1.
ORIGEM
DA
HORA SANTA1
Ao
amantíssimo Coração de Jesus, cujas delicias são estar com os
homens, é que devemos a origem do pio exercício chamado Hora
Santa. Aparecendo
um dia
à Bem-aventurada Margarida Maria (hoje Santa), o divino Salvador
manifestou-lhe até que excesso ele tinha amado os homens, e
queixou-se amargamente de não receber deles senão a ingratidão,
coisa que
mais sinto que tudo o que sofri na minha Paixão, ajuntou
ele. Se os homens me retribuíssem com algum amor, em pouco estimaria
o que fiz
por eles.
Mas eles só tem frieza e repulsas a respeito de todos os meus
anseios de lhes fazer bem. Tu, ao menos, dá-me este prazer, de
suprir a ingratidão deles quanto te for possível. Isto é o que te
peço:
«Primeiramente, receber-me-ás no Santíssimo Sacramento todas as vezes que a obediência te permitir. Além disto, comungarás todas as primeiras sextas-feiras de cada mês. E todas as noites da quinta para a sexta feira, far-te-ei participar da tristeza mortal que eu quis sentir no jardim das Oliveiras; e esta participação de minha tristeza te reduzirá a uma especie de agonia mais difícil de suportar do que a morte. Tu me acompanharás na humilde súplica que apresentei então a meu Pai em todas as minhas agonias; e para isto, levantar-te-ás entre as onze horas e meia noite, e ficarás prostrada comigo durante uma hora com a face contra a terra, tanto para aplacar a ira divina, pedindo misericórdia pelos pecadores, como para honrar e suavizar de algum modo a amargura que senti quando meus apóstolos me abandonaram: é o que me constrangeu a lhes repreender o não terem podido velar uma hora comigo.»
A
bem-aventurada (Santa Margarida) foi fiel a esta hora de adoração,
e o Coração de Jesus, que nunca se deixa vencer em generosidade,
soube recompensá-la com inumeráveis favores.
Daí
é que
vem o costume, entre as almas fervorosas, de consagrar a
oração
uma hora da noite da quinta para a sexta-feira, a fim
de honrar
as dores do
Coração de Jesus no jardim de Gethsêmani.
2.
MANEIRA
FÁCIL DE FAZER
A
HORA SANTA
Muitas
pessoas não fazem a Hora Santa, porque exageram a dificuldade deste
exercício.
É
bom saber,
portanto, que este pio exercício pode ser praticado a toda hora, e a
toda hora
agradará
ao Coração do divino Mestre; entretanto, é melhor fazer na hora
indicada por Jesus Cristo, ou ao pôr-se do sol ou depois disto. O
lugar e a
postura não são de rigor; é indiferente que seja na igreja, em
casa, no caminho: que se fique de joelhos, em pé ou sentado. É
também permitido dividir esta hora em diversos exercícios de
piedade, por exemplo: pode-se ler durante um quarto de hora algumas
reflexões sobre a Paixão; um
segundo
quarto de hora seria empregado em meditar o que se leu; o terceiro,
em fazer a Via-Sacra; o quarto,
em rezar a
corôa das
sete dores
de Nossa Senhora. Numa palavra, cada qual pode rezar as orações
mais convenientes à
sua
devoção. É então o momento favorável para orarmos pela santa
Igreja, pelo nosso santo Padre o Papa, por
nossa
família, pela propagação
da fé,
pela conversão dos pecadores, pelos agonizantes, pelas almas do
purgatório,
etc.
Vê-se
que a Hora Santa, assim compreendida,
pode muito facilmente ser praticada em
comum no
santuário da família; dessa forma,
tornar-se-á
ainda mais agradável ao Coração
de Jesus, que
disse no Evangelho: Quando
dois ou três entre vós estiverem reunidos em meu
nome,
estarei no meio deles.
