«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019


CATECISMO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque

SEGUNDA PARTE
O REINADO DO CORAÇÃO DE JESUS. COMO ELE DESEJA REINAR ?

I
PLANO DA DIVINA PROVIDÊNCIA RELATIVAMENTE AO REINADO DE JESUS CRISTO



1) Qual é o plano divino com relação ao reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo no mundo?

O plano divino resume-se nestas palavras do Apóstolo S. Paulo: «É necessário que Jesus Cristo reine. Oportet illum regnare» (I Cor. 15, 25).

Todas as obras do Filho de Deus, principiando pelas três principais, a Encarnação, a Redenção, a Igreja, têm por fim estabelecer o seu reinado neste mundo. Jesus Cristo não trabalhou nem trabalha senão para estabelecer o seu reinado. A sua vida mortal foi como a tomada de posse do seu trono: depois de a ter selado com o sangue, subiu ao Céu, sem contudo deixar o seu reino terrestre. Para em certo modo vigiar de perto os seus servos, deixou-se ficar na Eucaristia; porque, no dia da Ascensão a posse do seu reino estava tomada, a conquista ainda não tinha sido levada a cabo: «lde por toda a terra, tinha ele dito aos Apóstolos, e pregai o Evangelho». (Mt 16, 15).

2) Qual é o fim único da ação do demônio neste mundo?

Se toda a ação da Providencia divina neste mundo tem em vista o estabelecimento do reinado de Jesus Cristo, o único fim que Satanás, com as suas legiões visíveis e invisíveis, intenta com furor, é impedir o advento deste reino bendito. Se a contrassenha dos amigos do Salvador é: Oportet illum regnare! o grito de guerra dos inimigos do divino Rei é: Nolumns hunc regnare supere nos. Não queremos que Ele reine sobre nós. (S. Luc. XIV, 14). Daqui nasce uma guerra perpétua.

3) Como terminará a luta entre Nosso Senhor e o demônio?

O combate encarniçado destes dois exércitos inimigos deve terminar pelo triunfo final do nosso divino Salvador, triunfo tão seguro que Nosso Senhor o dá como certo: «Confidite, ego vici mundum; tende confiança, disse ele, eu venci o mundo». (S . João, XXI, 16-33).

Contudo, a luta sustentada em favor da causa do divino Redentor tem alternativas de vitórias e de revezes parciais; mas, quando os inimigos parecem que estão prestes a vencer, e o exército dos amigos afrouxa, Deus, por qualquer meio providencial, restabelece o combate, e a vitória pertence àquele que se chama «Rex regum, Dominus dominantium: O Rei dos Reis e o Senhor dos senhores». Os meios sobrenaturais escolhidos ordinariamente para alcançar este fim são as novas devoções.

4) Qual foi a primeira fase do reinado de Jesus Cristo?

Os três primeiros séculos foram uma era de conquista e de preparação; três milhões de fiéis compraram à custa do seu sangue a entrada no reino de Jesus Cristo.

5) Qual foi a segunda fase do reinado de Jesus Cristo?

Foi uma era de triunfo; então o reino de Jesus Cristo tornou a sua forma regular. Era preciso uma bandeira que o simbolizasse e o representasse; com efeito, os cristãos não tinham ainda um sinal oficial. Qual será ele? Um milagre vai designá-lo. No dia 28 de outubro de 312 a cruz apareceu a Constantino com estas palavras: «Por este sinal vencerás». A cruz, que até então tinha sido um objeto de horror (era o patíbulo dos criminosos), transformou-se então num objeto de admiração.
Visão do Imperador Constantino: In hoc signo vinces 
(Com este Sinal Vencerás)
(Foto: IPCO)

Apoderou-se logo dos cristãos um santo entusiasmo por este sinal de salvação; por meio dele operavam maravilhas de virtude e de heroísmo, e, muitas vezes, verdadeiros milagres. Reinava a santa loucura da cruz, que transformava os fiéis em crucificados vivos; e muitas vezes esta crucifixão interior apareceu exteriormente; S. Francisco de Assis fornece-nos um exemplo, mas houve muitos outros santos que receberam os sagrados estigmas.

Satanás, não podendo sofrer com tal entusiasmo pela cruz, declarou-lhe guerra de morte. Incitou os hereges, especialmente os protestantes, que a proscreveram [baniram, expulsaram ...], os jansenistas que a desfiguraram, os filósofos que a escarneceram, e mais ainda, até os cristãos, por mero respeito humano, deixaram esfriar o santo amor da cruz!

Que há de fazer o divino Rei para reunir o seu exército fiel e fortificá-lo para os combates dos últimos tempos?

6) Qual é a terceira fase do reinado de Jesus Cristo?

Lá pelo ano de 1673, Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu a Santa Margarida Maria, e apresentando-lhe a imagem do seu divino Coração, disse-lhe: «Eis um novo mediador; é o ultimo esforço do meu amor para salvar ainda uma vez o mundo. Por ele quero reinar. Sim! O meu divino Coração reinará!»

Revelou-lhe então, numa série de visões, que se repetiram durante quase vinte anos, o programa da nova forma do seu reinado neste mundo, e encarregou-a de o realizar. Deu-lhe a conhecer que nos últimos séculos queria reinar pelo seu divino Coração, como nos primeiros tinha reinado pela devoção à Santa Cruz. A devoção ao Sagrado Coração deve produzir uma efusão tão abundante dos frutos da Redenção, que à Santa Margarida Maria diz que o Sagrado Coração: é como que um novo Mediador.

7) Qual é então rigorosamente o fim que levou Nosso Senhor a querer que a devoção ao Sagrado Coração se espalhasse por todo o mundo?

Estabelecer o reinado do Coração de Jesus nas almas, no lar doméstico, nas nações e na Igreja, tal é o fim da devoção ao Sagrado Coração; reinado admirável cujas leis fundamentais e caráter distintivo à Santa Margarida Maria vai nos indicar.

Continua nesta sexta-feira...



NOTA: Substituímos a designação da Vidente de “Bem-aventurada” por “Santa” Margarida Maria.




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FONTE: livro, em formato PDF: “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque”, por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmartre, Editor Manoel Pedro dos Santos, Lisboa/1907, Segunda Parte – O Reinado do Coração de Jesus. Como Ele Deseja Reinar, pp. 55 a 58 – Texto revisto e atualizado, sendo alguns destaques por nós acrescentados.

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