«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 28 de setembro de 2018


O ESCUDO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


Detém-te ou Escudo do Coração de Jesus
(Foto: Aleteia)

Uma devoção mais atual e necessária do que nunca para a efetiva obtenção do que há mais de 2000 anos todos os verdadeiros cristãos vêm pedindo, quando rezam: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa Vontade, assim na Terra como no Céu”.

Se hoje Nosso Senhor Jesus Cristo voltasse à Terra, poderia ser novamente crucificado! Por quê? Por que tanta maldade contra Aquele a Quem devemos nossa salvação? Contra Aquele que se ofereceu como vítima para redimir os pecados dos homens? Contra Alguém que só deseja o nosso bem?

Para responder tudo numa só frase: a espantosa ingratidão dos homens.

Ingratidão que, devido aos nossos pecados, à dureza de nossos corações, impede-nos de corresponder ao amor do Divino Redentor, que ofereceu sua vida por nós. Que nos impede sermos gratos, amando sobre todas as coisas Aquele que tanta dileção teve pelos homens e por eles foi tão pouco amado.

Devido a essa incorrespondência da humanidade a seu Criador, ela se encontra atualmente submersa numa corrupção moral generalizada e sem precedentes.

Mas abandonaria a Providência Divina os homens, deixando-os entregues a si mesmos, afundados em sua impiedade e depravações?

Não. Apesar de todas as ofensas contra Aquele que morreu por nós, a inesgotável misericórdia de Deus jamais abandona os homens, mesmo quando envia seus justos e imprescindíveis castigos. Ela nunca deixa de dispensar abundantes graças, incitando os homens ao arrependimento. Mas é necessário reparar o pecado cometido, retornar à observância dos Mandamentos, e, mediante a conversão, alcançar o perdão e as graças tão necessárias para uma vida virtuosa e a salvação eterna.
Uma das Aparições do Sagrado Coração
a Santa Margarida Maria

Para isso, sem dúvida, uma das maiores graças é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Desse adorável Coração, transpassado pela lança de Longinus, jorrou sangue e água no alto do Calvário, para nos salvar (cfr. Jo 19,34). Desse adorável Coração, ainda em nossos dias, e apesar de nossas ingratidões, tibiezas e desprezos, as graças jorram abundantes para todos aqueles que sinceramente as desejem. Basta que as peçamos com toda confiança.

Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rom 5,20)

Ainda atualmente ecoam as sublimes palavras de 328 anos atrás. Palavras que soam num timbre divino, como vindas da eternidade, pronunciadas entretanto no recolhimento de um humilde convento, mas que atravessam os séculos. Foram dirigidas a uma privilegiadíssima freira do convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial (Borgonha, França). Trata-se de Santa Margarida Maria Alacoque (1647 – 1690).

Estava ela rezando diante do Santíssimo Sacramento, a 16 de junho de 1675, quando Nosso Senhor lhe aparece. Depois de um breve diálogo, Ele aponta para seu próprio Coração e diz:

Eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes seu amor; e, por reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões, por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sacramento do amor. Mas o que Me é ainda mais penoso é que corações que Me são consagrados agem assim. 
Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar meu Coração, comungando-se neste dia e fazendo-Lhe um ato de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestem culto e que procurem que Lhe seja prestado”(1).

O Sagrado Coração será a salvação do mundo”

Entretanto, apesar do pungente dessa revelação — bem como das demais promessas de Paray-le-Monial —, hoje ela caiu no esquecimento. Não podemos permanecer ingratos e indiferentes diante dessa suprema manifestação de bondade e amor. Temos uma premente necessidade de desagravar o Sagrado Coração de Jesus, atender seu pedido e difundir seu culto. Nossa reparação atrairá a misericórdia de Deus e as abundantes graças indispensáveis para a salvação da humanidade, tão distanciada dos preceitos divinos.