(Mt 18,20)
Poder-se-ia
até fazer
servir para a Hora Santa o tempo empregado para a confissão. Indo à
igreja de tarde, o cristão imagina que acompanha
Jesus
Cristo ao ir para o jardim das Oliveiras; chegado
ao lugar
santo, põe ante os olhos da alma, pelo exame de consciência, os
pecados que cometeu e que já eram presentes ao
espírito do
divino Salvador no momento de sua agonia; chorará então com Jesus
estes pecados, fazendo fervorosos atos de contrição; depois,
confessa-os ao padre como se fosse a Jesus Cristo mesmo; enfim,
cumpre a
penitência
imposta, e toma de novo a resolução de não cair mais nas faltas
que causaram tantas amarguras a este Coração tão digno de amor. Aí
está um
excelente
método para se fazer a Hora Santa e a confissão; e quão fácil,
proveitoso, e ao alcance de todos.
Nosso Senhor Jesus Cristo no Gethsêmani |
Para
facilitar, o mais possível, este precioso exercício,
oferecemos
aqui doze meditações (tiradas das obras de Santo Afonso), sobre as
aflições do Coração de Jesus no jardim das Oliveiras. Damos doze
delas (que publicaremos mês a mês, como no início do mês
corrente),
porque
nosso principal intuito é
a
celebração da primeira sexta-feira do mês e a comunhão nesse dia,
sendo a
Hora Santa
sua preparação natural. Também, não deixemos de animar os fieis,
ainda os mais ocupados, a oferecer esta homenagem ao divino Coração
que tanto nos ama. A Hora Santa será para nós escola das maiores
virtudes, tesouro de graças inapreciáveis, fonte de consolações
não raramente necessárias neste vale de lágrimas, enfim, penhor de
proteção especial da parte do Coração de Jesus. Então o Salvador
não dirá mais com o Profeta: Eu
busquei quem me consolasse
e não
encontrei
(Sl 68,21) mas
verá em nós a realização desta palavra do Espírito Santo: Ele
será consolado em seus servos.
(II Mc 7,6),
3.
ORAÇÕES PARA A HORA SANTA
– I
–
SÚPLICAS AO
CORAÇÃO DE
JESUS,
PELO MERECIMENTO PARTICULAR DE CADA UMA DAS DORES QUE SOFREU NA
SUA PAIXÃO
Terno
Coração de meu Jesus, pela humilhação a que vos quisestes
submeter lavando os pés de vossos discípulos, eu vos rogo me
concedais a verdadeira humildade que me faça abater-me diante de
todo o mundo, e particularmente ante aqueles que me desprezam.
Terno
Coração de meu Jesus, pela tristeza mortal que padecestes no Jardim
das Oliveiras, eu vos rogo me preserveis da tristeza do inferno, onde
ver-me-ia obrigado a ficar para sempre longe de vós e sem poder vos
amar.
Terno
Coração de meu Jesus, pelo santo horror que tivestes de meus
pecados, sempre presentes a vossos olhos, dai-me verdadeira dor de
todas as ofensas que vos tenho feito.
Terno
Coração de meu Jesus, pela dor que sentistes, quando Judas vos
traiu com um ósculo, fazei que eu vos seja fiel, e não vos traia
mais, como fiz no passado.
Terno
Coração de meu Jesus, pela dor que sofrestes, quando vos amarravam
como a um malfeitor para serdes conduzido ante os juízes, eu vos
conjuro me ligueis a vós pelas suaves cadeias de vosso amor, de
sorte que não me veja nunca mais separado de vós, que sois meu
único bem.
Terno
Coração de meu Jesus, por todos os desprezos, bofetadas, escarros,
que recebestes durante a noite passada na casa de Caifás,
dai-me a
força de sofrer com paciência, por amor de vós, todas as afrontas
que eu receber dos homens.
Terno
Coração do meu Jesus, pela zombaria que Herodes vos fez sofrer,
tratando-vos como louco, dai-me a graça de suportar com paciência
todas as injúrias que me fizerem os homens, chamando-me vil, louco
ou mau.
