«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 7 de setembro de 2018


PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE SETEMBRO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


CORAÇÃO DE JESUS, AMIGO DAS ALMAS CASTAS

(Por Santo Afonso de Ligório)


O Coração de Jesus consagra afeto especial às virgens e almas puras; elas lhe são tão caras como os anjos. Tais são os atrativos da virtude da castidade; também, diz Santo Ambrósio, aquele que a guarda, é um anjo, aquele que a perde, é um demônio. Uma alma casta é a esposa predileta do Coração de Jesus: Eu prometi a Jesus Cristo, diz S. Paulo, apresentar-lhe vossas almas como esposas castas. (2 Cor 11, 2) Está escrito que o Esposo divino se nutre entre os lírios. (Ct 2, 16) Estes lírios são as almas que se conservam puras para agradar a Deus. Um interprete nota sobre esta passagem dos Cânticos, que, como o demônio se sustenta das manchas da impureza, assim o Coração de Jesus se nutre dos lírios da castidade.

Esta virtude, alcançada em grau supremo, é que formou a união mais íntima entre Jesus e Maria, a virgem das virgens. Esta união de amor foi tal que, como Maria mesma revelou a Santa Brígida, seu Coração não formava senão um com o Coração de Jesus. Esta virgem incomparável apareceu tão bela aos olhos do Senhor, que ele ficou arrebatado por sua beleza, e por isso lhe chama sua única columba, sua única perfeita. (Ct 6, 3) Quanto mais um coração é puro, diz Alberto o Grande, tanto mais se enche de amor divino. Daí vem que o amor sagrado feriu e traspassou de tal modo o Coração de Maria, que não ficou parte alguma dele que não fosse abrasada. S. Bernardino atesta que ela nunca foi tentada pelo inferno; porque, diz ele, como as moscas se afastam de um grande fogo, assim os demônios eram repelidos para longe do Coração de Maria, que era uma chama de caridade tão intensa, que eles não ousavam aproximar-se dela. Seu sono mesmo não a impedia de amar a Deus atualmente. Ela podia então dizer com seu divino Filho: Eu durmo e meu Coração vela, (Ct 5, 2) meu Coração ama, meu Coração não cessa de se unir ao Coração de meu Amado. ó efeitos admiráveis da pureza!
O Santo Trânsito de São José, amparado por Jesus
e Maria Santíssima

A grande pureza de S. José é que lhe mereceu a gloria incomparável de ser escolhido para pai nutrício de Jesus; sua pureza mereceu-lhe a felicidade de viver na intimidade do Filho de Deus, de ser ternamente amado por ele, de poder tantas vezes estreitar sobre seu coração o Coração ardente de Jesus Cristo. Ah! Que afetos deviam penetrar o coração de S. José, quando levava em seus braços este amável Menino, e lhe fazia ou recebia ternas carícias, e ouvia sair de sua boca as palavras de vida eterna, que, como outros tantos dardos inflamados, abrasavam sua bela alma! Entre as pessoas que se amam muitas vezes o amor esfria à medida que a frequência é maior, porque quanto mais os homens conversam, tanto mais descobrem um os defeitos do outro. Isto não sucedia com S. José: quanto mais ele conversava com Jesus, mais admirava sua santidade, e quanto mais o admirava, mais o amava. Ele teve o favor inefável, depois de ter apertado a Jesus tantas vezes contra seu coração, de exalar o ultimo suspiro nos braços e sobre o Coração de Jesus: Tais foram as relações deste esposo virgem com seu Deus.

S. João era o discípulo amado de Jesus, porque primava pela pureza. Na última ceia, ele teve a ventura de reclinar a cabeça sobre o peito e o Coração do seu divino Mestre. (Jo 13, 25) Ó discípulo de predileção, vós sentistes então toda a ternura do Coração ardente de Jesus para com aqueles que o amam!… Se queremos também tornar-nos caros ao Coração de Jesus e merecer suas ternas consolações, procuremos primar na castidade, sabendo que todas as riquezas da terra não são nada em comparação de uma alma casta. (Eclo 26, 20) Por ser maior o valor desta virtude, mais terrível é a guerra que a carne faz ao homem para lhe arrebatar este tesouro. Para conservai-o, pois, é necessário empregar toda a vigilância possível.

