois o muito sangue que derramaste, e a acerba morte que padeceste, não foi pelos anjos que Vos adoram, senão por mim e o restante dos pecadores que Vos ofendem... Se Vos neguei, deixa-me reconhecer-Vos; se Vos injuriei, deixa-me adorar-Vos; se Vos ofendi, deixa-me servir-Vos, porque é mais morte do que vida, a que não está empregado em Vosso santo serviço.

(Breve pausa)

Que bem me encontro assim..., reclinado maciamente no céu de Vosso peito!... É este, só este, o lugar de meu descanso eterno...; Este, o Tabernáculo onde escuto Vossas palavras de vida e Vossas lamentações de amor e sacrifício... Deixa de sofrer, Mestre e atende o hino de minha alma, ansiosa de confundir-se, num abraço eterno, com a Vossa, escuta-me, Jesus irmão:

(Lento)

Coração de Jesus, dulcíssimo com os pecadores: um pecador Vos fala...

Coração de Jesus, caminho dos extraviados: um pródigo Vos procura...

Coração de Jesus, suavidade dos que sofrem: um desgraçado chama em Vosso santuário...

Coração de Jesus, amigo fidelíssimo do homem, um amigo ingrato está aqui e Vos chora...

Coração de Jesus, bonança nas contínuas vacilações da vida; uma alma combatida Vos chama em seu socorro...

Coração de Jesus, fogueira de santidade no amor; minha alma anseia saciar-se em Vós de amor e santidade...

Coração de Jesus agonizante, esperança dos moribundos, lembra-Vos dos que nesta mesma hora lutam nas convulsões da morte... Tem piedade dos agonizantes, os salva segundo Vossa grande misericórdia... Envia-lhes, Senhor, o anjo de Getsêmani, e acerca a seus lábios que já não podem chamar-Vos o cálice de Vosso Coração piedoso. Jesus... com os moribundos mais desamparados!...

(Pedi pelos agonizantes)

(Pausa)

Vossa terna Mãe e Vossa Cruz são testemunhas desta Vossa amabilíssima palavra: “Vim em procura dos enfermos, dos extraviados..., das ovelhas perdidas de Israel”. A Virgem Maria recolheu zelosa, em benefício dos pecadores, Vossas lágrimas de sangue. Em união, pois, com Ela, boa, misericordiosa, refúgio de pecadores e caídos, peço-Vos por aqueles que ao ofender-Vos não sabem o que fazem... O mundo lhes condena inexorável; mas Vos, que conheces a fraqueza humana e que lês tão adentro dessas almas infelizes, Vós, Jesus, tem piedade, tem paciência, tem perdão para com elas em Vosso amável Coração... Peço-Vos, rogo-Vos, em nome de Vossa Eucaristia, pelos pobres pecadores... Perdoa-os, Jesus, e escreve seus nomes no livro da vida...

Divino Salvador das almas, coberto de confusão me prostro em Vossa presença, e, dirigindo minha vista ao solitário Tabernáculo, sinto oprimido o coração ao ver o esquecimento em que Vos têm relegado tantos dos redimidos. Mas já que com tanta condescendência permites que nesta Hora Santa uma de Vossas lágrimas às que verteu Vosso benigno Coração, rogo-Vos, Jesus, por aqueles que não rogam..., louvo-Vos por tantos que Vos amaldiçoam, e com todo o ardor de minha alma Vos clamo e Vos adoro em todos os sacrários da terra... Aceita, Senhor, o grito de expiação que um pesar sincero arranca de nossas almas afligidas... Elas vos pedem piedade... Por meus pecados, pelos de meus pais, irmãos e amigos.

(Todos, em voz alta)

Piedade, ó Divino Coração!

Pelas infidelidades e sacrilégios.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelas blasfêmias e profanações dos dias santos.
Piedade, ó Divino Coração!

Pela libertinagem e os escândalos públicos.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelos corruptores da juventude.
Piedade, ó Divino Coração!

Pela desobediência sistemática à santa Igreja.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelos crimes dos lares, pelas faltas dos pais e dos filhos.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelos atentados cometidos contra o Romano Pontífice.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelos transtornadores da ordem pública social cristã.
Piedade, ó Divino Coração!

Pelo abuso de sacramentos e o ultraje a Vosso santo Tabernáculo.
Piedade, ó Divino Coração!

Pela covardia dos ataques da imprensa, pelos maquinadores de seitas tenebrosas.
Piedade, ó Divino Coração!

E, por fim, Jesus, pelos bons que vacilam... Pelos pecadores obstinados, que resistem a Vossa graça...
Piedade, ó Divino Coração!