A Igreja e a sociedade não têm outra esperança senão no Sagrado Coração de Jesus; é Ele que curará todos os nossos males. Pregai e difundi por todas as partes a devoção ao Sagrado Coração, ela será a salvação para o mundo” (2). Essa impressionante afirmação é do Papa Pio IX (1846-1878) — recentemente beatificado — ao Padre Julio Chevalier, fundador dos Missionários do Coração de Jesus, mostrando que nessa devoção depositava toda sua esperança.
Papa Pio IX e o Detém-Te
(Foto: blog Sacra Galeria)

Poderosa proteção que nos vem do Céu


[…] Essa piedosa prática, outrora muito difundida entre os católicos, é um modo simples, mas esplêndido, de manifestarmos permanentemente nossa gratidão e amor ao Sagrado Coração, vítima de nossos pecados. E, ao mesmo tempo, d´Ele recebermos inúmeros benefícios e uma proteção extraordinária contra todos os perigos. Esse é o tema que passaremos a expor.

O que é um Detente? Uma armadura espiritual?

É um poderoso Escudo que a Divina Providência colocou à nossa disposição, a fim de nos proteger contra os mais diversos perigos que enfrentamos em nosso dia a dia. Para isso, basta levá-lo consigo, não havendo necessidade de ser bento, pois o bem-aventurado Papa Pio IX estendeu sua bênção a todos os Escudos — como veremos adiante.

Detente, ou Escudo do Sagrado Coração de Jesus — também conhecido como bentinho, salvaguarda, ou mesmo como pequeno escapulário do Sagrado Coração — é um emblema com a imagem do Sagrado Coração e a divisa: Alto! O Coração de Jesus está comigo. Venha a nós o Vosso Reino!

É comum levarmos no bolso, ou em nossas carteiras, pastas etc., fotografias de pessoas a quem muito queremos (pais ou filhos, por exemplo). Assim, ter consigo o Detente é um meio de expressar nosso amor ao Sagrado Coração de Jesus; sinal de nossa confiança em sua proteção contra as armadilhas do demônio e perigos de toda ordem. Levando conosco esse Escudo, estaremos continuamente como que afirmando: Alto! Detenha-te, demônio; detenha-se toda maldade; todo perigo; todo desastre; detenham-se todos os assaltos; todas as balas de bandidos; todas as tentações; detenha-se todo inimigo; toda enfermidade; detenham-se nossas paixões desordenadas — pois o Sagrado Coração de Jesus está comigo!


Portar esse Escudo auxilia-nos, além dessas e de tantas outras proteções, a recordar continuamente as promessas do Sagrado Coração de Jesus; é símbolo de nossa total confiança na proteção divina; é um sinal de nossa permanente súplica e fidelidade a Nosso Senhor e um pedido de que Ele faça nossos corações semelhantes ao d’Ele.

Origem do Escudo do Sagrado Coração de Jesus


Santa Margarida Maria Alacoque — como testemunha sua carta, escrita no dia 2 de março de 1686, dirigida à sua Superiora, Madre Saumaise — transcreve um desejo que lhe fora revelado por Nosso Senhor: “Ele deseja que a Senhora mande fazer uns escudos com a imagem de seu Sagrado Coração, a fim de que todos aqueles que queiram Lhe oferecer uma homenagem, os coloquem em suas casas; e uns menores, para as pessoas levarem consigo” (3). Nascia, assim, o costume de portar esses pequenos Escudos.
Essa santa devota do Detente portava-o sempre consigo e convidava suas noviças a fazerem o mesmo. Ela confeccionou muitas dessas imagens e dizia que seu uso era muito agradável ao Sagrado Coração.
Santa Margarida Maria Alacoque