Primeiro, é necessário fugir da ocasião. Fugi do pecado, diz o Espírito Santo, como se foge de uma serpente. (Eclo 21, 2) Não se contenta de fugir da mordedura das serpentes; foge-se de seu contato, foge-se até de sua vizinhança. Se pessoas há que podem ser para nós ocasião de queda, devemos fugir até de sua presença e conversação. O casto José não quis nem escutar o que a mulher de Putifar tinha começado a lhe dizer: fugiu logo, persuadido que era perigoso parar para a ouvir.
S. João, o "discípulo amado", reclinando a
cabeça sobre o peito de Jesus,
na Santa Ceia.

Importa ainda, se queremos ser castos, fugir à ociosidade. O Espírito Santo nos adverte que a ociosidade ensina a cometer muitos pecados. (Eclo 33, 29) Mas diz Santo Isidoro, o trabalho amortece o fogo da concupiscência.

Pratiquemos alem disto a humildade e a mortificação. A carne que não é mortificada, dificilmente se submete ao espírito. A castidade conserva-se no meio das mortificações, como o lírio no meio dos espinhos. Quanto aos orgulhosos, Deus os pune permitindo que caiam em alguma falta vergonhosa: Priusquam humiliarer, ego deliqui. (Sl 118) S. Bernardo diz: Pela humildade é que se obtém a castidade.

O mais necessário, porém, é a oração. Cumpre orar e orar continuamente; porque para praticar uma virtude qualquer, tem-se necessidade da graça de Deus, e com muito mais razão é necessária, para conservar a castidade, uma graça poderosa, vista a violenta inclinação do homem para o mal. Assim, desde os primeiros assaltos do vício impuro, é bom renovar o firme propósito de antes morrer do que pecar, e imediatamente depois , é necessário refugiar-se nos Corações de Jesus e Maria, invocando seus santos nomes. Assim é que os santos venceram todas as tentações de que foram acometidos.

PRÁTICA

Para obter grande pureza, invocarei cada dia a S. José, pela seguinte oração, que é chamada oração eficaz: S. José, pai e protetor das virgens, guarda fiel a quem Deus confiou Jesus, a inocência mesma, e Maria, a Virgem das virgens, eu vos rogo e conjuro, por Jesus e Maria, este duplo depósito que vos foi tão caro, fazei que eu conserve meu coração isento de toda mancha, e que, puro e casto, sirva constantemente a Jesus e Maria em castidade perfeita. Assim seja. (100 dias de ind. uma vez por dia. 4 de Fev. de 1877)

AFETOS E SÚPLICAS

Terno Redentor meu, eu vos agradeço me terdes dado tantos meios para vencer as tentações que me assaltam cada dia. Prometo praticar estes meios constantemente; ajudai-me a vos ser fiel. Vejo que quereis minha felicidade eterna: eu também a quero, principalmente para agradar ao vosso Coração que deseja tanto a minha salvação. Meu Deus, não quero mais resistir ao amor que me tendes. Por um efeito deste amor é que me suportastes com tanta paciência quando vos ofendia. Vós me convidais a vos amar: Oh! Isto é o que desejo. Sim, eu vos amo, ó bondade suprema, eu vos amo, bem infinito; pelos merecimentos do vosso Coração não permitais que eu seja ingrato a vossos benefícios; ponde fim à minha ingratidão, ou à minha vida. Senhor, o que haveis operado em mim, dignai-vos confirmar e completar. (Sl 67, 29) Esclarecei-me, fortificai-me, abrasai-me no vosso amor. Ó Maria, tesoureira do Coração de Jesus, proclamai-me vosso servo; é o titulo que ambiciono, e rogai a Jesus por mim. Após seus merecimentos, são vossas orações que devem me salvar.
"Eu sou a Imaculada Conceição"
Virgem de Lourdes