Terno
Coração de meu Jesus, pelo ultraje que vos fizeram os judeus,
quando a vós preferiram Barrabás, dai-me a graça de sofrer com
paciência, que os outros me sejam injustamente preferidos.
Terno
Coração de meu Jesus, pela dor que quisestes sofrer no vosso
santíssimo corpo, tão cruelmente flagelado, fazei que eu suporte
com paciência tudo o que tiver de padecer nas enfermidades, e
especialmente na morte.
Terno
Coração de meu Jesus, pela dor que causou à vossa adorável cabeça
a coroa de espinhos, concedei-me a graça de jamais consentir em
pensamentos que vos desagradam.
Terno
Coração de meu Jesus, pela bondade com que aceitastes a morte de
cruz, a que Pilatos vos condenou, fazei que eu aceite com resignação
a morte que me espera, e todas as dores que devem acompanhá-la.
Meu
Jesus, por tudo quanto padecestes ao levardes a Cruz até ao
Calvário, dai-me a graça de sofrer com paciência todas as cruzes
de minha vida.
Meu
Jesus, pela dor que padecestes, quando cravaram vossas mãos e pés
na Cruz, eu vos rogo que craveis minha vontade a vossos pés, a fim
de só querer o que vos quereis.
Meu
Jesus, pela amargura que vos causou o fel que vos deram a beber,
fazei-me a graça de não vos ofender mais pela intemperança no
beber e no
comer.
Terno
Coração de meu Jesus, pela pena que sentistes na Cruz, ao
despedir-vos de vossa Mãe Santíssima, livrai-me das afeições
desordenadas para com meus parentes ou outras criaturas, a fim de que
meu coração seja todo inteiro e sempre vosso.
Terno
Coração de meu Jesus, pela angústia, que padecestes no momento de
vossa morte, vendo-vos abandonado até de vosso Pai eterno, dai-me a
graça de levar com paciência todas as minhas aflições, sem jamais
perder a confiança em vossa bondade.
Meu
Jesus, pelas três horas de tormento e agonia que precederam vossa
morte sobre a cruz, fazei-me a graça de suportar com resignação,
por amor de vós, as dores de minha agonia.
Terno
Coração de meu Jesus, pela extrema dor que sentistes quando vossa
santa alma separou-se de vosso adorável corpo, fazei que no momento
de minha morte renda eu o meu espirito, oferecendo-vos meus
padecimentos com um ato de amor perfeito, para ir em seguida vos ver
face a face no céu e vos amar com todas as minhas forças por toda a
eternidade.
Sagrado Coração de Jesus e Santa Margarida Maria Alacoque |
E
vós,
ó doce Virgem Maria, minha Mãe, pela espada de dor que vos
traspassou o Coração, quando vistes vosso amadíssimo Filho
inclinar a cabeça e expirar, dignai-vos de me assistir na
hora
da morte, a fim de que vá
vos
bendizer e dar ação de graças no
paraíso
por todos os bens que me tiverdes obtido do Coração de Jesus.
– II
–
SENTIMENTOS
DE
CONFIANÇA
Meu
Jesus, quando considero meus pecados, o terror e o espanto se
apoderam de mim, mas vosso Coração aberto para mim, dá-me
segurança e consolação; vós não me recusareis o perdão que
imploro, pois me destes vosso sangue e vossa vida. Ó
Chagas
de Jesus, ó Coração de Jesus, vós sois minha esperança.
Amadíssimo
Redentor meu, na hora de minha morte, quando o inferno me assaltar
com os últimos e mais violentos combates sede meu sustentáculo. A
morte cruel que sofrestes por mim, me faz esperar morrer em estado de
graça e abrasado em ardente amor para convosco. Pela agonia de três
horas que padecestes na cruz, concedei-me a força de sofrer com
resignação e por vosso amor, todas as penas de minha agonia. E
vós,
ó Maria, pela dor que sofrestes vendo expirar Jesus, vosso
amadíssimo Filho, obtende me a graça de expirar fazendo um ato de
amor a Deus, a fim
de
que tenha a felicidade de ir amá-lo eternamente convosco no paraíso.
