O ESCUDO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Detém-te ou Escudo do Coração de Jesus (Foto: Aleteia) |
Uma
devoção mais atual e necessária do que nunca para a efetiva
obtenção do que há mais de 2000 anos todos os verdadeiros cristãos
vêm pedindo, quando rezam: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita
a vossa Vontade, assim na Terra como no Céu”.
Se
hoje Nosso Senhor Jesus Cristo voltasse à Terra, poderia ser
novamente crucificado! Por quê? Por que tanta maldade contra Aquele
a Quem devemos nossa salvação? Contra Aquele que se ofereceu como
vítima para redimir os pecados dos homens? Contra Alguém que só
deseja o nosso bem?
Para
responder tudo numa só frase: a espantosa ingratidão dos homens.
Ingratidão
que, devido aos nossos pecados, à dureza de nossos corações,
impede-nos de corresponder ao amor do Divino Redentor, que ofereceu
sua vida por nós. Que nos impede sermos gratos, amando sobre todas
as coisas Aquele que tanta dileção teve pelos homens e por eles foi
tão pouco amado.
Devido
a essa incorrespondência da humanidade a seu Criador, ela se
encontra atualmente submersa numa corrupção moral generalizada e
sem precedentes.
Mas
abandonaria a Providência Divina os homens, deixando-os entregues a
si mesmos, afundados em sua impiedade e depravações?
Não.
Apesar de todas as ofensas contra Aquele que morreu por nós, a
inesgotável misericórdia de Deus jamais abandona os homens, mesmo
quando envia seus justos e imprescindíveis castigos. Ela nunca deixa
de dispensar abundantes graças, incitando os homens ao
arrependimento. Mas é necessário reparar o pecado cometido,
retornar à observância dos Mandamentos, e, mediante a conversão,
alcançar o perdão e as graças tão necessárias para uma vida
virtuosa e a salvação eterna.
Uma das Aparições do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria |
Para
isso, sem dúvida, uma das maiores graças é a devoção ao Sagrado
Coração de Jesus. Desse adorável Coração, transpassado pela
lança de Longinus, jorrou sangue e água no alto do Calvário, para
nos salvar (cfr. Jo 19,34). Desse adorável Coração, ainda em
nossos dias, e apesar de nossas ingratidões, tibiezas e desprezos,
as graças jorram abundantes para todos aqueles que sinceramente as
desejem. Basta que as peçamos com toda confiança.
“Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rom 5,20)
Ainda
atualmente ecoam as sublimes palavras de 328 anos atrás. Palavras
que soam num timbre divino, como vindas da eternidade, pronunciadas
entretanto no recolhimento de um humilde convento, mas que atravessam
os séculos. Foram dirigidas a uma privilegiadíssima freira do
convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial (Borgonha,
França). Trata-se de Santa Margarida Maria Alacoque (1647 – 1690).
Estava
ela rezando diante do Santíssimo Sacramento, a 16 de junho de 1675,
quando Nosso Senhor lhe aparece. Depois de um breve diálogo, Ele
aponta para seu próprio Coração e diz:
“Eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes seu amor; e, por reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões, por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sacramento do amor. Mas o que Me é ainda mais penoso é que corações que Me são consagrados agem assim.
“Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar meu Coração, comungando-se neste dia e fazendo-Lhe um ato de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestem culto e que procurem que Lhe seja prestado”(1).
“O Sagrado Coração será a salvação do mundo”
Entretanto,
apesar do pungente dessa revelação — bem como das demais
promessas de Paray-le-Monial —, hoje ela caiu no esquecimento. Não
podemos permanecer ingratos e indiferentes diante dessa suprema
manifestação de bondade e amor. Temos uma premente necessidade de
desagravar o Sagrado Coração de Jesus, atender seu pedido e
difundir seu culto. Nossa reparação atrairá a misericórdia de
Deus e as abundantes graças indispensáveis para a salvação da
humanidade, tão distanciada dos preceitos divinos.
“A
Igreja e a sociedade não têm outra esperança senão no Sagrado
Coração de Jesus; é Ele que curará todos os nossos males. Pregai
e difundi por todas as partes a devoção ao Sagrado Coração, ela
será a salvação para o mundo” (2).
Essa impressionante afirmação é do Papa Pio IX (1846-1878) —
recentemente beatificado — ao Padre Julio Chevalier, fundador dos
Missionários
do Coração de Jesus, mostrando
que nessa devoção depositava toda sua esperança.
