«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 5 de junho de 2020

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE JUNHO

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE JUNHO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Afresco da Capela da Visitação em Paray-le-Monial

PRIMEIRA REVELAÇÃO DO CORAÇÃO DE JESUS, FULGURANTE COMO O SOL, COROADO DE ESPINHOS E ENCIMADO POR UMA CRUZ

Foram três as grandes revelações desta devoção inefável, reservada nos últimos tempos da Igreja, a reacender nos fiéis o amor de Deus. A primeira realizou-se no dia da festa do glorioso Apóstolo, que na última ceia reclinou a cabeça sobre o peito adorável do Salvador e auscultou as divinas palpitações do seu Coração três vezes santo.

No dia 27 de Dezembro de 1773, achando-se Margarida em oração diante do SS. Sacramento, mais fervorosa do que nunca, foi arrebatada em êxtase e o Divino Salvador concedeu-lhe o privilégio do discípulo amado, permitindo-lhe que reclinasse a cabeça sobre seu peito augusto, e experimentasse as maravilhas do seu amor. Jesus fez-lhe depois contemplar o seu Coração Sacratíssimo, oculto até aquele dia, todo fulgurante de luz, mais fulgido que o sol meridiano, mais transparente do que um cristal e consumido como uma fornalha pelas chamas do seu amor aos homens. A chaga que lhe abrira na cruz o soldado romano aparecia visivelmente: estava toda circundada de espinhos e encimada por uma cruz.

Enquanto Margarida, fora de si pela comoção e pelo afeto, contemplava aquele espetáculo, Nosso Senhor tomou a palavra e disse-lhe: «O meu Coração está tão apaixonado de amor pelos homens que, já não podendo conter dentro de si as chamas da sua ardente caridade, vê-se obrigado a expandi-las por teu intermédio e a manifestar-se, a fim de enriquecê-los dos seus preciosos tesouros e das graças de que necessitam, para evitarem a eterna perdição.» E acrescentou: «Eu te escolhi como um abismo de indignidade e ignorância para a realização de tão grande desígnio, a fim de que seja tudo feito por mim mesmo». Pediu-lhe depois o coração e, recebendo-o, colocou-o dentro do seu, como um átomo numa fornalha ardente. Em seguida, retirando de si uma chama ardente em forma de coração, colocou-lhe no peito, dizendo: «Aqui tens um precioso penhor do meu afeto. Encerro no teu peito uma centelha das chamas mais vivas do meu amor, para te servir de coração e consumir-te até o ultimo momento. Até aqui tiveste o nome de minha escrava; de hoje em diante chamar-te-ás a discípula predileta do meu Coração». Depois de tão excelso favor, que durou por longo espaço de tempo, durante o qual ela não sabia se estava no Céu ou na terra, permaneceu por muitos dias toda inflamada de amor e não podia falar, comer e agir senão fazendo grande violência, como se tivesse que tirar do Céu a sua alma para animar o corpo.

A majestade divina tinha invadido inteiramente o seu ser e o amor tinha despertado nele chamas que ardiam sem cessar. Uma humildade profundíssima foi o fruto que lhe deixou a visão daquele Coração Sacratíssimo, que é manso e humilde. Desejaria ajoelhar-se no meio do refeitório e revelar publicamente as suas culpas, para ser desprezada por todas as suas irmãs. De então por diante sentiu do lado do peito a pontada de uma chaga invisível por toda a vida, a qual lhe causava agudas dores e, ao mesmo tempo, a consumia de um amor santo. O seu peito experimentava a agonia da lança que traspassou o do Divino Mestre e o ardente amor que devorava o Coração Divino. Mas a ferida não aparecia visivelmente como no lado do glorioso Patriarca de Assis, do qual até sangue vivo jorrava. Jesus escondera-lhe, como fizera outrora com a santa virgem de Siena, a qual, depois de ter recebido os cinco estigmas, pediu ao seu Esposo Celeste os ocultasse aos olhos dos homens, para evitar a maravilha e a veneração.

Esta revelação do Coração Divino assinalou na vida de Santa Margarida um aumento em todas as virtudes e um progresso maravilhoso no amor celeste. Os meses seguintes pareciam-lhe os primeiros dias da primavera, nos quais, depois de uma longa e silenciosa preparação, a terra de súbito veste-se como uma esposa, cobre-se de um manto esmeraldino, matizado das mais fragrantes flores, embalsamando o ar e alegrando o coração. Todas as irmãs notaram o rápido progresso de Margarida na virtude e pressentiam quão grandes coisas havia Deus realizado naquela alma de eleição; nenhuma, porém, pode penetrar no seu misterioso segredo. A Santa já não vivia, nem respirava senão para o Coração dulcíssimo de Jesus; a sua imagem estava de contínuo presente ao seu espírito e, como um sol, a iluminava com os seus raios. Se a só vista daquele Coração adorável nos causa tanta impressão em nós, tão frios e languidos no amor de Deus e tanto nos excita à piedade mais terna, qual não deveria ser o amor que despertaria no coração de Margarida, tão pura, tão cheia de caridade celeste?

Vamos também nós, pressurosos, à imitação do discípulo amado descansar sobre o seu peito adorável, para auscultar-lhe as palpitações misteriosas e atingir nele a humildade a doçura de que Ele próprio se proclamou mestre. Jesus conservou-o escondido no seu peito durante 16 séculos, mostrando-o, apenas a uma ou outra alma privilegiada. Agora, porém, revela-o a toda a Igreja e enquanto o sustenta numa das mãos, com a outra convida a todos a virem a Ele e beberem as águas de vida eterna que jorram sem cessar daquela ferida.




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FONTE: opúsculo Santa Margarida Maria Alacoque A esposa do Sagrado Coração de Jesus História da sua Vida, Compilada pelo Servo de Deus Pe. André Beltrami da Pia Sociedade Salesiana, Escolas Profissionais do Lyceu C. de Jesus, 2ª edição brasileira, São Paulo/1932, excertos do Cap. XVI, pp. 47-49. Obra em formato PDF obtido do blog Alexandria Católica – Texto revisto e atualizado, o título é nosso.


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