HORA
SANTA DO MÊS DE MARÇO
(Por
Santo Afonso de Ligório)
Coração aflito de Jesus, que os "... tantos padecimentos que sofrestes por mim, não fiquem perdidos!" |
CORAÇÃO
AFLITO DE JESUS, VÍTIMA UNIVERSAL
Assim
como todas as águas vão lançar-se no mar, assim todas as aflições
se reuniram no Coração de Jesus. Ele as aceitou com o mais sublime
devotamento, impelido por seu amor para conosco, amor que cegou ao
excesso e,
perdoem-nos
a expressão, à loucura: pois não é uma loucura de amor da parte
de Deus ter querido carregar sobre si todas as iniquidades do mundo,
a fim de sofrer o castigo delas?
Jesus
Cristo sabia que todos os sacrifícios dos animais, oferecidos a Deus
no passado, não tinham podido satisfazer pelos pecados dos homens,
mas que era necessária uma pessoa divina para pagar o preço da
Redenção: que fez? Ofereceu-se a seu Pai para aplacar sua ira e
obter nosso perdão. Dois caminhos então apresentavam-se ante ele:
um, de prazer e glória, outro, de padecimentos e opróbrios; qual
deles foi escolhido? Como ele queria não só nos resgatar da morte,
mas ainda conseguir o amor de nossos corações, renunciou
ao prazer e à
glória,
e escolheu os padecimentos e opróbrios.
(Hb 12, 2) Assim
é
que
este amável Senhor, sem ser obrigado, tomou sobre si todas as nossas
dívidas, como claramente se exprime o Profeta Isaías: Vere
languores nostros ipse tulit. (Is 53, 4)
Eis
que então o Coração de Jesus, a inocência, a pureza, a santidade
mesma, é
carregado
de todas as blasfêmias, de todas as torpezas, de todos os
sacrilégios, de todos os roubos, de todas as impurezas e de todos os
crimes dos homens; ei-lo tornado, por nosso amor, objeto das
maldições divinas, por causa de nossos pecados pelos quais se
obrigou a satisfazer à
eterna
justiça; ei-lo carregado de tantas maldições quantos pecados
mortais foram, são e serão cometidos sobre a terra. Neste estado é
que
ele se apresenta a seu Pai, como culpado e responsável por todos os
nossos crimes, e Deus, seu Pai o condena por isso a padecer morte
infame na
cruz. Então foi que nosso Salvador prostrou-se
com a face por terra
(Mt
26, 39),
como
se tivesse vergonha de levantar os olhos para o céu, vendo-se
carregado de tantas iniquidades. Então foi que experimentou aquela
imensa angústia que lhe fez dizer: Minha
alma está triste até a morte.
Ó
Pai
eterno, como podeis ver vosso Filho amadíssimo em tão grande
aflição? Bem sei, diz o Padre eterno, que meu Filho é inocente,
mas, pois que ele se encarregou de satisfazer a
minha
justiça por todos os pecados dos homens, convém que eu o abandone a
todas as aflições que esses pecados merecem: Eu
o
feri por causa da iniquidade de meu povo
(Is
53, 8).
Jesus no Getsêmani |
Ó
caridade
incomparável do Coração de Jesus! Ele, nosso Deus, fez-se nosso
fiador, obrigando-se a pagar nossas dívidas, segundo a bela
expressão do Apostolo (Hb
7, 22);
e,
depois de ter satisfeito por nós, promete-nos da parte de Deus a
vida eterna. Também o Eclesiástico nos recomendou, há muitos
seculos, nunca
nos esquecermos do beneficio que devemos a este celeste fiador,
que
quis padecer tanto para nos obter a salvação (Eclo 29, 20).
Ó
caridade
infinita do Coração de Jesus! Os
médicos
fazem todos os esforços para curarem o enfermo por quem se
interessam. Mas qual é o medico que toma sobre si a enfermidade de
outrem, para o curar? Jesus Cristo é o único médico que tomou
sobre si nossas enfermidades para as curar. O
Verbo
divino não quis enviar outrem para fazer este misericordioso ofício;
ele mesmo dignou-se vir para ganhar todo nosso amor.
Ó
caridade
verdadeiramente divina do Coração de Jesus! Ele não se contentou
em oferecer à
justiça
divina uma satisfação suficiente, quis que ela fosse
superabundante; digo superabundante,
porque,
para nos resgatar, uma simples súplica do Homem Deus bastava, mas o
que era suficiente, não satisfazia o Coração mais amante que tem
havido e pode haver.