Papa Pio IX e o Detém-Te (Foto: blog Sacra Galeria) |
Poderosa proteção que nos vem do Céu
[…]
Essa
piedosa prática, outrora muito difundida entre os católicos, é um
modo simples, mas esplêndido, de manifestarmos permanentemente nossa
gratidão e amor ao Sagrado Coração, vítima de nossos pecados. E,
ao mesmo tempo, d´Ele recebermos inúmeros benefícios e uma
proteção extraordinária contra todos os perigos. Esse é o tema
que passaremos a expor.
O que é um Detente? Uma armadura espiritual?
É
um poderoso Escudo
que
a Divina Providência colocou à nossa disposição, a fim de nos
proteger contra os mais diversos perigos que enfrentamos em nosso dia
a dia. Para isso, basta levá-lo consigo, não havendo necessidade de
ser bento, pois o bem-aventurado Papa Pio IX estendeu sua bênção a
todos os Escudos
— como
veremos adiante.
Detente,
ou Escudo
do Sagrado Coração de Jesus — também
conhecido como bentinho,
salvaguarda, ou
mesmo como pequeno
escapulário do Sagrado Coração —
é um emblema com a imagem do Sagrado Coração e a divisa: Alto!
O Coração de Jesus está comigo. Venha a nós o Vosso Reino!
É
comum levarmos no bolso, ou em nossas carteiras, pastas etc.,
fotografias de pessoas a quem muito queremos (pais ou filhos, por
exemplo). Assim, ter consigo o Detente
é
um meio de expressar nosso amor ao Sagrado Coração de Jesus; sinal
de nossa confiança em sua proteção contra as armadilhas do demônio
e perigos de toda ordem. Levando conosco esse Escudo,
estaremos
continuamente como que afirmando: Alto!
Detenha-te, demônio; detenha-se toda maldade; todo perigo; todo
desastre; detenham-se todos os assaltos; todas as balas de bandidos;
todas as tentações; detenha-se todo inimigo; toda enfermidade;
detenham-se nossas paixões desordenadas — pois o Sagrado Coração
de Jesus está comigo!
Portar
esse Escudo
auxilia-nos,
além dessas e de tantas outras proteções, a recordar continuamente
as promessas do Sagrado Coração de Jesus; é símbolo de nossa
total confiança na proteção divina; é um sinal de nossa
permanente súplica e fidelidade a Nosso Senhor e um pedido de que
Ele faça nossos corações semelhantes ao d’Ele.
Origem do Escudo do Sagrado Coração de Jesus
Santa
Margarida Maria Alacoque — como testemunha sua carta, escrita no
dia 2 de março de 1686, dirigida à sua Superiora, Madre Saumaise —
transcreve um desejo que lhe fora revelado por Nosso Senhor: “Ele
deseja que a Senhora mande fazer uns escudos com a imagem de seu
Sagrado Coração, a fim de que todos aqueles que queiram Lhe
oferecer uma homenagem, os coloquem em suas casas; e uns menores,
para as pessoas levarem consigo”
(3).
Nascia, assim, o costume de portar esses pequenos Escudos.
Essa
santa devota do Detente
portava-o
sempre consigo e convidava suas noviças a fazerem o mesmo. Ela
confeccionou muitas dessas imagens e dizia que seu uso era muito
agradável ao Sagrado Coração.
A autorização para tal prática, no início, foi concedida somente aos conventos da Visitação. Depois, foi mais difundida pela Venerável Ana Magdalena Rémuzat (1696-1730). A essa religiosa, também da mesma Ordem da Visitação, falecida em alto conceito de santidade, Nosso Senhor fez saber antecipadamente o dano que causaria uma grave epidemia na cidade francesa de Marselha, em 1720, bem como o maravilhoso auxílio que os marselheses receberiam com a devoção a seu Sagrado Coração. A referida visitandina fez, com a ajuda de suas irmãs de hábito, milhares desses Escudos do Sagrado Coração e os repartiu por toda a cidade onde grassava a peste.
Santa Margarida Maria Alacoque |
A autorização para tal prática, no início, foi concedida somente aos conventos da Visitação. Depois, foi mais difundida pela Venerável Ana Magdalena Rémuzat (1696-1730). A essa religiosa, também da mesma Ordem da Visitação, falecida em alto conceito de santidade, Nosso Senhor fez saber antecipadamente o dano que causaria uma grave epidemia na cidade francesa de Marselha, em 1720, bem como o maravilhoso auxílio que os marselheses receberiam com a devoção a seu Sagrado Coração. A referida visitandina fez, com a ajuda de suas irmãs de hábito, milhares desses Escudos do Sagrado Coração e os repartiu por toda a cidade onde grassava a peste.
