«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 2 de agosto de 2019


PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE AGOSTO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


EU VOS AMEI... VÓS AMAREIS”(Pe. Mateo Crawley-Boevey)



Está tudo aí, é todo o Evangelho, é toda a Lei... (Jo. 15, 20)

Eu vos amei, até ao presépio, até à cruz, até à eucaristia.

Eu vos amei sem nenhum mérito de vossa parte, malgrado todos os vossos deméritos... malgrado vossas misérias. . . não, por causa das vossas misérias.

Eu vos amei com um amor de preferência. Abandonei meu Pai, meu céu, meus anjos, para vir para o vosso meio.

Os tesouros da terra, eu os desprezei... nasci na indigência do estábulo.

Eu vos amei mais que a minha vida, pois que eu a dei por vós, e quando se dá a própria vida, deu-se tudo. Meu Pai devia fazer justiça... Eu quis ser a vítima; eu me lancei entre a sua cólera e vós.

Fui, pois, ferido por vossa causa, ferido de morte por amor.

Eu vos amei mais que a minha majestade: vede a que ultrajes eu a entreguei por vós.., as bofetadas, os espinhos, os escarros, a veste dos loucos, os chicotes, a cruz... Procurei os opróbrios a fim de vos cobrir um dia com a minha glória, eu, um Deus.

Eu ainda vos amo mais que a minha glória, pois esta glória eu a cobri com um sudário no Calvário e com uma morte mística no sacramento do meu amor, e a que desprezos eu não a expus?

Eu vos amei... Eu vos amo!... E vós, me amais?...

Tereis sido os primeiros? – Não, eu vos precedi.

Desde toda a eternidade já estáveis em meu amor (Rm. 12, 10).

Até que ponto me amais?

Acaso o vosso amor por mim também é um amor de preferência? De preferência aos vossos bens, às vossas comodidades, aos vossos projetos, aos vossos prazeres, aos vossos amigos, a vós mesmos?

Ah! ele bate às vossas portas, ele espera, ele mendiga e muitas vezes, a título de resposta, dizem-lhe: "Senhor, um momento... tenho tanta coisa a fazer... meu futuro, meus interesses, minha fortuna. Espera..."

E Jesus espera muito tempo.

A fortuna veio ou não veio. Ele bate de novo:

"Queres-me? Eu sou tua paz, abre para mim!...

Espera ainda um pouco, estou tão preocupado: minhas comodidades a providenciar, minha saúde; vou atingir a situação sonhada, a felicidade!... espera ainda um pouco".

E Jesus espera à porta, como um pobre, como um mendigo. Ele, o divino Mendigo do amor! Ele nos estende a mão... e essa mão divina, essa mão transpassada por nós, às vezes, muitas vezes, ele deve resignar-se a recolher vazia.

Ele esperou muito tempo: as preocupações passaram ou não; outras lhes sucederam, as desilusões se multiplicaram. As flores e os espinhos precederam-no.

Quem sabe será ele recebido agora?

Ele bate, e chora ao bater! (Lc. 14, 18)

"Queres-me hoje? A mim, o consolador, o amigo dos maus dias, queres-me?

Hoje?... hoje... é o único dia de repouso que as criaturas me deixaram. Espera, Senhor, espera... talvez amanhã".

E ele espera, ele, Deus, que não precisa de nada, espera que uma criatura, pequena, fraca, que precisa de tudo, principalmente dele em tudo, uma criatura que ele cumulou de bens, da qual só recebeu ultrajes, ingratidões e desprezo, tenha a bondade de recebê-lo...

Tem-se tempo para tudo e para todos, salvo para o Rei dos reis. Como furiosa torrente de alegrias e lágrimas, as ilusões, as ingratidões, as tristezas invadiram o lar... Jesus é abandonado à soleira da porta, congelado pela geada da noite, ele têm lágrimas aos olhos, o Coração ferido, ele espera sempre doce e paciente: – "Abri para mim, repete; sou eu, Jesus, o único amigo dos dias sem sol, aquele que nunca esquece que nunca muda. O único que sempre fica; recebe-me, eu sou a infinita misericórdia!" Ah!... eis que enfim se abre a porta, mas... que decepção!... – não é para ele, é a morte que entra, e depois é o coveiro que passa, e então ele se introduz, ele, o Rei de glória!... Ah! muitas vezes ele chega para chorar sobre um cadáver!

Eis a triste história de milhares e milhares de almas e famílias, história de um amor e de uma ingratidão quase infinita. Como tinha razão aquele que disse a Jesus que ele é um Coração infinito!

Ele poderia forçar essa porta que não se abre para ele, agir com autoridade: ele o Mestre. Mas não, não é uma homenagem forçada que ele quer, é o dom livre e espontâneo do coração, é o amor! E ele não recebe o amor, ele, que o dá com tanta generosidade!

Ah! Jesus não é amado!... Ele não é amado!... Não é amado... não, mesmo por aqueles que se dizem seus amigos. O que mais podia ele no entanto fazer para conquistar-nos?

Será que foi só para obter o temor, que ele se fez homem, que morreu na cruz, que se escondeu sob os véus da hóstia? – Ah! para se fazer temer ele tinha outros meios em seu poder supremo e em sua justiça.

Como, então, o coração humano não tem senão esta resposta: o temor, para corresponder aos excessos do amor divino? Será um escravo, um mercenário... acaso ele não é filho? E se é filho, onde está então seu amor, a sua piedade filial?

Ouço alguém dizer-me: "O Espírito Santo nos ensina que o temor de Deus é o começo da sabedoria"* O começo, sim, mas não a perfeição.

Na base do edifício da nossa conversão, sim, coloquemos o temor, e que ele aí sempre permaneça, mas no vértice coloquemos o complemento da lei, o amor, que é a substância da santidade!

Quem chegará a esse vértice, senão vós, discípulos apóstolos do Sagrado Coração?


ORAÇÃO PARA PEDIR MAIOR AMOR AO CORAÇÃO DE JESUS



Coração de Jesus, quão grande foi o vosso amor que vos fez companheiro nosso em todas as horas de nossa vida! Assim, temos sempre ao nosso lado mestre que nos ensina o que nos cumpre fazer para agradar a Deus; conforto em todas as nossas tribulações, pois o vosso exemplo nos infunde coragem para sofrer; amigo fiel que, solícito do nosso bem, partilha conosco nossas aflições. Que bom Coração é o vosso, Jesus! Coração de Jesus, chegai ao nosso tíbio coração uma dessas chamas que circundam o vosso, para que o seu contato ateie em nós um abrasador incêndio de fervoroso amor, com o qual possamos corresponder, de algum modo, à vossa infinita caridade.




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FONTES: 1. texto: livro Jesus Rei de Amor, Pe. Mateo Crawley-Boevey, Editora Vozes, 2ª edição/1939, Cap. III-Vida de Amor, pp. 146-150 – Texto atualizado e alguns destaques são do original; 2. oração: opúsculo Orações ao Coração de Jesus, Pe. Arthur Schwab, SVD, Edições Loyola, 2ª edição/1987, pp. 45-46.



*Apocalipse 3, 20: “Eis-me aqui à porta: e eu bato. Se alguém ouve a minha voz e abre-me a entrada, eu entrarei em casa, e comerei com ele e ele comigo”.

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