«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 19 de julho de 2019


DIFUNDIR O CULTO AO CORAÇÃO DE JESUS


Mosaico da Capela de São Cláudio La Columbière, em Paray-le-Monial

DURANTE minha peregrinação a Paray-le-Monial, desejei vir rezar na capela onde se venera o túmulo de são Cláudio la Columbière. Ele foi o servo fiel que, em seu amor providencial, o Senhor deu como diretor espiritual a santa Margarida Maria Alacoque. Tornou-se, então, o primeiro propagador de sua mensagem. Em poucos anos de vida religiosa e de ministério intenso, revelou-se um filho exemplar da Companhia de Jesus, a qual, segundo o testemunho de santa Margarida Maria, Cristo confiara o encargo de difundir o culto de seu Coração divino.

Sei com que generosidades a Companhia de Jesus acolheu essa admirável missão e com que fervor se encarregou de cumpri-la, o melhor possível, ao logo destes três últimos séculos. Desejo, nesta ocasião solene, exortar todos os membros da Companhia a promover, com maior zelo ainda, essa devoção que corresponde plenamente às expectativas de nosso tempo.

Com efeito, se o Senhor quis, em sua Providência, que no limiar dos tempos modernos, no século XVII, partisse de Paray-le-Monial um impulso poderoso em favor da devoção ao Coração de Cristo, sob as formas indicadas nas revelações recebidas por santa Margarida Maria, os elementos essenciais dessa devoção pertenciam já à espiritualidade da Igreja ao longo de sua história. Desde o princípio, a Igreja voltou seu olhar para o Coração de Cristo traspassado na cruz de onde jorraram sangue e água, símbolos dos sacramentos que constituem a Igreja. No Coração do Verbo encarnado, os padres do Oriente e do Ocidente viram o começo de toda a obra da nossa salvação, fruto do amor do divino Redentor. O Coração traspassado é símbolo particularmente expressivo desse amor.

O desejo de conhecer intimamente o Senhor e de fazer um colóquio com ele, coração a coração, é característica, graças aos Exercícios Espirituais, do dinamismo espiritual e apostólico inaciano, todo a serviço do amor do Coração de Deus.

O Concílio Vaticano II, enquanto nos lembra que Cristo, Verbo encarnado, nos amou com um coração de homem”, assegura-nos de que “sua mensagem, longe de diminuir o homem, serve para seu progresso, infundindo luz, vida e liberdade; fora dele, nada pode satisfazer o coração humano (cf. Gaudium et spes, 22, 21).

O Sagrado Coração de Jesus, São Cláudio La Colum-
bière e Santa Margarida Maria

Junto do Coração de Cristo, o coração do homem aprende a conhecer o sentido verdadeiro e único de sua vida e de seu destino, a compreender o valor de uma vida autenticamente cristã, a se guardar de determinadas imperfeições do coração humano, a unir o amor filial para com Deus ao amor do próximo.” Assim – e esta é a verdadeira reparação pedida pelo Coração do Salvador –, sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser construída a tão desejada civilização do amor, do reino do Coração de Cristo.

Por esses motivos, desejo vivamente que prossigais, com perseverança, a difusão do verdadeiro culto do Coração de Cristo e que estejais sempre prontos a dar uma ajuda eficaz a meus irmãos no episcopado a fim de promover esse culto em todos os lugares, preocupando-vos em encontrar os meios mais adequados de apresentá-lo e de praticá-lo, para que o homem de hoje, com sua mentalidade e sensibilidades próprias, descubra nele a verdadeira resposta a suas interrogações e expectativas.

Como no ano passado, por ocasião do congresso do Apostolado da Oração, eu vos tinha particularmente confiado esta obra estreitamente unida à devoção ao Sagrado Coração, hoje, nesta minha peregrinação a Paray-le-Monial, vos peço que empregueis todos os esforços possíveis para realizardes cada vez melhor a missão que Cristo vos confiou, a difusão do culto de seu Coração divino.

