«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019


PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS DE DEZEMBRO, DEDICADA AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


A HUMILDADE DE CORAÇÃO
SEGUNDO O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS*


Ó Jesus manso e humilde de Coração, fazei o meu coração semelhante ao Vosso.

1 – Só uma vez Jesus disse expressamente: aprendei de Mim, e disse-o a propósito da humildade: “Aprendei de Mim que Sou manso e humilde de Coração”.(Mt 11, 29) Sabendo bem como seria difícil à nossa natureza orgulhosa, a prática da verdadeira humildade, parece ter querido dar-nos assim um particular estímulo. O Seu exemplo, as Suas inauditas humilhações que O tornaram “o opróbrio dos homens e a abjeção da plebe”,(Sl 21, 7) que por nós O “fizeram pecado”(II Cor. 5, 21) e que O carregaram com todas as nossas iniquidades, até ao ponto de ser “contado entre os maus”,(Mc 15, 28) são o maior estímulo e o maior convite à prática da humildade.
Jesus fala-nos diretamente da humildade do coração porque toda a virtude, toda a reforma de vida, para serem sinceras devem provir do coração, de onde vêm os pensamentos e as ações. Uma atitude exterior, um modo de falar humilde, são vãos sem a humildade de coração e são muitas vezes a máscara de um orgulho refinado e por isso mais perigoso. “Purificai primeiro o que está dentro – dizia Jesus condenando a hipocrisia dos fariseus – para que também o que está fora fique limpo”.(Mt 23, 26) E Santo Tomás ensina que “da disposição interior para a humildade procedem certos sinais nas palavras, nos gestos, nas ações, mediante os quais se manifesta no exterior o que está escondido no interior”.(Iia Iae, q. 161, a 6.)
Se queres, pois, ser verdadeiramente humilde, exercita-te acima de tudo na humildade do coração, aprofundando cada vez mais o conhecimento sincero do teu nada e da tua pequenez. Aprende a reconhecer sinceramente os teus defeitos, as tuas faltas, sem as quereres atribuir senão à tua miséria, e reconhece o bem que está em ti como puro dom de Deus, nunca o julgando propriedade tua.

2 – A humildade do coração é uma virtude difícil e fácil ao mesmo tempo; difícil, porque contraria o orgulho que nos leva a exalta-nos; fácil, porque não precisamos de ir longe procurar-lhe as causas, já que as temos – e com que abundância! – em nós próprios, na nossa miséria. Para sermos humildes, porém, não basta sermos miseráveis; só é humilde quem reconhece sinceramente a própria miséria e age em consequência.
Como o homem é soberbo por instinto, não pode chegar a este reconhecimento sem a graça de Deus. Mas como Deus não recusa a ninguém as graças necessárias, dirigi-te a Ele e, com confiança e constância, pede-lhe a humildade do coração. Pede-lha em nome de Jesus que tanto Se humilhou para a glória do Pai e para tua salvação, “pede em seu nome e receberás”.(Jo 16, 24) Se apesar do desejo sincero de te tornares humilde, sentes, muitas vezes, agitarem-se em ti movimentos de orgulho, de vanglória, de vã complacência, em vez de desanimares, reconhece-os como fruto da tua má natureza e serve-te deles como de um novo motivo para te humilhares.
Lembra-te, além disso, de que podes praticar sempre a humildade do coração, mesmo quando não puderes fazer atos particulares e exteriores de humildade, quando ninguém te humilha, quando até pelo contrário, és alvo da confiança, da estima, do louvor dos outros. Santa Teresa do Menino Jesus dizia em tais circunstâncias: “Isto não poderia inspirar-me vaidade, tenho continuamente presente no pensamento, a lembrança do que sou”;(M.C. pág. 297.) e tu pensa que “não és mais santo por ser louvado ou mais pecador por ser censurado”.(Imit. II, 6, 3.) Assim quanto mais te exaltarem, mais deves te humilhar em teu coração. Praticada desta maneira, a humildade do coração far-te-á conceber tão baixo conceito de ti mesmo, que jamais serás capaz de preferir-te a alguém, pois todos julgarás melhores do que tu, mais dignos de estima, de respeito, de consideração; assim estarás em paz, nunca sendo perturbado pelo desejo de superar os outros nem pelas humilhações recebidas. A paz interior é fruto da humildade, pois Jesus disse: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para as vossas almas”.(Mt 11, 29)

*Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, “Vivendo a Quaresma”, Meditação sobre “A Humildade de Coração”, pp. 175-176; Edições Apostólicas, Campos dos Goytacazes-RJ, 2010.

ORAÇÃO PARA ENTRAR NA ESCOLA DO CORAÇÃO DE JESUS

Jesus, que dissestes: “Aprendei de mim que sou manso e humilde coração”. Por vós é que “todos somos ensinados para Deus”. Vós nos revelais o Pai e todo o amor que ele nos tem. Também queremos tornar-nos discípulos de vosso Coração. Tende somente pena de nossa cabeça dura e de nosso coração lento para acreditar. Mas com paciência e bondade, transmiti-nos “a ciência sublime que ultrapassa todo conhecimento, a de vossa caridade”, que nos fará penetrar em vossa plenitude. Ensinai-nos os mistérios de vosso Reino; mas, porque nos é necessário para os compreender, torna-nos pequeninos, fazei nossos corações semelhantes ao vosso, corações de crianças simples e que confiam, dóceis a tanto amor que nos quer iluminar de tanta luz. Coração de Jesus, instruí-nos com vossas noções de vida, mas sobretudo e antes de mais nada, partilhai conosco a doçura e humildade de vosso próprio Coração.




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FONTES: 1. texto: blog Cum Petro et sub Petro Semper; 2. oração: opúsculo Orações ao Coração de Jesus, Pe. Artur Schwab, S.V.D., Edições Loyola, 2ª edição/1987, p. 33.

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