«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

quinta-feira, 4 de abril de 2019


HORA SANTA DO MÊS DE ABRIL
(Por Santo Afonso de Ligório)

Holocaustos de corações ao Coração de Jesus (corações de São José, Santa Teresa,
Santo Inácio de Loyola e São Lourenço)

CORAÇÃO AFLITO DE JESUS, VÍTIMA CONTÍNUA


Ainda que o pio exercício da Hora Santa tenha por fim especial honrar as dores do Coração de Jesus em Getsêmani, é bom, entretanto, que a alma fiel se lembre de que a agonia do Salvador não começou ali, pois sua vida passou-se em angústias nunca interrompidas, foi um oceano de amarguras sem limites nem mistura. É o que Nosso Senhor revelou um dia a Santa Margarida de Cortona, dizendo-lhe que, em toda a sua vida, nunca tinha gozado a menor consolação sensível.

A tristeza que ele manifestou no Jardim [das Oliveiras], tinha invadido sua alma desde o primeiro momento de sua encarnação. Minha dor, dizia o Senhor pela boca do Salmista, está continuamente diante de meus olhos; (Sl 37, 14) e desde então ele começara a oferecê-la em satisfação de nossos pecados. Jesus revelou a um dos seus servos que, desde o começo de sua vida até a sua morte, ele padeceu sem cessar e tão cruelmente que, se ele tivesse tantas vidas quantos homens há, tantas vezes teria morrido de dor, se Deus não lhe tivesse conservado a vida para padecer ainda mais. Ah! que martírio para o Coração de Jesus ter continuamente ante os olhos todos os pecados dos homens! Ele viu sem cessar, diz S. Bernardino, cada falta de cada um de nós, e cada uma dessas faltas o afligiu imensamente.

Tem-se cuidado de ocultar aos enfermos o ferro e o fogo que se devem empregar para sua cura; Jesus não quis que os instrumentos de dor, que haviam de lhe dar a morte para nos obter a vida, lhe fossem ocultos: ele teve sem cessar diante dos olhos os açoites, os espinhos, os cravos, a cruz, que iam tirar de suas veias até a última gota de sangue e fazê-lo expirar de pura dor. Achando-se, havia muito tempo, em grandes tribulações à Irmã Magdalena Orsini, apareceu-lhe Jesus pregado na cruz, a fim de fortificá-la pela lembrança de sua Paixão, e a exortou a ter paciência. A serva de Deus respondeu-lhe: Mas, Senhor, vós não estivestes senão três horas sobre a cruz, ao passo que eu estou padecendo há muitos anos. E o Senhor lhe disse repreendendo-a: Ah! ignorante que dizes? Desde o primeiro momento de minha existência no seio de minha Mãe, comecei a sofrer em meu Coração tudo o que sofri mais tarde na cruz. Pode-se concluir daí que Nosso Senhor esteve de algum modo sobre a cruz durante toda a sua vida. Ainda quando ele dormia, diz Belarmino, a cruz não cessava de atormentar este amante Coração. Assim, toda a vida e todos os dias de nosso divino Redentor foram vida e dias de dores e lágrimas,(Sl 80, 11) de sorte que ele não passou um instante sem padecer, velando e dormindo, trabalhando e descansando, orando e conversando. Sim, Jesus teve sempre diante dos olhos esta cruel representação que atormentava muito mais sua santa alma que os mais bárbaros suplícios dos mártires. Estes padeciam, mas ajudados pela graça, suportavam os tormentos com alegria e consolação que o fervor dá; Jesus Cristo, ao contrário, padecia, mas sempre com o Coração amargurado por causa dos pecados do homem.


S. João Crisóstomo conclui daí, que só o pecado nos deve contristar; e que, como Jesus Cristo foi afligido durante toda sua vida por nossos pecados, assim, nós que os cometemos, devemos chorá-los sem cessar, lembrando que ofendemos um Deus cujo amor para conosco é infinito. Imitemos Santa Margarida de Cortona, essa ilustre penitente que não cessava de chorar suas faltas. Certo dia lhe disse seu confessor: Margarida, sossegai-vos, não choreis mais, Deus vos perdoou.Ah! meu Pai, respondeu ela, como posso cessar de chorar meus pecados, sabendo que afligiram o Coração de meu Salvador durante uma vida inteira?