(Pausa)


As doze promessas

Não nos basta, Senhor, Vossa misericórdia... Vossos interesses são os nossos, queremos Vosso Reinado... Pedimos, bom Jesus, que cumpras conosco as promessas que fizeste a Vossa confidente Margarida Maria em benefício das almas que Vos adoram na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível de Vosso Sagrado Coração. Por isso Vos pedimos com Vossa Santa Igreja, suplicamo-Vos pela Virgem Mãe, exigimos-Vos pela honra inviolável de Vosso nome, que estabeleças já, que apresses o reinado de Vosso amante Coração.

(Todos, em voz alta)

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

1ª. Jesus, reine logo, antes que Satanás e o mundo arrebatem as consciências e profanem em Vossa ausência todos os estados da vida...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

2ª. Jesus, triunfe nos lares, reine neles pela paz inalterável, aos que Vos receberam com hosanas...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

3ª. Não demores, Mestre muito amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras que só Vós prometeste remediar...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

4ª. Vem..., porque és forte..., Vós, o Deus das batalhas da vida... Vem, mostrando-nos Vosso peito ferido como esperança celestial na hora da morte...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

5ª. Seja Vós o sucesso prometido em nossos trabalhos, só Vós a inspiração e recompensa de todas as empresas.
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

6ª. E Vossos prediletos, quer dizer, os pecadores, não esqueças que para eles, sobretudo, revelaste as ternuras incansáveis de Vosso amor.
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

7ª. ... São tantos os mornos, Mestre, tantos os indiferentes a quem deves inflamar com esta admirável devoção!
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

8ª. “Aqui está a vida”, disseste-nos, mostrando-nos Vosso peito atravessado... Permite, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade, a que aspiramos...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

9ª. Vossa imagem, a pedido Vosso, foi entronizada em muitas casas... Em nome delas Vos suplico sigas sendo, em todas, o Soberano muito amado...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

10ª. Põe palavras de fogo, persuasões irresistíveis, vencedoras, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam como São João, Vosso Apóstolo amado...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

11ª. E a quantos ensinem esta devoção sublime, a quantos publiquem vossa inefáveis maravilhas, reserva-lhes, Jesus, uma fibra vizinha àquela em que tens gravado o nome de Vossa Mãe...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

12ª. E, por fim, Senhor Jesus, dá-nos o céu de Vosso Coração enquanto compartilhamos Vossa agonia na Hora Santa, por esta hora de consolo e pela Comunhão das primeiras sextas-feiras; cumpre conosco Vossa promessa infalível... Pedimos-Vos que na hora decisiva da morte...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

(Pedi-lhe que cumpra suas promessas de vitória, que reine nas almas e na sociedade)

(Pausa)

No seio de meu lar, bom Jesus, há penas muito fundas e secretas... Se Vós reinasses entre os meus com toda a intensidade de amor que Vós mereces, ah! Não haveria em minha casa tantos e tão amargos pesares!... Vem, vem! Amigo de Betânia, pois em minha família há alguém que está enfermo e Vós o amas... Quando Vós estás, as mesmas penas são suaves, e a Vosso lado, os espinhos têm bálsamo de paz... Vem, pois, e não tardeis, amigo de Betânia... Apressa-Vos, porque meu lar está ferido com a ausência de seres queridos que faltam nele: pai, mãe e irmãos, todos crescemos junto ao pé da Cruz... Ah! E depois essa mesma Cruz, por vontade do Céu, foi-nos separando do ninho santo do lar... Tem piedade desses amados ausentes, que trabalham e lutam longe da família, e talvez também longe de Vosso altar... E venha logo a nosso lado, Jesus, Amigo doce de Betânia!

(Nomeai os seres queridos do lar, os pródigos por quem vos interessam)

(Breve pausa)

Mestre, Irmão, Amigo da alma, Jesus querido, tem misericórdia também dos meus que morreram, daqueles que foram à eternidade em seguimento Vosso... Dormem em paz porque Vos amaram, e porque Vós és infinito em caridade... Mas, ao ir-se..., Deixaram-nos sombras e tristezas na alma..., Espinhos e uma tumba no caminho... Ah! Mas bem sei eu que em Vosso Coração amabilíssimo não pode ter separações; nele, onde está a vida, desaparece a horrível morte... Por isso Vos peço paz sobre suas tumbas, e aos que ficamos gemendo neste vale de lágrimas, dá-nos a resignação que levanta, o desapego da terra e o amor do sofrimento, que nos una inseparavelmente a Vós...

(Nomeai a vossos mortos tão queridos, inesquecíveis).

