SÃO CLÁUDIO DE LA COLOMBIÈRE: “OFERECIMENTO AO SAGRADO CORAÇÃO”

Abside da Capela de São Cláudio la Colombière em Paray-le-Monial. São Cláudio está à
esquerda e ao lado de São Francisco de Sales. 

“Pouco importa que os biógrafos não concordem quanto à data do oferecimento ao Sagrado Coração. Em algumas poucas páginas admiráveis, Cláudio la Colombière explica o sentido desse oferecimento feito para honrar o Coração de Jesus e reparar os ultrajes e ingratidões de que é vítima. A oração que termina essas páginas é de notável confiança, humildade, abandono. A única coisa que importa: entrar no Coração de Jesus, deixar-se inflamar por esse divino amor.

'Este oferecimento visa honrar esse Coração Divino, sede de todas as virtudes, fonte de todas as bênçãos e refúgio de todas as almas santas.

As principais virtudes que se pretende honrar com ele são: primeiro um amor ardentíssimo a Deus, seu Pai, unido a um respeito muito profundo e à maior humildade jamais havida; segundo, uma infinita paciência nos sofrimentos, uma contrição e dor extrema pelos pecados por ele assumidos, a confiança de um filho muito carinhoso associado à confusão de um grandíssimo pecador; terceiro, uma compaixão muito sensível por nossas misérias, um amor imenso apesar dessas misérias, não obstante todos esses ímpetos em que cada alma poderia atingir o grau mais íntimo possível, uma inalterável igualdade motivada por uma conformidade tão perfeita à vontade de Deus, que nenhum acontecimento poderia alterar, por mais contrário que parecesse a seu zelo, a sua humildade, a seu amor e a todas as outras disposições em que estivesse.

Esse Coração continua, tanto quanto o possa, com os mesmos sentimentos e, sobretudo, sempre abrasado em amor pelos homens, sempre aberto para derramar sobre eles toda espécie de graças e de bênçãos, sempre sensível a nossos males, sempre estimulado pelo desejo de nos fazer compartilhar seus tesouros e dar-se a nós, sempre disposto a nos acolher e servir de asilo, de morada, de paraíso já nesta vida.

Em retribuição a tudo isso, ele só encontra no coração dos homens dureza, esquecimento, desprezo, ingratidão; ama e não é amado, e seu amor sequer é conhecido, por desdenharem os homens receber os dons com que desejaria testemunhá-lo, e recusarem escutar as ternas e secretas declarações que desejaria fazer deles ao nosso coração.

Em reparação de tantos ultrajes e tão cruéis ingratidões, ó adorabilíssimo e amabilíssimo Coração de meu amável Jesus, e para evitar cair em semelhante desgraça, eu vos ofereço meu coração, com todos os sentimentos de que é capaz; doo-me inteiramente a vós; e, desde este momento, protesto muito sinceramente, segundo me parece, que desejo esquecer-me de mim mesmo e de tudo o que a mim se pode referir para afastar o obstáculo que poderia impedir minha entrada nesse Divino Coração que tendes a bondade de me abrir, e onde almejo entrar para viver e morrer com vossos mais fieis servos, totalmente penetrado e abrasado por vosso amor. Ofereço a esse Coração todo o mérito, toda a satisfação de todas as missas, de todas as orações, de todos os atos de mortificação, de todas as práticas religiosas, de todos os atos de zelo, de humildade, de obediência e de todas as outras virtudes que eu exercer até o último instante de minha vida. Tudo isso não se destina tão só a honrar o Coração de Jesus e suas admiráveis disposições, mas ainda lhe peço muito humildemente que aceite a doação inteira que faço delas, que disponha delas de modo que lhe aprouver e em favor de quem lhe aprouver; e, como já cedi às santas almas que estão no purgatório tudo o que há em minhas ações capaz de satisfazer a justiça divina, desejo que isso lhes seja distribuído conforme o bel-prazer do Coração de Jesus.

Sagrado Coração de Jesus, ensinai-me o perfeito esquecimento de mim mesmo, pois esse é o único caminho pelo qual se pode entrar em vós. Já que tudo que eu fizer será vosso, disponde de tudo de tal maneira que eu só faça o que seja digno de vós. Ensinai-me o que devo fazer para atingir a pureza do vosso amor, cujo desejo me concedeste. Sinto em mim grande vontade de agradar-vos e grande incapacidade de alcançá-lo sem uma grande luz e um socorro muito particular que só posso esperar de Vós. Fazei em mim vossa vontade, Senhor; eu me oponho a ela, bem o sinto; mas desejaria muito não me opor. Cabe a vós fazer tudo, divino Coração de Jesus Cristo; só vós tereis toda a glória da minha satisfação, se me tornar santo; isso me parece mais claro que a luz do dia; mas será para vós uma grande glória, e é somente para isso que almejo chegar à perfeição.'”

☞ NOTA: São Cláudio de la Colombière (ou São Cláudio la Colombière), Apóstolo do Coração de Jesus, é festejado no dia 15 de Fevereiro (próxima sexta-feira).

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FONTE: livro “Na Escola do Coração de Jesus com Cláudio la Colombière”, Pe. Gérard Dufour, tradução de Pe. Pedro Américo Maia, SJ e Pe. Roberto Moreira da Silva, MI, Edições Loyola, ano 2000, pp. 33-35. Destaques são nossos, assim como atualizamos o texto.