A
história registra que, pouco depois, a epidemia cessou como por
milagre. Não contagiou muitos daqueles que portavam o Escudo,
e
as pessoas contagiadas tiveram um extraordinário auxílio com essa
devoção. Em outras localidades ocorreram fatos análogos. A partir
de então, o costume se estendeu por outras cidades e países (4).
Escudo distintivo de contra-revolucionários
Em
1789, eclodiu na França, com trágicas consequências para o mundo
inteiro, um flagelo muitíssimo mais terrível que qualquer epidemia:
a calamitosa Revolução Francesa.
Nesse
período, os verdadeiros católicos encontraram amparo no
Sacratíssimo Coração de Jesus, e o Escudo
protetor
era levado por muitos sacerdotes, nobres e populares que resistiram à
sanguinária Revolução anticatólica. Até mesmo senhoras da corte,
como a Princesa de Lamballe, portavam esses Escudos
bordados
preciosamente em tecidos. E o simples fato de levá-los consigo
transformou-se no sinal distintivo daqueles que eram contrários à
Revolução Francesa.
Entre
os pertences da Rainha Maria Antonieta, guilhotinada pelo ódio
revolucionário, encontraram um desenho do Sagrado Coração, com a
chaga, a cruz e a coroa de espinhos, e os dizeres: “Sagrado
Coração de Jesus, tende misericórdia de nós!” (5).
(Foto: Arautos do Evangelho) |
Outra
Rainha de França, também devota do Detente,
foi
Maria Leszczynska. Em 1748 ela recebeu de presente, do Papa Bento
XIV, vários Escudos
do Sagrado Coração, por
ocasião de seu matrimônio com o Rei Luís XV. De acordo com as
memórias desse tempo, entre os presentes enviados pelo Pontífice
havia “muitos
Escudos do Sagrado Coração, feitos em tafetá vermelho e bordados
em ouro” (6).
Heroísmo dos devotos do Sagrado Coração de Jesus
Na
região da Mayenne (oeste da França), os Chouans
—
heroicos resistentes católicos, que enfrentaram com bravura e ardor
religioso os revolucionários franceses de 1789 — bordavam em seus
trajes e bandeiras o Escudo
do Sagrado Coração de Jesus. Era
como se fosse um brasão e, ao mesmo tempo, uma armadura: “brasão”
usado para reafirmar sua Fé católica; “armadura” para
defenderem-se contra as investidas adversárias.
Também
como “armadura espiritual”, esse Escudo
foi
ostentado por muitos outros líderes e heróis católicos que
morreram ou lutaram em defesa da Santa Igreja, como os bravos
camponeses seguidores do aguerrido tirolês Andreas Hofer
(1767-1810), conhecido como “o
Chouan do Tirol”. Esses
portavam o Escudo
para
se protegerem nas lutas contra as tropas napoleônicas que invadiram
o Tirol.
Um
fato histórico semelhante ocorreu, na época atual, em Cuba. Os
católicos cubanos que não se deixaram subjugar pelo regime
comunista, e o combateram, tinham especial devoção ao Sagrado
Coração de Jesus. Quando presos e levados para o “paredón”
(onde eram sumariamente fuzilados), enfrentaram os carrascos
fidelcastristas bradando “Viva
Cristo Rei! —
seguindo o exemplo de seus irmãos no ideal católico, os Cristeros,
no
México, também martirizados por ódio à Fé, no início do século
XX.
"Não te aflijas, mamãe! Dá-me tua bênção, e se não voltarmos a nos ver nesta vida, veremo-nos no Céu". (Foto: Ecce Christianus) |
Na
antiga Pérola
das Antilhas (atual
Ilha
Presídio)
antes de ser escravizada pela tirania de Fidel Castro, havia muitas
estátuas do Sagrado Coração de Jesus em suas bem arborizadas
praças. Mas, após a dominação comunista, as belas estátuas do
Sagrado Coração de Jesus foram derrubadas e — pasme o leitor —
substituídas por estátuas de Che Guevara… A estátua do
guerrilheiro que tinha suas mãos tintas de sangue inocente, desse
revolucionário que fez correr um rio de sangue por vários países
latino-americanos, colocada em lugar da imagem do Sagrado Coração,
que representava a misericórdia divina e o perdão!
O bem-aventurado Papa Pio IX e o Detente
Em
1870, uma senhora romana, desejando saber a opinião do Sumo
Pontífice Pio IX a respeito do Escudo
do Sagrado Coração de Jesus,
apresentou-lhe um. Comovido à vista desse sinal de salvação, o
Papa concedeu aprovação definitiva a tal devoção e disse: “Isto
é, senhora, uma inspiração do Céu. Sim, do Céu”.