Meu
terno Jesus, espero que, por vossos merecimentos, me perdoareis todas
as injúrias que vos tenho feito. Ah! Posso duvidar disto, ó meu
amor crucificado, quando vos vejo morto para me perdoardes? Posso
duvidar de vossa misericórdia, quando sei que ela vos fez descer do
céu para virdes a
procura
de minha alma? Temerei que os pecados que tenho cometido, e dos quais
sinceramente me arrependo, me privem para sempre de vossa graça,
depois de terdes derramado todo vosso sangue para apagá-los e
fazer-me recobrar, por este meio, vossa
cara amizade? Vejo, Senhor, que quereis minha salvação, pois me
fazeis detestar minhas iniquidades, conhecer pela luz com que me
esclareceis, a vaidade das coisas deste mundo e o amor ao vosso
sagrado Coração, e me inspirais o desejo de ser todo para vós! Ah!
Tomo a resolução de me salvar, para
ir celebrar eternamente no céu vossas misericórdias.(Sl
88,2) Oxalá
conserve sempre no fundo de minha alma o pesar de ter afligido tanto
vosso Coração e o desejo de vos amar com todas as minhas forças!
Meu
amadíssimo Redentor e Soberano Juiz, quando na minha morte eu
comparecer diante de vós, não
me rejeiteis de
vossa presença.
Não
me envieis para o inferno, porque nesse abismo é impossível que eu
vos possa amar. Não permitais que vossas chagas, prova de vosso amor
para comigo, constituam meu tormento durante toda a eternidade.
Perdoai-me antes que soe a hora do juízo. Fazei que não vos veja
irritado, quando pela primeira vez aparecer ante vós; nessa ocasião,
põe-me no número de vossos eleitos. Vosso Coração, tão cheio de
ternura e misericórdia, faça-me esperar a felicidade de vos ver no
paraíso.
Ó
Rainha
do céu, Mãe de Deus, minha esperança, refúgio dos pecadores,
tende compaixão de mim.
– III
–
SENTIMENTOS
DE CONTRIÇÃO
Coração
infinitamente misericordioso de Jesus, pelo horror que tivestes de
meus pecados no Jardim das Oliveiras, dai-me verdadeira dor de
todas
as ofensas que vos tenho feito. Malditos pecados, eu vos detesto,
pois me fizestes perder a graça de Deus! … Reconheço o mal que
fiz separando-me de vós, ó meu Bem supremo; antes sofrer todas as
penas, todas as misérias, todos os suplícios, que vos (voltar a )
ofender uma só vez. Que maior mal podia eu cometer que consentir em
perder vossa graça? Ah! Meu Jesus, nada me aflige tanto como vos ver
desprezado, sendo como sois, a bondade infinita! Agradeço-vos,
Coração misericordioso de Jesus, a consoladora promessa que haveis
feito aos pecadores, de
esquecerdes suas faltas quando se arrependem de as ter cometido.
(Ez 18,22) Tudo
isto é fruto de vossas dores. Ó
agonia,
ó misericórdia, ó amor do Coração de Jesus, sois minha
esperança.
Pois,
no momento mesmo em que eu pensava em vos ofender, pensáveis vós em
me fazer misericórdia! E depois de meu pecado, quando eu não
pensava em me arrepender, pensáveis vós em me atrair à penitência.