A autorização para tal prática, no início, foi concedida somente aos conventos da Visitação. Depois, foi mais difundida pela Venerável Ana Magdalena Rémuzat (1696-1730). A essa religiosa, também da mesma Ordem da Visitação, falecida em alto conceito de santidade, Nosso Senhor fez saber antecipadamente o dano que causaria uma grave epidemia na cidade francesa de Marselha, em 1720, bem como o maravilhoso auxílio que os marselheses receberiam com a devoção a seu Sagrado Coração. A referida visitandina fez, com a ajuda de suas irmãs de hábito, milhares desses Escudos do Sagrado Coração e os repartiu por toda a cidade onde grassava a peste.
A história registra que, pouco depois, a epidemia cessou como por milagre. Não contagiou muitos daqueles que portavam o Escudo, e as pessoas contagiadas tiveram um extraordinário auxílio com essa devoção. Em outras localidades ocorreram fatos análogos. A partir de então, o costume se estendeu por outras cidades e países (4).

Escudo distintivo de contra-revolucionários

Em 1789, eclodiu na França, com trágicas consequências para o mundo inteiro, um flagelo muitíssimo mais terrível que qualquer epidemia: a calamitosa Revolução Francesa.

Nesse período, os verdadeiros católicos encontraram amparo no Sacratíssimo Coração de Jesus, e o Escudo protetor era levado por muitos sacerdotes, nobres e populares que resistiram à sanguinária Revolução anticatólica. Até mesmo senhoras da corte, como a Princesa de Lamballe, portavam esses Escudos bordados preciosamente em tecidos. E o simples fato de levá-los consigo transformou-se no sinal distintivo daqueles que eram contrários à Revolução Francesa.

Entre os pertences da Rainha Maria Antonieta, guilhotinada pelo ódio revolucionário, encontraram um desenho do Sagrado Coração, com a chaga, a cruz e a coroa de espinhos, e os dizeres: “Sagrado Coração de Jesus, tende misericórdia de nós!” (5).
Outra Rainha de França, também devota do Detente, foi Maria Leszczynska. Em 1748 ela recebeu de presente, do Papa Bento XIV, vários Escudos do Sagrado Coração, por ocasião de seu matrimônio com o Rei Luís XV. De acordo com as memórias desse tempo, entre os presentes enviados pelo Pontífice havia “muitos Escudos do Sagrado Coração, feitos em tafetá vermelho e bordados em ouro” (6).

Heroísmo dos devotos do Sagrado Coração de Jesus


Na região da Mayenne (oeste da França), os Chouans — heroicos resistentes católicos, que enfrentaram com bravura e ardor religioso os revolucionários franceses de 1789 — bordavam em seus trajes e bandeiras o Escudo do Sagrado Coração de Jesus. Era como se fosse um brasão e, ao mesmo tempo, uma armadura: “brasão” usado para reafirmar sua Fé católica; “armadura” para defenderem-se contra as investidas adversárias.

Também como “armadura espiritual”, esse Escudo foi ostentado por muitos outros líderes e heróis católicos que morreram ou lutaram em defesa da Santa Igreja, como os bravos camponeses seguidores do aguerrido tirolês Andreas Hofer (1767-1810), conhecido como “o Chouan do Tirol”. Esses portavam o Escudo para se protegerem nas lutas contra as tropas napoleônicas que invadiram o Tirol.

Um fato histórico semelhante ocorreu, na época atual, em Cuba. Os católicos cubanos que não se deixaram subjugar pelo regime comunista, e o combateram, tinham especial devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Quando presos e levados para o “paredón” (onde eram sumariamente fuzilados), enfrentaram os carrascos fidelcastristas bradando “Viva Cristo Rei! — seguindo o exemplo de seus irmãos no ideal católico, os Cristeros, no México, também martirizados por ódio à Fé, no início do século XX.