E,
depois de breve recolhimento, acrescentou:
“Vou benzer este Coração, e quero que todos aqueles que forem feitos segundo este modelo recebam esta mesma bênção, sem ser necessário que algum outro padre a renove. Ademais, quero que Satanás de modo algum possa causar dano àqueles que levem consigo o Escudo, símbolo do Coração adorável de Jesus” (7).
Para
impulsionar o piedoso costume de portar consigo o Escudo,
o Bem-aventurado Pio IX concedeu, em 1872, 100 dias de indulgência
para todos os que, portando essa insígnia, rezassem diariamente um
Padre Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai (8).
Depois
disso, o Santo Padre compôs esta bela oração:
“Abri-me o vosso Sagrado Coração, ó Jesus!… mostrai-me os seus encantos, uni-me a Ele para sempre. Que todos os movimentos e palpitações do meu coração, mesmo durante o sono, Vos sejam um testemunho do meu amor e Vos digam sem cessar: Sim, Senhor Jesus, eu Vos adoro… aceitai o pouco bem que pratico… fazei-me a mercê de reparar o mal cometido… para que Vos louve no tempo e Vos bendiga durante toda a eternidade. Amém” (9).
O Escudo em ocasiões de grande perigo
Em
nossos tempos em que, devido à violência avassaladora e
generalizada, os perigos nos ameaçam de todos os lados, é de
primordial importância o uso do Escudo
do Sagrado Coração de Jesus. Levando-o
conosco — pode-se também colocá-lo em nossa casa, junto ao
material escolar dos filhos, no automóvel, local de trabalho, sob o
travesseiro de um enfermo etc. — estaremos, no interior de nossas
almas, como que repetindo o que disse o Apóstolo São Paulo: «Se
Deus está conosco, quem estará contra nós?»
(Rom
8,31). Pois não há perigo de que Ele não possa nos livrar. E mesmo
em meio às dificuldades que a Providência envie para nos provar,
estaremos confiantes na proteção divina, que nunca abandona aqueles
que recorrem pedindo amparo e proteção.
Evidentemente,
se nosso pedido de auxílio for feito por meio da Santíssima Mãe de
nosso Divino Redentor, Ele nos ouvirá com muito mais agrado e mais
rapidamente nos atenderá. Pois Ele a constituiu Medianeira de todas
as graças, dando-nos assim uma prova ainda maior de amor, ao nos dar
por Mãe sua própria Mãe.
O Sagrado Coração de Jesus e Maria
São
João Eudes (1601-1680) — fundador da Congregação de Jesus e
Maria — de tal modo considerava uma só as devoções ao Sagrado
Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, que dizia: “o
Sagrado Coração de Jesus e Maria”.
Note
bem o leitor, a frase está no singular, como se fosse um só
coração, para assim acentuar a íntima união de ambas as devoções.
Dois Corações inseparáveis, tão unidos que não se pode querer
considerá-los separadamente.
Não
ama verdadeiramente o Sagrado Coração de Jesus, quem não ama o
Imaculado Coração de Maria. Por essa razão é que na Medalha
Milagrosa,
universalmente conhecida, estão cunhados, em seu reverso, os dois
corações: o de Jesus e o de Maria. O primeiro cercado de espinhos e
o segundo transpassado por uma espada.
Por
ocasião da celebração em Paray-le-Monial do centenário da
Consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus,
realizada por Leão XIII em 11 de junho de 1899, João Paulo II
enviou uma mensagem na qual acentua a união da devoção ao Coração
de Jesus e ao Coração de Maria Santíssima: “Depois
de São João Eudes, que nos ensinou a contemplar Jesus — o coração
dos corações — no coração de Maria, e a fazer com que amássemos
estes dois corações, o culto prestado ao Sagrado Coração
expandiu-se”.
Imaculado Coração de Maria (Foto: ABIM) |
O reinado social do Coração de Jesus e Maria
“Nada
nos pode dar maior confiança, esperança mais fundada, estímulo
mais certo, do que a convicção de que em todas as nossas misérias,
em todas as nossas quedas, não temos apenas, a nos olhar com o rigor
de Juiz, a infinita Santidade de Deus, mas também o coração cheio
de ternura, de compaixão, de misericórdia, de nossa Mãe Celeste”
—
escrevera Plinio Corrêa de Oliveira nas páginas do “Legionário”.