Ó
caridade
verdadeiramente inefável e inaudita do Coração de Jesus, vós nos
obrigais a pormos em vós confiança sem limites, pois nada pode nos
perturbar tanto quanto vós nos podeis sossegar. Cerquem-me os
pecados que tenho cometido, apertem-me os temores do futuro, armem
laços contra mim os demônios; se peço misericórdia a Jesus Cristo
que me consagrou seu amor até morrer por mim, não posso perder a
confiança. Como, com efeito, poderia me abandonar o Deus que por
amor de mim se entregou a
morte?
Ó
Coração
de Jesus, vós sois o porto seguro daqueles que, na tempestade,
recorrem a vós! Ó Pastor vigilante, é errar não esperar em vós,
uma vez que se tenha vontade séria de se corrigir. Vós dissestes:
«Sou
eu, não temais, sou eu que aflijo e consolo. Eu envio algumas vezes
a meus servos tribulações que se assemelham com o inferno, mas não
tardo em os livrar delas e consolá-los.
Eu
sou vosso advogado: vossa causa é minha. Eu sou vossa caução: vim
pagar vossas dívidas. Sou vosso Salvador: resgatei-vos com o meu
sangue, não para vos abandonar, mas para vos enriquecer, tendo vós
me custado tão alto preço.
Como
fugirei de quem me busca, eu que saí ao encontro daqueles que
queriam me ultrajar? Eu não voltei meu rosto daqueles que me feriam;
voltá-lo-ei daquele que quer me adorar? Como meus filhos podem
duvidar que os amo, vendo-me entre as mãos de meus inimigos por seu
amor? Já me viram desprezar aquele que me deu seu amor, ou aquele
que implorava meu socorro? Eu chego ao ponto de ir à procura de quem
não me busca.»
(Foto: Enciclopedia Católica Aciprensa) |
PRÁTICA
Minha
confiança no Coração de Jesus será sem limites, pois o amor que
ele me tem é sem limites. Venham perseguições, securas,
escrúpulos, tentações, temores de perder-me, direi sempre com o
Salmista: Ponho,
Senhor, minha alma entre vossas mãos; confio plenamente em vós,
porque me resgatastes.
(Sl 30, 6)
AFETOS
E SÚPLICAS
Meu
Jesus, se
Deus vos carregou de todos os pecados dos homens (Is 53, 6),
com
que peso não aumentei pelos meus a Cruz que levastes até ao
Calvário? Ah! meu terno Salvador, vós vias já então as injurias
que eu vos havia de fazer, apesar disto não deixastes de me amar e
me preparar estas grandes misericórdias
de que me cumulastes depois. Se, então, vos tenho sido tão caro,
eu, o mais vil e ingrato dos pecadores, que tanto vos ofendi, justo é
que, a
vosso
turno, vós me sejais caro, ó meu Deus, bondade e beleza infinitas.
Ah! oxalá nunca vos houvesse contristado! Agora, meu Jesus, vejo
toda a indignidade de meu procedimento. Malditos pecados, enchestes
de amargura o Coração tão terno e amante do meu Redentor!
Perdoa-me, meu Jesus, arrependo-me de vos ter ofendido: no futuro
sereis o único objeto de meu amor.
Ó
amabilidade infinita, eu vos amo de todo o meu coração, resolvido a
não amar mais senão a vós, Senhor, com Santo Inácio vos digo:
Dai-me vossa graça e vosso amor, e fico satisfeito.
ORAÇÃO
JACULATÓRIA
Cordeiro
sem mancha, tantos padecimentos que sofrestes por mim, não fiquem
perdidos!
EXEMPLO
Joaquim
Gaudiello, irmão leigo da Congregação do Santíssimo Redentor, foi
toda a sua vida ardente amigo da cruz, o que o tornou singularmente
caro ao Coração generoso de Jesus.
Quando
ele resolveu a ser religioso, perguntaram-lhe por que queria abraçar
condição tão humilde? É
porque,
respondeu
ele, quero
com o desprezo do mundo seguir a Jesus Cristo vilipendiado e
desprezado.