"Não te aflijas, mamãe! Dá-me tua bênção, e se não voltarmos a nos ver
nesta vida, veremo-nos no Céu
".
(Foto: Ecce Christianus)

Na antiga Pérola das Antilhas (atual Ilha Presídio) antes de ser escravizada pela tirania de Fidel Castro, havia muitas estátuas do Sagrado Coração de Jesus em suas bem arborizadas praças. Mas, após a dominação comunista, as belas estátuas do Sagrado Coração de Jesus foram derrubadas e — pasme o leitor — substituídas por estátuas de Che Guevara… A estátua do guerrilheiro que tinha suas mãos tintas de sangue inocente, desse revolucionário que fez correr um rio de sangue por vários países latino-americanos, colocada em lugar da imagem do Sagrado Coração, que representava a misericórdia divina e o perdão!


O bem-aventurado Papa Pio IX e o Detente


Em 1870, uma senhora romana, desejando saber a opinião do Sumo Pontífice Pio IX a respeito do Escudo do Sagrado Coração de Jesus, apresentou-lhe um. Comovido à vista desse sinal de salvação, o Papa concedeu aprovação definitiva a tal devoção e disse: Isto é, senhora, uma inspiração do Céu. Sim, do Céu”. E, depois de breve recolhimento, acrescentou:

Vou benzer este Coração, e quero que todos aqueles que forem feitos segundo este modelo recebam esta mesma bênção, sem ser necessário que algum outro padre a renove. Ademais, quero que Satanás de modo algum possa causar dano àqueles que levem consigo o Escudo, símbolo do Coração adorável de Jesus” (7).

Para impulsionar o piedoso costume de portar consigo o Escudo, o Bem-aventurado Pio IX concedeu, em 1872, 100 dias de indulgência para todos os que, portando essa insígnia, rezassem diariamente um Padre Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai (8).

Depois disso, o Santo Padre compôs esta bela oração:

Abri-me o vosso Sagrado Coração, ó Jesus!… mostrai-me os seus encantos, uni-me a Ele para sempre. Que todos os movimentos e palpitações do meu coração, mesmo durante o sono, Vos sejam um testemunho do meu amor e Vos digam sem cessar: Sim, Senhor Jesus, eu Vos adoro… aceitai o pouco bem que pratico… fazei-me a mercê de reparar o mal cometido… para que Vos louve no tempo e Vos bendiga durante toda a eternidade. Amém” (9).
(Fonte: "Catolicismo", Junho/2016)

O Escudo em ocasiões de grande perigo


Em nossos tempos em que, devido à violência avassaladora e generalizada, os perigos nos ameaçam de todos os lados, é de primordial importância o uso do Escudo do Sagrado Coração de Jesus. Levando-o conosco — pode-se também colocá-lo em nossa casa, junto ao material escolar dos filhos, no automóvel, local de trabalho, sob o travesseiro de um enfermo etc. — estaremos, no interior de nossas almas, como que repetindo o que disse o Apóstolo São Paulo: «Se Deus está conosco, quem estará contra nós?» (Rom 8,31). Pois não há perigo de que Ele não possa nos livrar. E mesmo em meio às dificuldades que a Providência envie para nos provar, estaremos confiantes na proteção divina, que nunca abandona aqueles que recorrem pedindo amparo e proteção.
Evidentemente, se nosso pedido de auxílio for feito por meio da Santíssima Mãe de nosso Divino Redentor, Ele nos ouvirá com muito mais agrado e mais rapidamente nos atenderá. Pois Ele a constituiu Medianeira de todas as graças, dando-nos assim uma prova ainda maior de amor, ao nos dar por Mãe sua própria Mãe.