Miserável que sou, fiz tudo o que pude para me condenar; e vós, meu
Jesus, fizestes tudo o que pudestes para me salvar! Eis aí qual tem
sido o meu procedimento para convosco, ó meu Deus, soberano Senhor
meu, bondade infinita, digno de amor infinito, que tanto me haveis
amado! Mas vós declarastes que
não podeis desprezar um coração que se humilha e se arrepende (Sl
51);
sim,
eu me arrependo de vos ter ofendido; recebei-me então na vossa
graça, eu vos suplico pelo sangue que derramastes por mim. Ó
Maria,
esperança dos pecadores, obtém-me do Coração
de Jesus o perdão de todos os pecados que cometi.
Santo Afonso Maria de Ligório |
– IV
–
SENTIMENTOS
DE BOM PROPÓSITO
Meu
terno Jesus, tomo a resolução de tudo perder antes que perder vossa
graça. Eu sou fraco, mas vós sois forte; vossa força me tornará
forte contra todos os meus inimigos. Sob vossa proteção, que posso
temer? Não permitais, ó benigníssimo Salvador, que eu me separe
jamais de vós. Assisti-me nos perigos, e fazei que eu não deixe de
recorrer à vossa assistência na hora das tentações. Tenho vivo
desejo de vos ser fiel e de só para vós viver todo o tempo que me
resta para passar sobre a terra. Dá-me as forças que me são
necessárias.
Aumentai
em mim, ó Coração puríssimo de Jesus, o temor de vos desagradar.
Eu tremo à vista de minhas infidelidades passadas; mas vossos
merecimentos e as graças multiplicadas que me tendes feito, dão-me
confiança. Espero que não me abandonareis agora que vos amo; tenho
como fiadora a misericórdia que usastes comigo, quando eu não
pensava em vos amar. Não me fio de minhas próprias forças, pois,
de experiência, sei o que elas valem; mas repouso inteiramente em
vossa bondade, e eis aqui porque espero não me separar mais de vós.
Divino
Redentor meu, decidido estou a não me separar mais de vós. Ainda
quando todos os homens vos abandonem, eu vos quero permanecer fiel, a
custo de minha própria vida. Protesto que, ainda que não houvesse
paraíso nem interno, eu não quereria cessar de vos
amar, pois, ó
meu
amor, vós sois digno de ser infinitamente amado.
Ah!
Se eu pudesse recomeçar minha vida, desejaria empregá-la somente em
vos amar! Ma os anos perdidos não voltam mais. Graças vos dou por
me terdes suportado até este dia, e não me terdes precipitado no
inferno como merecia. Porque me haveis assim poupado, justo é que eu
vos consagre o resto de minha vida; quero que todos os meus
pensamentos, afetos e desejos sejam inteiramente vossos.
Amadíssimo
Jesus, para me apegar a vós, não quero esperar o momento em que
vossa santa imagem a de ser apresentada a meus lábios moribundos.
Desde agora, eu me dou a vós. E
na
minha última hora, quando estiver abandonado de todos e de tudo, não
me abandoneis vós que sois meu Redentor. Recebei-me no vosso Sagrado
Coração, e fazei que eu exale meu derradeiro suspiro abrasado no
vosso amor, para que tenha a felicidade de ir vos amar eternamente no
céu.
– V
–
SENTIMENTOS
DE
AMOR
Todos
os anjos e todas as criaturas louvem para sempre vossa caridade
infinita para com os homens, ó Coração amantíssimo de Jesus! Oh!
quem me dera alcançar com o sacrifício de minha vida, que sejais
amado de todo o
mundo!
Aceitai este desejo, e concedei-me a
graça
de sofrer alguma coisa por vós antes de minha morte.