O
inolvidável fundador da TFP prossegue: “Onipotência
suplicante, Ela saberá conseguir para nós tudo quanto nossa
fraqueza pede para a grande tarefa de nosso reerguimento moral. Com
este coração, todos os terrores se dissipam, todos os desânimos se
esvaem, todas as incertezas se desanuviam. O Coração Imaculado de
Maria é a Porta do Céu, aberta de par em par aos homens de nosso
tempo, tão extremamente fracos. E esta porta, ninguém a poderá
fechar — nem o demônio, nem o mundo, nem a carne.
Fazer
apostolado é, essencialmente, salvar almas. Aos que se interessam
pelo apostolado, nada deve importar mais do que o conhecimento das
devoções providenciais com que o Espírito Santo enriquece a Santa
Igreja em cada época, para a utilidade das almas. O Sumo Pontífice
atualmente reinante [Pio
XII] aponta
duas devoções: a do Sagrado Coração de Jesus, a do Coração
Imaculado de Maria.
Aparecendo
em Fátima, Nossa Senhora disse textualmente aos pastorinhos que uma
intensa devoção ao Coração Imaculado de Maria seria o meio de
salvação do mundo contemporâneo. Milagres sem conta têm atestado
a autenticidade da mensagem celeste. Não nos resta senão
conformarmo-nos ao ditame que dela decorre. Se essa é a salvação
do mundo, se queremos salvar o mundo, apregoemos o meio providencial
para sua salvação. No
dia em que tivermos legiões de pessoas verdadeiramente devotas do
Coração Imaculado de Maria, o Coração de Jesus reinará sobre o
mundo inteiro. Com
efeito, essas duas devoções não se podem separar. A devoção a
Maria Santíssima é a atmosfera própria da devoção a Nosso
Senhor. O verão traz as flores e os frutos. A devoção a Nossa
Senhora gera como fruto necessário o amor sem reservas a Nosso
Senhor Jesus Cristo. E, no dia em que o mundo inteiro voltar a Jesus
por Maria, o mundo estará salvo” (10).
Analogia entre Paray-le-Monial e Fátima
Em
Paray-le-Monial, Nosso Senhor disse a Santa Margarida Maria Alacoque:
“Não
receeis nada; Eu
reinarei apesar de meus inimigos e
de todos aqueles que a isso queiram se opor”
(11).
Em
Fátima, no dia 13-7-1917 — mais de três séculos após as
aparições de Paray-le-Monial — Nossa Senhora confirma
indiretamente a revelação feita à santa confidente do Sagrado
Coração de Jesus, quando afirmou categoricamente: “Por
fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.
É
a confirmação da vitória final, com a efetivação da realeza
sagrada do Coração de Jesus e Maria sobre a Terra inteira; do
restabelecimento do reino social de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre
todos os corações, sobre todos os povos.
Com
a realização dessas duas grandes promessas, estará sendo atendida
a súplica que há 2000 anos a Cristandade vem fazendo, ao rezar o
Padre
Nosso: «Venha
a nós o vosso Reino, seja feita a vossa Vontade, assim na Terra como
no Céu»
(Mt
6,9-13).
O
que — vem a propósito relembrar, no final deste artigo —
corresponde à inscrição que consta na parte inferior do
maravilhoso Escudo
do Sagrado Coração de Jesus.
Notas
(da fonte):
(1)
Sainte
Marguerite Marie, Sa vie écrite par elle-même,
Edições Saint Paul, Paris, 1947, pp. 70-71. Imprimatur de M. P.
Georgius Petit, Bispo de Verdun.
(2)
Pe. Jules Chevalier, Le
Sacré-Coeur de Jésus, Retaux-Bray,
Paris, 1886, p. 382.
(4)
Cfr. Padre Auguste Hamon, S.J., Histoire
de la Dévotion au Sacré-Coeur de Jésus,
vol. III, p. 425 a 431.
(5)
Cfr. De Franciosi, S.J., La
dévotion au Sacré-Coeur de Jésus, pp.
289 – 290.
(6)
Op. cit. p. 289.
(7)
Cfr. Preces
et pia opera, nº
219;
http://www62.gmx.net/de/cgi/derefer?TYPE=1&DEST=http%3A%2F%2Fwww%2Ecorazones%2Eorg%2Fdiccionario%2Fdetente%2Ehtme
http://www.devocoes.hpg.ig.com.br/coracaodejesus/
(8)
Op. cit.
(9)
Op. cit.
(10)
Plinio Corrêa de Oliveira, “Legionário”, 30-7-44.
(11)
Sainte
Marguerite Marie, Sa vie écrite par elle-même,
Edições Saint Paul, Paris, 1947, p. 192.
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FONTE: artigo de autoria de Helvécio Alves, publicado pela Revista “Catolicismo”, n. 630, Junho de 2003. Texto revisto e atualizado. Alguns destaques são nossos.