SANTA MARGARIDA MARIA: O CORAÇÃO DE JESUS É UM LIVRO ABERTO A NOS ENSINAR O CAMINHO DO SEU PURO AMOR
O Coração de Jesus: "livro da vida" e escola de amor (Foto: O Fiel Católico) |
“'Aprendei
de mim … ponde-vos em minha escola …' (MT 11,29) Jesus nos
convida a nos deixarmos instruir, a nos tornar atentos porque ele têm
palavras de vida, porque sua Mensagem não vem dos homens, mas Deus,
porque não é um fardo pesado, mas um apelo a amar.
Quem
diz 'escola' diz também 'livros'. Margarida Maria lia
a Bíblia, pelo menos o Novo Testamento. Dispunha também de autores
espirituais. E Jesus lhe fornecia outro 'manual', seu próprio
Coração, que é 'livro da vida'.
Fazendo minha leitura para preparar a fala depois das Vésperas, meu Bem-Amado apresentou-se diante de mim: Quero te fazer ler no livro da vida onde está contida a ciência do amor. E, descobrindo-me seu Sagrado Coração, deixou-me ler estas palavras: Meu amor reina no sofrimento, triunfa na humildade e se alegra na união. Isto se imprimiu tão forte em meu Espírito que jamais esqueci. (S. 35)
No
fim de sua vida, quando a doença a tornou incapaz de fixar a atenção
na leitura espiritual, Margarida Maria se voltava livremente a este
'livro' inesgotável:
O amável Coração de Jesus se abriu a mim como um grande livro, em que me fazia ler lições admiráveis de seu puro amor, o qual não se deixa vencer por minhas resistências, porque frequentemente combato com ele, mas ele permanece sempre vitorioso e eu confusa; nunca houve tão bom diretor, pois ensinando dá o meio de fazê-lo, ou melhor, ele mesmo o faz. (C. 135)
Nos
primeiros anos de sua vida religiosa, Margarida Maria recebera o
Coração de Jesus como um 'Mestre'
em que ela encontraria repouso, abrigo e força nas fraquezas.
Meu Senhor apresentou-se a mim e me descobriu seu Coração amoroso: Eis o mestre que eu te dou, que te ensinará tudo o que deves fazer pelo meu amor. Por isso tu serás a discípula bem-amada. Experimentei grande alegria e não sabia que ação de graças dar ao meu libertador. Eu me encontro tão abandonada a este divino mestre de amor que não mais posso recorrer a outrem em minhas necessidades ou dificuldades, por maiores que sejam. (S. 27)
Mesmo
se isto nos afasta da via comum, não é possível silenciar que
desde sua juventude e ao longo de toda a sua vida Margarida Maria
teve um só 'diretor'.
E Jesus não cedia neste ponto. Não, disse ele: 'Só tens
um único mestre, o Cristo'?
[Mt 23,10] Antes de entrar no
mosteiro, num cuidado pela renúncia de sua vontade própria para
aceitar a obediência, Margarida Maria dirigi-se ao Senhor:
– Dai-me alguém que me conduza até Vós.
– Precisas de alguém além de mim? O que temes? Uma criança tão amada como eu te amo poderá perecer nos braços de um Pai onipotente?
O
tempo passa. Jesus confia uma missão a Margarida Maria e lhe indica
Pe. La Colombière para ajudá-la nessa tarefa. Mas o padre deve
deixar Paray pela Inglaterra. Margarida Maria submete-se à vontade
de Deus, mas propondo algumas questões. Jesus a convida para o
perfeito abandono.