Ó
Coração
infinitamente misericordioso, vós previstes as ofensas de que eu me
tornaria um
dia
culpado contra vós, e preparastes meu perdão; previstes minha
ruína, e me preparastes o remédio; previstes minhas ingratidões, e
preparastes para mim remorsos, temores, luzes, convites para
penitência, consolações espirituais e mil outros sinais de ternura
que queríeis prodigalizar-me! Parece então que quisestes ver quem
triunfaria, eu vos ofendendo, e vós acumulando-me de graças; eu
provocando vossa ira, e vós atraindo-me a vosso amor! Ó Verbo
Encarnado, Homem de dores, nascido para viver no padecimento, ó
primeiro e último dos homens: primeiro, porque sois Deus, soberano
Senhor de todas as coisas; último, porque consentistes em ser
tratado na terra como o mais vil de todos os homens; ó Cordeiro
divino, ó amor infinito, digno de infinito amor, eu vos amo. Vós
vos destes todo a mim sem reserva, na vossa Paixão e no Sacramento
do Altar; eu me dou todo a vós sem nada reservar.
Falai,
ó desgraçados réprobos! Dizei-nos qual é vosso mais cruel
tormento? É o fogo que vos atormenta, ou o amor que o Coração de
Jesus vos tem? Ah! Certamente, o inferno de vosso inferno é ver que
um Deus desceu do céu para vos salvar, e que vós, fechando os olhos
à
luz,
quisestes voa perder, e perder um bem infinito, vosso Deus, que não
é mais para vós e que não podeis mais recobrar.
Ah!
Meu Jesus, meu tesouro , minha vida, minha consolação, meu amor
meu tudo, graças vos dou por vos terdes dignado
de me iluminar. Eu vos conjuro, rompei as cadeias das afeições
desordenadas que impedem de me unir inteiramente a
vós,
e ligai-me ao vosso Coração com as suaves cadeias de vosso amor,
mas ligai-me tão
estreitamente
que eu não possa mais separar-me de vós.
Quereis
meu amor, Senhor, bem o vejo: para isto é que não me atirastes
ainda no inferno, e me convidais há tantos anos, clamando-me sem
cessar: Alma querida, consagra-me todo o amor de teu coração. Pois
bem! Dai-me vosso amor com vossa santa graça, e rico serei; nada
mais terei que desejar.
– VI
–
SENTIMENTOS
DE CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS
Terno
Coração de Jesus, cada vez que eu disser: Deus seja bendito! –
ou: Faça-se a vontade de Deus! –
Proponho por este
meio
aceitar todas as disposições de vossa providência a meu respeito,
no tempo e na eternidade.
Não
quero outro estado de vida, outra casa, outro alimento,
outra saúde, outras vestes que as que me derdes. Não quero outra
fortuna, outro emprego, outros talentos
que os que me haveis destinado.
Se
quereis que meus negócios não saiam bem, meus projetos se esvaeçam,
meus processos se percam, tudo que possuo seja roubado, eu o quero
também.
Se
quereis que eu seja desprezado,
odiado, abandonado, difamado, maltratado, até por aqueles a quem
tenho mais amor, eu o quero também.
Se
quereis que eu seja privado de tudo, banido de minha pátria,
encerrado num calabouço, e viva em penas e agonias continuas, eu o
quero também.
Seja
tudo como for de vosso agrado e pelo tempo que quiserdes. Minha vida
mesma ponho entre vossas mãos; aceito a morte que me destinais, e
todas as penas que devem acompanhá-la. Uno minha morte à
vossa
ó meu Salvador, e vo-la ofereço em testemunho de meu amor para
convosco. Quero morrer para vos agradar e cumprir vossa divina
vontade.
Ó
Jesus,
Maria, José, objetos de meu amor, sofra eu por vós, por vós morra,
seja eu todo para vós e mais de modo nenhum para mim mesmo.
☞
NOTA
DO BLOG:
Estas são as orações que constam do livro abaixo descrito, e podem
rezadas de forma total ou parcial, bem como outras orações podem
ser acrescentadas, como, por exemplo: atos de consagração, atos de
desagravo ao Sagrado Coração, a ladainha do Coração de Jesus …
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_________
FONTE: livro “O Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês”, tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 190 a 204 – Texto revisto, atualizado e adaptado para o português do Brasil – O título é nosso)
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