PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE SETEMBRO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
«Aprendei
de Mim que sou manso e humilde de coração»
(Mt 9, 29)
(Pe.
Mateo Crawley-Boevey)
«Que
a vossa vida seja escondida em Deus!»
(Cl 3, 3)
A
vida natural tal qual é – vinda da lama para voltar ao pó não
vale a pena de ser vivida. Não é um ideal para um
apóstolo, é-lhe necessário algo de mais belo.
Seu
ideal deve ser viver em Jesus, de Jesus e por Jesus.
Que
a vossa vida seja escondida, perdida em Deus! Com Jesus Cristo, vida
de vossa vida!
Mas,
para atingir essa vida ideal, lembrai-vos primeiro que não sois vós
que subis: é ele que desce.
Vede
como elevar-vos até aos cumes; é ele que desce até ao seio de
Maria, daí ao presépio, e em seguida ao altar… Ele desce sempre!
Ele se anula depois de se ter feito nosso irmão. Tal é a sua
glória.. . Tal é também a
minha. Como eu espero
ser revestido um dia de sua grandeza, é preciso que eu me
revista agora de sua humildade.
Ah!
Nós somos grandes demais por nós mesmos; grandeza de amor próprio
e falsa grandeza que não é a dos santos. Desde a encarnação, os
temos: grande (na nossa apreciação) e santo (aos olhos de Deus), se
repelem.
É
preciso, pois, começar por ser pequenos: é o primeiro passo.
Insisto:
somos grandes demais para ser seus instrumentos e para tornar-nos
santos. É preciso ser muito pequeno para ser um grande santo. O que
faz a grandeza é a pequenez.
Mais
que todos os palácios: Belém e o tabernáculo. – Mais que o
presépio do céu, a hóstia!
Somos
grandes demais para nos transformarmos nele para sermos apóstolos.
Para
ser ele, para dá-lo, tornemo-nos como que única partícula de
hóstia.
Contanto
que ele seja a nossa vida, ele consente com ser pó, farinha de
hóstia.
Vede-o
esquecido em seu tabernáculo. Em milhares de sacrários que se
elevam sobre a terra, ele está só, o mais das vezes. É o grande
abandonado e é também o grande pobre. Se tivésseis visto como eu,
missionário, tabernáculos… miseráveis e vergonhosas caixas, com
hóstias abandonadas!…
Jesus-Eucaristia,
meditado, compreendido, dá a grande lição de humildade e
diminuição que é preciso para as nossas pobres grandezas: Nós não
somos mais que o Mestre (Lc 6, 40).
Esquecei
vossos direitos para nada serdes; nada para as criaturas, nada para
vós… tudo para ele.
Teremos
mesmo direitos, nós, junto dele que não quer tê-los, que não faz
valer outro direito senão o de ser amado?
É
preciso que diminuamos, para que ele cresça em nós e por nós (Jo
3, 30).
Toda
a sua vida sobre a terra não foi mais.
«Aprendei
de mim, diz-nos ele, que
sou manso e humilde…»
(Mt 11, 29) Absolutamente idêntica é a de Paray.
Que
vergonha para nós: o Verbo aniquilado entre as criaturas culpadas
... e nós pensando em nossos direitos, preocupados com os nossos
títulos, com a nossa honra! Ele tornado mortal, escravo, pó,
“vermis” (SI 21,
7) um verme da terra, e nós, orgulhosos, ambiciosos, arrogantes,
suscetíveis, em face do tabernáculo cujo silêncio e abandono
condenam a arrogância da nossa soberba, da nossa vaidade. Que
contraste entre o Rei dos reis na sua eucaristia, e nós
carrascos… pecado e nada!
Entrai
no Coração de Jesus, para aprender com ele a vos aniquilar, para
compreender e amar nele a santa humildade.
“Tu
és, ó Jesus, o Deus escondido!… Esconde-te em mim, e então,
transformado eu mesmo numa hóstia, fiquemos sempre… eternamente
unidos um ao outro… Tu em meu pobre coração e eu perdido no
abismo de dor e de celeste luz do teu sagrado Coração.
Ensinai-me,
neste santuário, a ciência que faz amar o esquecimento, mesmo o
desprezo e a ingratidão das criaturas... Oh! oculta-me aos meus
olhos e aos das criaturas, para só viver para ti, ó Jesus,
conhecido e amado só por ti.”
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FONTE:
livro
Jesus
Rei de Amor,
Pe. Mateo Crawley-Boevey, Editora Vozes, 2ª edição/1939, Cap.
V-Humildade, pp. 189-192 – Texto atualizado e alguns destaques são
do original.
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