O Sagrado Coração de Jesus e Maria

São João Eudes (1601-1680) — fundador da Congregação de Jesus e Maria — de tal modo considerava uma só as devoções ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, que dizia: “o Sagrado Coração de Jesus e Maria”. Note bem o leitor, a frase está no singular, como se fosse um só coração, para assim acentuar a íntima união de ambas as devoções. Dois Corações inseparáveis, tão unidos que não se pode querer considerá-los separadamente.
Não ama verdadeiramente o Sagrado Coração de Jesus, quem não ama o Imaculado Coração de Maria. Por essa razão é que na Medalha Milagrosa, universalmente conhecida, estão cunhados, em seu reverso, os dois corações: o de Jesus e o de Maria. O primeiro cercado de espinhos e o segundo transpassado por uma espada.
Por ocasião da celebração em Paray-le-Monial do centenário da Consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, realizada por Leão XIII em 11 de junho de 1899, João Paulo II enviou uma mensagem na qual acentua a união da devoção ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria Santíssima: “Depois de São João Eudes, que nos ensinou a contemplar Jesus — o coração dos corações — no coração de Maria, e a fazer com que amássemos estes dois corações, o culto prestado ao Sagrado Coração expandiu-se”.
Imaculado Coração de Maria
(Foto: ABIM)

O reinado social do Coração de Jesus e Maria

Nada nos pode dar maior confiança, esperança mais fundada, estímulo mais certo, do que a convicção de que em todas as nossas misérias, em todas as nossas quedas, não temos apenas, a nos olhar com o rigor de Juiz, a infinita Santidade de Deus, mas também o coração cheio de ternura, de compaixão, de misericórdia, de nossa Mãe Celeste” — escrevera Plinio Corrêa de Oliveira nas páginas do “Legionário”.

O inolvidável fundador da TFP prossegue: “Onipotência suplicante, Ela saberá conseguir para nós tudo quanto nossa fraqueza pede para a grande tarefa de nosso reerguimento moral. Com este coração, todos os terrores se dissipam, todos os desânimos se esvaem, todas as incertezas se desanuviam. O Coração Imaculado de Maria é a Porta do Céu, aberta de par em par aos homens de nosso tempo, tão extremamente fracos. E esta porta, ninguém a poderá fechar — nem o demônio, nem o mundo, nem a carne.

Fazer apostolado é, essencialmente, salvar almas. Aos que se interessam pelo apostolado, nada deve importar mais do que o conhecimento das devoções providenciais com que o Espírito Santo enriquece a Santa Igreja em cada época, para a utilidade das almas. O Sumo Pontífice atualmente reinante [Pio XII] aponta duas devoções: a do Sagrado Coração de Jesus, a do Coração Imaculado de Maria.

Aparecendo em Fátima, Nossa Senhora disse textualmente aos pastorinhos que uma intensa devoção ao Coração Imaculado de Maria seria o meio de salvação do mundo contemporâneo. Milagres sem conta têm atestado a autenticidade da mensagem celeste. Não nos resta senão conformarmo-nos ao ditame que dela decorre. Se essa é a salvação do mundo, se queremos salvar o mundo, apregoemos o meio providencial para sua salvação. No dia em que tivermos legiões de pessoas verdadeiramente devotas do Coração Imaculado de Maria, o Coração de Jesus reinará sobre o mundo inteiro. Com efeito, essas duas devoções não se podem separar. A devoção a Maria Santíssima é a atmosfera própria da devoção a Nosso Senhor. O verão traz as flores e os frutos. A devoção a Nossa Senhora gera como fruto necessário o amor sem reservas a Nosso Senhor Jesus Cristo. E, no dia em que o mundo inteiro voltar a Jesus por Maria, o mundo estará salvo” (10).

Analogia entre Paray-le-Monial e Fátima


Em Paray-le-Monial, Nosso Senhor disse a Santa Margarida Maria Alacoque: “Não receeis nada; Eu reinarei apesar de meus inimigos e de todos aqueles que a isso queiram se opor” (11).
Em Fátima, no dia 13-7-1917 — mais de três séculos após as aparições de Paray-le-Monial — Nossa Senhora confirma indiretamente a revelação feita à santa confidente do Sagrado Coração de Jesus, quando afirmou categoricamente: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.
É a confirmação da vitória final, com a efetivação da realeza sagrada do Coração de Jesus e Maria sobre a Terra inteira; do restabelecimento do reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre todos os corações, sobre todos os povos.
Com a realização dessas duas grandes promessas, estará sendo atendida a súplica que há 2000 anos a Cristandade vem fazendo, ao rezar o Padre Nosso: «Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa Vontade, assim na Terra como no Céu» (Mt 6,9-13). O que — vem a propósito relembrar, no final deste artigo — corresponde à inscrição que consta na parte inferior do maravilhoso Escudo do Sagrado Coração de Jesus.


