SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
“A TERCEIRA APARIÇÃO – O DESEJO DA INSTITUIÇÃO DE UMA FESTA SOLENE PARA SEU SAGRADO CORAÇÃO”
É
natural supor-se que essa Festa (na verdade, Solenidade), tenha sido
instituída pela santa Igreja, a fim de homenagear o Coração
que tanto amou aos homens.
Entretanto, assim não foi a sua origem. O próprio Salvador revelou
à sua esposa, Santa Margarida Maria Alacoque, o desejo que fosse
celebrada na primeira Sexta-Feira depois da oitava da festa do
Santíssimo Sacramento, e que seja uma festa destinada a honrar seu
Sacratíssimo Coração, em reparação das inúmeras ingratidões,
irreverências, sacrilégios, friezas e desprezos que é alvo,
especialmente no Santíssimo Sacramento.
Vejamos
quando e como se deu essa revelação de Jesus:
“Deus Nosso Senhor lhe enviava de fato um religioso dotado de eminente virtude e ciência profunda, para esclarecê-la nas suas dúvidas e assegurar-lhe que, vindo do céu todas as suas visões, nada havia que temer.
Esse
religioso foi por Deus escolhido entre os Padres da Companhia de
Jesus (Jesuítas), para recompensar esta Congregação dos serviços
prestados à Igreja. Os Padres da Companhia tinham educado boa parte
da juventude europeia, civilizado o Paraguai, evangelizado o Japão,
derramado o seu sangue em mil regiões inóspitas, enriquecido a
civilização de numerosas descobertas, posto um dique poderoso à
heresia protestante e jansenista e embalsamado o mundo com o perfume
das mais belas virtudes. Cláudio de la Colombière era enviado como
superior da residência de Paray. Convidado a fazer uma conferencia
às irmãs da Visitação, apenas Margarida o divisou, pareceu-lhe
ouvir estas palavras: «É
este o que eu te envio».
Parece que Deus revelara àquele Padre tudo o que se passava na alma
da santa, porquanto na confissão lhe falou como se de há muito a
conhecera, apesar de nunca ter estado em Paray, nem em Lhautecourt.
Pouco
tempo depois teve o Padre de la Colombière uma conferência com
Margarida, a qual lhe manifestou todas as graças de que o Senhor a
cumulava, os juízos pouco favoráveis que recebera e a dúvida
angustiosa de ser presa das astúcias do espírito maligno. O santo
religioso assegurou-lhe que nada havia a temer no que ela praticava,
uma vez que não se afastasse nem uma linha da voz da obediência;
que devia seguir o espírito que a animava, entregando-lhe todo o seu
ser, para se sacrificar e se imolar segundo a vontade dele. Admirou a
grande bondade divina que não se cansava das suas resistências e
exortou a apreciar os seus dons e a receber com respeito e humildade
as frequentes comunicações e os tratamentos familiares com que a
distinguia, acrescentando que ela devia dar contínuas ações de
graças a tão grande misericórdia. E tendo-lhe ela observado que o
Divino Esposo a seguia tão de perto, sem exceção de tempo e de
lugar, que ela não podia fazer oração vocal e com todos os seus
esforços, não conseguia rezar o rosário, o iluminado religioso
disse-lhe que não fizesse violência e se contentasse de rezar as
orações vocais de pura obrigação. Estas palavras deram luz ao
espírito de Margarida e restituíram-lhe a paz.
Entretanto
aproximava-se o grande dia da terceira visão. Até aqui a
humilde donzela tinha recebido favores íntimos e Jesus lhe pedira
práticas individuais; agora devia confiar-lhe a missão publica de
tornar conhecido e amado o seu adorável Coração e conseguir que
toda a Igreja, desde o Papa, que cinge a tiara suprema, até a
humilde monja do claustro, desde o príncipe até o vassalo, viesse
prostrar-se diante dele para lhe render homenagem.
Era
durante a oitava do SS. Sacramento, a 16
de Junho de 1675.
A santa estava ajoelhada com os olhos fitos no Tabernáculo. De
repente apareceu-lhe Nosso Senhor sobre o altar e, mostrando-lhe o
seu Divino Coração, disse-lhe:
«Eis aqui o Coração que tanto amou aos homens, nada poupando até definhar e consumir-se para dar testemunho do seu amor; e eu, neste mistério de amor, da maior parte dos homens só recebo ingratidões, irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos com que me afligem neste Sacramento de amor. E o que me é mais doloroso, acrescentou com um acento que calou profundamente no coração de Margarida, é que esses são corações, a mim consagrados»
Pediu-lhe,
então Jesus que fizesse estabelecer na Igreja uma festa especial
para honrar o seu Divino Coração.