ORAÇÃO JACULATÓRIA

Bendita seja a santa e imaculada conceição da Bem-aventurada Virgem Maria! (100 dias de indulg. cada vez. 21 de Nov. de 1793)

EXEMPLO

lmelda Lambertini nasceu em Bolonha de uma família nobre. Desde o berço, tudo nela anunciava alguma coisa de sobrenatural. Para parar suas lágrimas, bastava pronunciar os nomes sagrados de Jesus e Maria. Apenas terminada sua infância, ela fez para si um pequeno oratório onde ia frequentemente para rezar e oferecer a Deus seu coração virginal. Desprezando o mundo, ela pedia a seus pais a permissão de entrar para um convento da ordem de S. Domingos. Impossível descrever suas mortificações, seu amor à oração, sua generosidade em cumprir todos os seus deveres. Todos os seus afetos eram para a Rainha dos anjos e para a Eucaristia. Todos os dias ouvia a Missa. Sua tenra idade não lhe permitia participar do banquete sagrado, e isto lhe causava grande dor, porque seu coração vivia abrasado no amor de Jesus. Ela não cessava então de convidar o Esposo divino a vir morar em sua alma. O Coração de Jesus, que ama sempre aqueles que o amam, dignou-se ouvi-la pelo prodígio que vamos referir. Era o dia da Ascensão do ano de 1333. Imelda tinha então doze anos. Enquanto suas companheiras, felizes e recolhidas, iam, cada uma a seu turno, tomar lugar na mesa santa, só ela ficou ajoelhada no seu lugar, chorando de inveja a pensar na felicidade das outras. Seus olhos erguidos para o céu, suas pequenas mãos cruzadas sobre o peito, e segurando entre os dedos o crucifixo que nunca deixava, ela dizia com a esposa sagrada: “Vinde, ó Amado da minha alma! Descei ao jardim do meu coração que é todo vosso. Ou cessai de inclinar para mim vosso olhar, ou deixai minha alma voar para vós. Arrastai-me para vós: corra eu ao odor de vossos perfumes! Oh! Pudesse eu também vos dar asilo e fazer-vos festa em meu coração! Ó Jesus, vinde, porque enfraqueço de amor para convosco!” Mas Jesus não vinha. Sabendo que tudo é possível à oração, ela orava e chorava ao mesmo tempo. De repente, uma hóstia sobe do cibório, atravessa a grade do coro, e voando pelo ar, para acima de Imelda. As religiosas, comovidas por este espetáculo, não ousavam crer em seus próprios olhos; mas a ilusão não é mais possível: o milagre persevera; uma claridade se espalha na igreja, acompanhada de suave odor. O confessor, advertido deste prodígio, corre, e vendo neste fato manifestação inequívoca de Deus, recolhe respeitosamente sobre uma patena a Santa Hóstia, e a dá em comunhão à ditosa menina.

Enfim, ela possui seu Deus, o único objeto de seu amor!... Com as mãos cruzadas sobre o peito, os olhos suavemente cerrados, a piedosa menina abisma-se em profunda e deliciosa contemplação. Muito tempo suas irmãs admiram-na em silêncio, não ousando interrompê-la. Afinal, chamam-na, sacodem-na, mandam que se levante. Imelda, sempre tão pronta em obedecer fica imóvel, ela não ouve, não sente. Imelda, a amante da Eucaristia, não era mais deste mundo... Ela tornou-se logo objeto de veneração publica. Tendo sido operados muitos prodígios em seu túmulo, a Igreja permitiu honrá-la sob o titulo de bem-aventurada. (Petits BoUandistes, 16 de Setembro)






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FONTE: livro “O Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês”, tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 344-350 – Texto revisto, atualizado e adaptado para o português do Brasil)

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