Notas (da fonte):
(1) Sainte Marguerite Marie, Sa vie écrite par elle-même, Edições Saint Paul, Paris, 1947, pp. 70-71. Imprimatur de M. P. Georgius Petit, Bispo de Verdun.
(2) Pe. Jules Chevalier, Le Sacré-Coeur de Jésus, Retaux-Bray, Paris, 1886, p. 382.
(3) http://www.corazones.org/ (Vida y Obras, vol. II, p. 306).
(4) Cfr. Padre Auguste Hamon, S.J., Histoire de la Dévotion au Sacré-Coeur de Jésus, vol. III, p. 425 a 431.
(5) Cfr. De Franciosi, S.J., La dévotion au Sacré-Coeur de Jésus, pp. 289 – 290.
(6) Op. cit. p. 289.
(8) Op. cit.
(9) Op. cit.
(10) Plinio Corrêa de Oliveira, “Legionário”, 30-7-44.
(11) Sainte Marguerite Marie, Sa vie écrite par elle-même, Edições Saint Paul, Paris, 1947, p. 192.

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FONTE: artigo de autoria de Helvécio Alves, publicado pela Revista “Catolicismo”, n. 630, Junho de 2003. Texto revisto e atualizado. Alguns destaques são nossos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018


SANTA MARGARIDA MARIA: HUMILDADE, CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA ENTRAR E SE CONSERVAR NO CORAÇÃO DE JESUS



«Aprendei de mim, que sou doce e humilde de coração.» […] A humildade é a atitude da criatura em relação a seu Criador; do discípulo diante de seu mestre. Opõe-se à autossuficiência e torna o coração disponível para Deus. Falando da pobreza interior diante da doença, Margarida Maria declara:

'Onde existe menos de nós mesmos, aí há mais de Deus' (C. 12)

Reconhecer e amar a sua pequenez: na linguagem de seu tempo, Margarida Maria fala de 'amor à sua abjeção' ou de 'aniquilamento', o que deve ser entendido como humildade.

Não existe meio mais seguro para entrar e conservar-se na amizade do Sagrado Coração … É a virtude do Coração de Jesus, que só abaixa até nós sua grandeza enquanto nos encontra aniquilados no amor à nossa pequenez. Ele cuidará de vos elevar à união com ele na medida em que esta santa virtude vos desapegará da afeição a tudo o que há de brilho diante da criatura e de vós (C. 77).

Deus não resiste à humildade. Durante as Matinas da Visitação, Margarida Maria, que sofria de uma afonia, recebe o menino Jesus em seus braços. Instaura-se um diálogo:

Meu Senhor e meu Deus, em virtude de que excesso de amor abaixai-vos assim vossa grandeza infinita?

Eu venho, minha filha, perguntar-te por que tu me dizes tantas vezes que não me aproximes de ti.

Senhor, vós o sabeis, não sou digna nem de me aproximar de vós, nem de vos tocar!

Aprenda que, quanto mais tu te retiras no teu nada, mais minha grandeza se abaixa para te encontrar (S. 19).

A humildade se traduz por palavras, como mostra esta resolução de retiro, que é em si mesma um programa de vida perfeita:
Santa Margarida Maria recebe o menino Jesus das
mãos de Nossa Senhora

Eu falarei sempre de Deus com respeito e humildade, e de tudo o que se relaciona a meu próximo com estima e caridade. De mim mesma, nunca (Aut. - Ret.).

O silêncio sobre si mesmo é renúncia a procurar aplauso das pessoas. Margarida Maria aconselhava a suas noviças:

Guardai o silêncio nas acusações e em tudo o que poderia atrair para vós a vã estima e a aprovação das criaturas. Porque o Senhor rejeita o que elas mais estimam, e seu espírito só repousa num coração humilde (Av. 46).