Quando quis refletir nisto, o Senhor respondeu-me: Como? Eu não te basto, eu que sou teu princípio e teu fim? Não importava ter de abandonar tudo, porque eu tinha a certeza de que ele me proveria todo o necessário. (Aut. 93)
Mestre
único, Jesus também seria Mestre exigente. Em sua juventude,
Margarida Maria se dizia inclinada ao amor do prazer e do
divertimento. Mas a dolorosa figura do Salvador flagelado
apresentava-se a ela para lhe dirigir estas queixas:
Tu gostarias deste prazer? E eu que nunca pude ter prazer algum e me entreguei a toda espécie de amarguras, por amor a ti e para conquistar teu coração? Mesmo assim ainda queres tirá-lo de mim! Tudo isso impressionava muito a minha alma, mas declaro sinceramente que não entendia nada disso, tanto eu tinha um espírito grosseiro e pouco espiritual, e eu não fazia nenhum bem porque ele pressionava tão fortemente que não podia resistir, e isso era para mim objeto de confusão (Aut. 21).
Certo
dia Margarida Maria se queixa que o Senhor a prende na doçura de seu
amor …
Ele me respondeu que cabia a mim submeter-me indiferentemente a todas as suas disposições, e não lhe dar leis, e eu te farei compreender em seguida que sou um sábio e prudente diretor, que sei conduzir as almas sem perigo, quando elas se abandonam a mim, esquecendo-se delas mesmas (Aut. 52).
Esquecimento
de si, abandono, silêncio: três atitudes essenciais da vida
espiritual que Jesus ensinará a Margarida Maria:
Eu me abandonei inteiramente ao Sagrado Coração de Jesus Cristo e o escolhi para meu diretor, fazendo-me ele essa caridade. Eu vos declaro que ele nada poupou; corrigindo-me, ele me impôs e me fez sofrer o castigo por minhas faltas. Ele não quer que eu pense que me fazem algum mal quando me dão sofrimento, impondo-me rigoroso silêncio sobre isso (C. 86).
“'Meu
amor não será ocioso em ti':
tais palavras de Jesus a Margarida Maria lhe foram dirigidas por
ocasião do retiro de 1678. Desde sua juventude, contemplando o
Crucifixo, tivera a intuição de sua vocação particular: Jesus a
queria conformar à sua vida de sofrimento.
Passava noites … a derramar lágrimas junto ao meu Crucifixo, que me fazia ver, sem que nada compreendesse, que ele queria se tornar o Senhor absoluto de meu coração e me queria em tudo conforme à sua vida sofredora. Por isso queria ser meu senhor, fazendo-se presente à minha alma para que eu agisse como ele agiu em meio a seus cruéis sofrimentos. E ele me fazia ver que tudo sofrera por meu amor (Aut. 8).
Santa Margarida Maria Alacoque |
Na
oração, habitualmente, Margarida Maria recomenda a disponibilidade
para que o Senhor nos ensine a conformar nossa vontade à sua:
Permanecei sempre, na vossa oração e em outras situações, diante de Nosso Senhor, como discípulo diante de seu mestre que lhe quer ensinar a cumprir sua vontade, pela renúncia à sua vontade própria (Av. 43).
No
final de sua vida, Margarida Maria evoca uma palavra de Jesus que
ilumina o cuidado particular que ele teve em formá-la:
Eu me fiz a mim mesmo teu mestre e teu diretor para te dispor ao cumprimento deste grande projeto e para te confiar este grande tesouro que te mostro aqui a descoberto (C. 133).
“Não
é de admirar quando se encontra na 'pequena
consagração'
esta oração confiante:
Ó Coração de amor! Coloco toda a minha confiança em vós, porque tudo temo de minha fraqueza, mas tudo espero de vossas bondades (O. 25).”
☞ LEGENDAS
DAS FONTES (citadas):
S.:
Escritos compostos a pedido da madre de Saumaise;
Aut.:
Autobiografia (vida escrita pela santa)
C.:
Cartas
Av.:
Avisos (para as noviças)
O.:
Orações
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FONTE:
livro “Na Escola
do Coração de Jesus com Margarida Maria [itinerário espiritual]”,
Pe. Gérard Dufour, Edições Loyola, São Paulo/2000, excertos do Cap.
1 - “Um Mestre Atento a Seus Discípulos”, pp. 19 a 23 - O
título da postagem é nosso, assim como alguns destaques e as
citações bíblicas.
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