«É por isso que te peço que na primeira sexta-feira depois da oitava do SS. Sacramento me seja dedicada uma festa particular para honrar o meu Coração, participando naquele dia da S. Comunhão, e fazendo honrosa emenda e reparação decorosa pelas indignidades que ele recebe. E eu te prometo que o meu Coração se dilatará para expandir com abundância as riquezas do seu amor sobre todos aqueles que lhe prestarem essa honra ou procurarem que por outrem lhe seja prestada»
É
esta a revelação mais célebre e que contem tudo o que concerne à
devoção do Coração Divino de Jesus: o seu princípio, que nada
mais é do que o amor infinito de Deus pelos homens; o seu objeto,
que é o de oferecer um culto de reparação, de conforto e de
honrosa emenda; o seu caráter, que é o de ser um culto público,
prestado por toda a Igreja; por fim, os seus efeitos, que consistem
numa nova efusão de amor divino na Igreja e mais particularmente nas
almas pias que se tornarem propagadoras e apóstolos.
Esta
revelação foi mais tranquila; produziu-lhe uma serena alegria e
nenhuma das fortes emoções que caracterizaram as duas primeiras. A
humilde donzela sentia-se recolhida, atenta, feliz; admirou-se
unicamente da missão que lhe era confiada e perguntou a Jesus como
deveria proceder. O Esposo Divino respondeu-lhe que fosse ter com o
seu servo, o qual lhe tinha sido por Ele expressamente enviado.
O
Venerável Padre de la Colombière, ouvindo a narração daquela
visão maravilhosa, pediu-lhe que lh'a desse por escrito a fim de a
estudar atentamente e meditá-la na oração e no recolhimento.
Depois de maduro exame, iluminado pelo Céu, declarou à santa que
aquela revelação vinha sem dúvida de Deus e que nela podia
confiar. Tranquilizada pelas suas palavras, Margarida ajoelhou-se
diante do Coração Divino e consagrou-se solenemente a Ele,
prestando-Lhe por primeira uma das mais puras homenagens. O Venerável
Padre de la Colombière uniu-se a ela consagrando-se também ao
Coração de Jesus.
São Cláudio de la Colombière e Santa Margarida Maria e os três corações |
Era
na sexta feira, 21 de Junho do 1675, o dia seguinte ao da oitava do
Corpus Christi,
exatamente o designado pelo Divino Salvador para se celebrar a festa
em toda a cristandade. Assim recebia, na pessoa de um santo sacerdote
e de uma humilde donzela, as primícias daquelas adorações, que a
Santa Igreja inteira, de levante a poente e do setentrião ao meio
dia, devia prestar-lhe dentro em breve. Ó
Coração dulcíssimo, templo augusto da SS. Trindade, fornalha
ardente do supremo amor, límpida nascente de vida eterna, prostro-me
eu também à tua presença e consagro-me inteiramente ao teu
serviço, prometendo trazer a teus pés a quantos puder e tornar-te
conhecido e amado por todos. Comunica, eu te suplico, ao meu coração
uma centelha do teu amor ardente, para que ele se consuma em
holocausto e só por Vós palpite. Quero viver ao sopro suave da tua
devoção e morrer apertando o teu Coração contra o meu, dormindo o
sono da morte sobre o teu peito adorável, à imitação do Discípulo
Amado.
Depois
da santa Comunhão, Margarida foi arrebatada em espírito e viu o
Divino Coração, sob a forma de uma fornalha ardente, a despedir
chamas de todas as partes. Viu depois outros dois corações: o do
padre de la Colombière e o seu, os quais iam unir-se e abismar-se
naquelas chamas; ao mesmo tempo, ouvia-se: «É
assim que o meu santo amor une para sempre estes três corações».
Jesus acrescentou que queria que aqueles dois corações fossem, no
seu Coração Divino, como irmão e irmã que repartem igualmente a
herança de seu pai; precisamente assim, se tornariam participantes
dos tesouros de graças que encontrariam na união com Ele.
Mais
de dois séculos já se passaram desde aquele dia memorando; e a
devoção ao Sagrado Coração de Jesus se espalhou por todo o mundo.
Na primeira sexta-feira de cada mês a mesa eucarística enche-se de
almas piedosas que desejam ressarcir o Coração Divino dos ultrajes
e dos desprezes dos homens. Na noite de quinta para sexta-feira,
numerosos cristãos, jovens esposos, mães de família, virgens
consagradas a Deus, sacerdotes, levantam-se para sofrer com Ele e
participar, na meditação e na penitência, das angústias do
Getsêmani. Por toda a parte na primeira sexta-feira depois da oitava
do SS. Sacramento, o coração do mundo católico palpita de amor por
Ele, oferece-Lhe flores e incenso e, no auge da alegria, contempla as
doces maravilhas da sua grande caridade. Numa palavra, o Coração
Divino vence, reina, triunfa sobre as indiferença dos homens.”