Os abundantes frutos espirituais produzidos pela devoção ao Coração de Jesus são amplamente reconhecidos. Expressando-se, principalmente, pela prática da hora santa, da confissão e da comunhão da primeira sexta-feira do mês, ela contribuiu para estimular gerações de cristãos a rezar mais e participar mais frequentemente dos sacramentos da Penitência, da Eucaristia. Estes são os caminhos que, ainda hoje, devem ser propostos aos fieis.

Que a proteção maternal da Santíssima Virgem Maria vos assista. Foi na festa da Visitação, em 1688, que essa missão vos foi confiada. Que a bênção apostólica que, de coração, dou a toda a Companhia de Jesus, desde Paray-le-Monial, seja para vós apoio e conforto em vosso trabalho apostólico.

5 de Outubro de 1986.

João Paulo II


______Carta do santo padre, João Paulo II,
enviada ao Pe. Peters Hans Kolvenbach, prepósito geral da Companhia de Jesus


* * *

Dentre os comentários do Pe. Gerárd Dufuor, Capelão de Paray-le-Monial, à época, destacam-se os seguintes:

Os laços entre a Companhia e a Visitação são antigos e profundos. Foi por iniciativa dos jesuítas que santa Joana Francisca de Chantal fundou o mosteiro de Paray, em 4 de setembro de 1626. As visitandinas se beneficiaram constantemente da ajuda espiritual dos filhos de santo Inácio. Um acontecimento providencial iria associar as visitandinas e os jesuítas na difusão do culto ao Coração de Jesus.

Não é possível compreender a carta de João Paulo II ao Pe. Kolvenbach sem mencionar a visão de santa Margarida Maria, em 2 de julho de 1688. Numa carta dirigida à sua antiga superiora, madre De Saumaise, poucos dias depois daquela data, ela escreve ter passado 'boa parte do dia em oração diante do Santíssimo Sacramento'. É agraciada com uma visão (lembrada por um grande mosaico da capela de São Cláudio La Columbière, em paray-le-Monial) em que o Sagrado Coração é representado sobre um trono de chamas – o fogo significando a ardente caridade do Coração de Jesus –, cercado pela Santíssima Virgem, são Francisco de Sales e Pe. La Columbière.

A 'Mãe de bondade' começa dizendo às visitandinas que elas são 'depositárias do precioso tesouro' que é o Coração de Jesus; que elas devem procurar 'dele se enriquecer e fazer que todo o mundo dele se enriqueça, sem temer que ele se exaura. E, 'quanto mais dele se servirem, mais encontrarão'.

Em seguida a Virgem se dirige ao Pe. La Columbière: 'Quanto a vós, fiel servo do divino Filho, tendes grande parte neste precioso tesouro, se foi dado às filhas da Visitação conhecê-lo e distribuí-lo aos outros, foi reservado aos padres de vossa Companhia fazer conhecer sua utilidade e valor, para dele tirarem proveito, recebendo-o com respeito e o reconhecimento devidos a tão grande benefício. E, na medida em que eles lhe derem esse prazer, esse divino Coração, fonte de bênção e de graças, as derramará tão abundantemente sobre as funções de seus ministérios que produzirão frutos além de seus trabalhos e esperanças. E até mesma para salvação e perfeição para cada um deles em particular'.

Tal é a origem dessa missão suave, munus suavissimum, confiada à Companhia de Jesus e assunto da carta de João Paulo II.

A mensagem do papa se apresenta como recordação de um difícil passado apostólico e apelo a uma fidelidade renovada.”






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FONTE: livro Na Escola do Coração de Jesus com João Paulo II, Pe. Gérard Dufuor, Edições Loyola, São Paulo/2000, pp. 38-40 e 61-62.

Um comentário:

  1. Meu Deus peço pela saúde de Roger Abdel de cura totalmente completamente de a Tua paz Jesus Cristo de Nazaré Amém de vitórias realizações proteção faça justiça em sua vida de misericórdia compaixão piedáde Jesus Cristo de Nazaré Amém assim seja graças glórias a Deus e a Jesusquecura A MINHA PAZ VOS DOU DISSE JESUS CRISTO DE NAZARÉ AMÉM

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