(Pausa)

Não fechais ainda a preciosa ferida de Vosso lado: tenho que Vos pedir, em especial, pelos que sofrem, por aqueles, Senhor Jesus, que Vos procuram com olhos cansados de chorar..., Por tantos a quem a desgraça, os duelos, as decepções, a pobreza, as doenças ou suas próprias fraquezas feriram de morte... Nazareno amabilíssimo, Vós sabes, por amarguíssima experiência, quão pulsantes são os espinhos do caminho... Consola, pois, aos atribulados...Tem piedade dos que sofrem...

(Pedi-lhe força de consolo nas tribulações)

De mim não Vos falei, porque me confiei sem reservas a Vosso Divino Coração... Vós, que tanto me amas e que és o único em compreender-me, não quererás seguramente esquecer-me. Oh, Jesus: escuta minha última prece, unida sempre à agonia de Vosso Coração Sacramentado!... Inclina-Vos e atende-me benigno...

(Cortado e lento)

Quando os anjos de Vosso Santuário Vos louvarem na Hóstia Sacrossanta... E eu me encontrar na agonia..., Seus louvores são os meus..., Lembra-Vos do pobre servo de Vosso Divino Coração... Quando as almas justas da terra Vos clamam acendidas em amor... E eu me encontre na agonia... Seus trabalhos e suas lágrimas são as minhas..., Lembra-Vos do pródigo, resgatado por Vosso Sagrado Coração. Quando Vossos sacerdotes, as virgens do templo e Vossos apóstolos vos aclamarem Soberano, pregarem-Vos às almas e Vos entronizarem nos povos... E eu me encontre na agonia..., seu zelo e seus ardores são os meus..., Lembra-Vos do apóstolo de Vosso Divino Coração. Quando a Igreja orar e gemer ante o altar, para redimir conVosco o mundo..., E eu me encontre na agonia..., seu sacrifício e sua prece serão os meus..., Lembra-Vos do amigo de Vosso Sagrado Coração.

Quando, na Hora Santa, Vossas almas amadas, amando e reparando, fizerem Vos esquecer abandonos, sacrilégios e traições..., E eu me encontre na agonia..., seus colóquios contigo e seus consolos são os meus..., lembrar-Vos deste altar e desta vítima de Vosso Divino Coração. Quando Vossa divina Mãe Vos adorar na Sagrada Eucaristia e repare aí os crimes infinitos da Terra..., E eu me encontre na agonia..., Suas adorações serão as minhas..., lembra-Vos do filho de Vosso Sagrado Coração.

Oh, sim! Lembra-Vos desta criatura miserável, que Vós tanto amaste... Recorda que lhe exigiste que se esquecesse de si mesma por Vosso amor... Mas não, Senhor; esquece-me se queres, com a condição que me deixes esquecido para sempre na chama formosa de Vosso amante Coração... Ah! e cuida, Jesus, do meu coração; desprende-o de tudo afeto terreno..., Vela por esta alma, encadeada deliciosamente a Vosso Sacrário, e alimenta nela o fogo santo em que Vos abrasas... Oh, abrasa-me, Senhor Jesus..., Acende-me em Vossa caridade, pois almejo amar-Vos até a paixão, até a insensatez, até o delírio, com amor mais forte do que a morte!...

(Pausa)

(Cortado)

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhas dado? Despoja-me de tudo, de Vossos próprios dons; mas abisma-me na fogueira de Vosso ardente Coração. O que sei eu, que Vós não me tenhas ensinado?... Esqueça eu a ciência sombria da terra e da vida, e em mudança, conheça melhor a Vós, oh, amável Coração!...Que valho eu, se não estou a Vosso lado? O que mereço eu, se a Vós não estou unido?...Une-me, pois, a Vós, com vínculo que seja eterno... Renuncio a todas as delícias de Vosso amor, com tal de possuir perfeitamente este outro Paraíso, o de Vosso terno Coração...

E nele sepulta, oh, sim, os erros que contra Vós cometi..., E castiga, e vinga-Vos de todos eles ferindo com dardo de acendida caridade ao que tanto Vos ofendeu. E se Vos neguei... Deixa-me reconhecer-vos na Eucaristia em que Vós vives...; Se Vos ofendi, deixa-me servir-Vos em eterna escravidão de amor eterno, porque é mais morte do que vida a que não se consome em amar e em fazer amar Vosso esquecido, Vosso amoroso, Vosso divino Coração. Venha a nós Vosso reino!

Padre Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes;
Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores;
Padre Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a
Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus venha a nos Vosso reino!

FÓRMULA DE CONSAGRAÇÃO INDIVIDUAL AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, COMPOSTA POR SANTA MARGARIDA MARIA

Eu N. Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.





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FONTE: blog Sendarium