Para concluir, abaixo publicamos a primeira consagração ao Sagrado Coração de Jesus, composta por sua confidente Santa Margarida Maria Alacoque, e em seguida, tendo em vista que essa festa também tem natureza reparadora,
Para concluir, abaixo publicamos a primeira consagração ao Sagrado Coração de Jesus, composta por sua confidente Santa Margarida Maria Alacoque, e em seguida, tendo em vista que essa festa também tem natureza reparadora,
Santa Margarida Maria Alacoque |
PRIMEIRA
CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS COMPOSTA POR
SANTA MARGARIDA
(Para
a consagração individual)
Eu
N. N. dou e consagro ao ·Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus
Cristo a minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e dores,
não querendo servir-me de parte alguma de meu ser, senão para o
honrar, amar e glorificar.
É
esta a minha vontade irrevogável – pertencer-lhe e fazer tudo por
seu amor, renunciando completamente ao que não for do seu agrado.
Eu
vos tomo, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor,
protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de
minha fragilidade e inconstância, reparador de todos os meus
defeitos e asilo seguro na hora da morte.
Sede
ó Coração de bondade, minha justificação para com Deus vosso
Pai, e afastai de mim os castigos de sua justa cólera. Ó Coração
de amo ponho em Vós toda a minha confiança, pois tudo receio de
minha fraqueza e malicia, mas tudo espero da vossa bondade.
Destruí
em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro
amor se grave tão profundamente no meu coração, que eu não possa
jamais esquecer-me nem separar-me de Vós.
Suplico-vos
também, por vossa suma bondade, que o meu nome seja escrito em Vós,
pois eu quero fazer consistir toda minha felicidade e minha glória
em viver e morrer convosco na qualidade de vossa escrava. Asim seja.
(Três
anos de indulgência plenária no fim de um mês)
ATO DE DESAGRAVO PARA A FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(Depois
da ladainha do Sagrado Coração e diante do Santíssimo Sacramento
exposto)
Dulcíssimo
Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão
ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos,
eis-nos aqui prostrados diante do vosso altar, para vos desagravarmos
com especiais homenagens da insensibilidade tão insensata e das
nefandas injurias com que é de toda a parte alvejado o vosso
amorosíssimo Coração.
Reconhecendo,
porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez,
cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar,
imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as
próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do
caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos
querendo como pastor e guia, ou, conculcando as promessas do batismo,
sacudiram o suavíssimo jugo da vossa santa Lei. De todos estes tão
deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas
particularmente da licença dos costumes e imodéstias do vestido, de
tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos
dias santificados, das execrandas blasfêmias contra Vós e vossos
Santos, dos insultos ao vosso Vigário e a todo o vosso clero, do
desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do
divino amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações
contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.
Oh!
Se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades!
Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos,
juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os Santos e
almas piedosas, aquela infinita satisfação, que Vós oferecestes ao
Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias
sobre nossos altares.
Ajudai-nos,
Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é
nosso firme propósito, com a viveza da Fé, com a pureza dos
costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélica,
reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos,
impedir por todos os meios novas injúrias de vossa divina Majestade,
e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possível.
Recebei,
ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora,
a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a
grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel
cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que
possamos chegar todos à pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai
e o Espírito Santo, viveis e reinais Deus por todos os séculos dos
séculos. Assim seja.
– 5
anos de indulgência plenária ao fim de um mês. 7 anos, por ocasião
do ato público na frente do Sagrado Coração, e plenária se o fiel
tiver se confessado e comungado.
JACULATÓRIAS
Por
toda a parte seja amado o Sagrado Coração de Jesus. (300 dias
de indulgência)
Jesus,
manso e humilde de Coração, fazei o meu coração semelhante ao
vosso. (500 dias de indulgência, plenária no mês)
Doce
Coração de meu Jesus, fazei que vos ame cada vez mais. (300
dias de indulgência, plenária no mês)
Coração
de Jesus, abrasado de amor por nós, inflamai nosso coração de amor
por vós. (500 dias de indulgência, plenária no mês)
Doce
Coração de Jesus, sede meu amor. (300 dias de indulgência,
plenária no mês)
Por Maria a Jesus!
Sou todo teu, Maria.
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FONTES:
1.
texto: opúsculo “Santa
Margarida Maria Alacoque A Esposa do Sagrado Coração de Jesus –
História de Sua Vida”,Compilada
pelo Servo de Deus P.
André Beltrami da Pia Sociedade Salesiana, 2ª edição brasileira,
São Paulo/1932, Escolas Profissionais do Lyceu C. de Jesus, Capítulo
XVIII, pp. 51 a 54; 2.
orações: “Manual
do Coração de Jesus para os Associados do Apostolado da Oração”,
31ª edição brasileira, 1965, pp. 137 a 139 e 143/144. O título é nosso,
assim como alguns destaques. Textos revistos e atualizados.
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