Joaquim
não cessou de fazer a
seu
corpo guerra cruel, sujeitando-o
à mortificação e ao trabalho, e, o que é digno dos maiores
elogios, soube unir os trabalhos manuais com o mais alto espirito de
oração. Recorria a Deus em todas as suas necessidades, porque
ele é meu
Pai,
dizia,
a
ele recorro como seu filho.
Jesus,
no Santíssimo Sacramento, tinha absorvido seu coração; ele vivia
tão ávido pela santa comunhão que lhe permitiram fazê-la todos os
dias. Em seus momentos de lazer, recolhia-se à
igreja
para derramar seu coração no Coração do amável Jesus. Como Jesus
era toda a sua glória, Joaquim não tinha em conta alguma as
vaidades do mundo, e punha toda a sua felicidade nas humilhações e
nos desprezos. Que
é o
mundo?,
costumava
dizer, ainda às mais altas personagens,
que
é
o mundo senão uma sombra, um fumo, mas
um fumo
do inferno?
Apenas
com a idade de 22
anos,
enfermou-se, e dessa doença morreu. Interrogado como passava no
leito de dores: contemplo
no meu espelho,
respondeu
mostrando o crucifixo. Seu amor dos padecimentos e sua conformidade
com a vontade de Deus eram verdadeiramente admiráveis. A um padre
que lhe perguntou certo dia quando queria ir para o céu, respondeu
com muita alegria: Quero
ir quando meu Jesus o quiser.
Seu
amor ao Santíssimo Sacramento era tão terno que parecia
transformá-lo em serafim quando diante do tabernáculo.
Santo Afonso M. de Ligório, ardente devoto da Eucaristia |
Um
dia, num transporte de amor, ele disse ao padre Mazzini: «Tomai um
cutelo, abri meu peito, tirai meu coração e colocai-o no
tabernáculo junto do Santíssimo Sacramento.» Sua tristeza era não
poder morrer crucificado como Jesus Cristo. Dizia-se-lhe, para o
consolar, que seu leito era uma cruz: «Não, respondia gemendo, não
é cruz para mim, porque sou fortificado por Jesus crucificado e
consolado nas amarguras.» Puseram diante dele uma pequena estátua
de Jesus atado à
coluna;
apenas viu-a, desfez-se em lágrimas, e disse suspirando: «Ai!
não poder eu tornar-me semelhante a vós, ó meu Jesus flagelado por
mim! Envia-me padecimentos e chagas, ó meu Salvador!»
Sentindo que a morte se aproximava, ele expressou o desejo de receber
a Extrema Unção, dizendo: «É a última consolação que Jesus
Cristo nos deixou na sua bondade.» Depois de ter recebido a santa
comunhão,
ficou arrebatado fora de si; sua figura assumiu ar angélico, e todo
o dia ele ficou neste estado sobrenatural. À tarde, perguntaram-lhe
como estava: «Eu
sinto, disse, Jesus no meu coração.»
Na véspera de sua morte, exclamava em celeste transporte: Paraíso!
Paraíso!
Sendo o primeiro redentorista que morria, ele dizia a seus irmãos,
por último adeus, estas luminosas palavras: Eu
sou
o porta-estandarte! Sua
agonia foi um ato ininterrupto de amor, e ele expirou pronunciando os
santos nomes de Jesus e Maria em 1741.
O Senhor
dignou-se manifestar, por diversos prodígios, a santidade de seu
servo. Santo Afonso lhe chamava moço
dotado de todas as
virtudes.
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FONTE:
livro “O
Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou
Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a
Primeira Sexta-Feira do Mês”,
tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de
Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico
Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 218-225 – Texto revisto e
atualizado)
Meu Deus peço que enterceda por estas pessoas,Eliane,MariaRita,Denise,Armando,"ezequiel", OtacilioDiasdeAlmeida,OsvaldoPereira Edileia,Bruno,Leonardo,Orlando,Jose,Diva,MariadoCarmo,Lindaefam,Silvia,Guiomar,MariaTereza,Lucy,Rose,"sr.jose"efam,"mario",e outros Jesus quebre toda força diabólica hereditária deles conduza à vida eterna de bom ânimo faça justiça em suas vidas de a sua paz Jesus Cristo de Nazaré Amém assim seja graças glórias a Deus e a Jesus
ResponderExcluirEm Teu Nome Meu Jesus Cristo de Nazaré Amém assim seja graças glórias a Deus e a Jesus