Para encorajar a prática da humildade, nada melhor que imagens. A árvore plantada à margem da água não é somente sinal de fecundidade.

Considerai-vos como árvore plantada ao longo das águas, que dá seu fruto na estação. Quanto mais batida pelos ventos, mais reforça suas raízes na terra. Assim também vós, quanto mais fordes batidas pelos ventos das tormentas, mais será preciso aprofundar vossas raízes por meio de profunda humildade no Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo (Av. 24).

Outra imagem, a de escada cujos degraus sucessivos evocam o conhecimento crescente de nossa pobreza interior, condição indispensável para o encontro com Deus:

As humilhações que vos fará encontrar no interior de vós mesmas são como escadas para vos fazer descer ao abismo de vosso nada, a fim de encontrar aí vosso prazer. Porque o Soberano de nossas almas só se satisfaz com almas aniquiladas, e para se estar toda nele é preciso nada ser em si mesmo (C. 80).

Como o coração humano poderia unir-se ao Coração de Jesus? O Senhor responde:

Abismai-vos em minha grandeza e cuidai de nunca sair daí, porque, se sairdes, não mais aí entrareis (S. 9).

É preciso abandonar-se com total confiança. Jesus disse: «Aquele que perde sua vida por causa de mim, há de salvá-la» – perder tudo para ganhar tudo!
Santa Margarida Maria Alacoque

Este Sagrado Coração é um abismo de todos os bens no qual temos de nos perder para não mais saborear as coisas da terra (C. 70).

Seria preciso retranscrever as três páginas das 'Admoestações e instruções 71' sobre os abismos do Coração de Jesus para todas as espécies de disposições. Contentemo-nos com este breve resumo feito por Margarida Maria para o Pe. Croiset:

Este divino Coração é um abismo de bem no qual os pobres devem mergulhar suas necessidades; um abismo de alegria onde é preciso mergulhar todas as nossas tristezas; um abismo de humilhação para nosso orgulho de misericórdia pelos miseráveis, e um abismo de amor onde mergulhar todas as nossas misérias (C. 132).

Em todo bem reconhecer a obra de Deus, esquecer-se de si mesmo, tal é o sentido da advertência que Jesus deu a Margarida Maria por ocasião do retiro para profissão:

Cuidai para nunca abrir os olhos para olhar fora de mim (Ret. 72).

A oração que segue é atribuída por alguns autores a Margarida Maria. Com algumas variantes encontra-se também nas obras de São Cláudio la Columbière. Pouco importa a autoria. O essencial é desejar e pedir a humildade!

Ensinai-me, meu amável Salvador, o perfeito esquecimento de mim mesmo, a única via capaz de dar acesso a vosso Coração sagrado. E já que doravante nada farei a não ser por vós, fazei que tudo o que eu fizer seja digno de vós. Ensinai-me o que devo fazer para atingir a pureza do vosso amor. Dai-me esse amor, muito ardente e muito generoso. Dai-me a profunda humildade sem a qual ninguém vos pode agradar. Realizai em mim perfeitamente todas as vossas santas vontades, no tempo e durante toda eternidade. Amém! (O. 31).



LEGENDAS DAS FONTES (citadas):

S.: Escritos compostos a pedido da madre de Saumaise;

Aut.: Autobiografia (vida escrita pela santa)

C.: Cartas

Av.: Avisos (para as noviças)

O.: Orações

Ret.: Sentimentos de seus retiros





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FONTE: livro “Na Escola do Coração de Jesus com Margarida Maria [itinerário espiritual]”, Pe. Gérard Dufour, Editora Loyola, São Paulo/2000, excertos do Cap. 2 - “Um Doce Mestre que Ensina a Humildade”, pp. 25 a 29 - O título da postagem é nosso, assim como alguns destaques.