Não nos contentemos de nos arrepender das faltas que cometemos. Já que o Coração inocente de Jesus quis padecer durante toda a sua vida a pena devida por nossos pecados, saibamos igualmente receber com paciência todas as penas que nos venham, sem nos queixarmos de sua duração. Assim, quando o Senhor nos visita por alguma enfermidade, ou revés, ou perseguição, ou desalento, humilhemo-nos e digamos: Senhor, muito justo é que eu padeça, porque vos ofendi. Humilhemo-nos, digo, e consolemo-nos, porque se Deus nos pune nesta vida, é por querer nos preservar do suplicio eterno. Assim é que Jó dizia: Pudesse eu ter a consolação que o Senhor me aflige e não me poupa (Jó 6, 10) neste mundo, para me perdoar na outra vida! Pois, aquele que mereceu o inferno, pode queixar-se das cruzes que Deus lhe envia nesta vida? Se as penas do inferno fossem pequenas, ainda assim deveríamos querer antes todos os males temporais, que sempre acabam, do que essas supostas penas ligeiras, mas que serão eternas; mas já que sabemos que o inferno é a morada de todas as dores, e estas serão grandes e eternas, que faremos? Suponhamos que temos a inocência batismal e jamais havemos merecido o inferno, não é contudo verdade que temos merecido longo purgatório? Ora, recordemo-nos do que sofrem as almas nesse lugar de expiação. O fogo que as queima, diz Santo Agostinho, é um tormento que excede tudo que o homem pode padecer nesta vida. Isto pelo que respeita à pena dos sentidos; mas a pena do dano ou a privação da vista de Deus é, diz S. João Crisóstomo, suplício incomparavelmente maior que a pena dos sentidos. Julguemo-nos, então, felizes de sermos castigados antes nesta vida do que na outra, tanto mais que, nesta vida, se aceitamos as penas com paciência, teremos merecimento, ao passo que na outra, padecendo muito mais, nada merecemos.

PRÁTICA

Considerando a Jesus aflito no Jardim [das Oliveiras], pensarei nas almas do purgatório; rogarei por elas, e tomarei a resolução de evitar as faltas que causam sua longa agonia, como elas causaram a de Jesus.

AFETOS E SÚPLICAS
Jesus Cristo no Getsêmani

Assim, amadíssimo Jesus, meus pecados é que vos causaram esta grande aflição: se eu tivesse pecado menos, vós menos teríeis padecido; quanto maior prazer tive em vos ofender, maior pena vos causei. Ai! como é que não morro de pesar, ao pensar que respondi a vosso amor, aumentando vossos padecimentos e vossa tristeza! Eu, pois, afligi esse Coração que tanto amor me tem! Para com as criaturas tenho sido reconhecido; só contra vós tenho sido ingrato! Ó meu Jesus, perdoai-me, de todo o coração me arrependo.


ORAÇÃO JACULATÓRIA

Ó Coração cheio de amor, até aqui que tenho feito, que tenho sofrido por vós?

EXEMPLO

Maria Ock, cuja maravilhosa vida não cede em nada à admirável de Santa Cristina, nem à de Santa Catarina de Sena, nasceu em Liege, no ano 1622, e morreu em 1684.

A profissão de costureira, que ela exerceu toda a sua vida, prova que não há estado incompatível com a mais sublime perfeição. Esta piedosa virgem, em quem brilhavam inocência e caridade sem limites, foi ternamente amada do Coração de Jesus, e dele recebeu favores especiais, tendo de sua parte para com este Coração devoção verdadeiramente notável. Para convencer disto o leitor, vamos citar alguns trechos de sua vida escrita por seu diretor, o Reverendo Padre Alberto de Saint Germain, da Ordem do Carmo. Jesus Cristo, conta este autor, fez ver muitas vezes a esta sua devota filha seu Coração traspassado, ornado com os instrumentos de sua Paixão, e deixando correr pela chaga do seu lado sagrado o precioso sangue de nossa Redenção. «Este sangue, disse-lhe o Salvador, deve servir como de selo para marcar a estreita união de meu Coração divino com o teu, de modo que de agora em diante eles sejam inseparáveis.» Aconteceu-lhe ver o Menino Jesus, tal como estava em Belém, mas deitado numa cruz, com o Coração aberto e correndo sangue, as mãos e os pés traspassados, o corpo todo coberto de chagas. Um dia, Maria se pôs a beijar um pequeno crucifixo, mas quando foi oscular a chaga do Coração, com tanto fervor o fez, que caiu em estase, e ao mesmo tempo ouviu uma voz que lhe dizia tivesse nisto moderação: «Moderação, meu Jesus! exclamou ela redobrando seus ósculos; como ter moderação, vendo em vós tão grande amor para conosco!» Como ela orava por um homem perseguido, ele lhe disse fosse adverti-lo de que não lhe era preciso mais que confiar seus inimigos a Jesus Cristo, e que este bom Salvador, em retorno, a ele se daria com sua bênção eterna. Maria perguntou ao Salvador se lhe agradavam as orações que se fazem pelos amigos. Jesus respondeu que a oração feita em favor dos amigos é vinho puríssimo que regozija seu divino Coração; a que é feita pela conversão dos pecadores, é para ele vinho mais doce que o mel, e que as orações pelas almas do purgatório lhe dão muito contentamento e alegria, porque elas estão na sua amizade, e, por Isso, são objeto de sua benevolência, custando, pois, muito ao seu Coração tê-las afastadas de si nas penas. Noutro dia, Maria oferecia a Deus as calúnias lançadas contra ela; de repente uma voz lhe diz distintamente estas palavras: Nunca me fizestes súplica nem oferta mais agradável, minha filha; ela me feriu o Coração, e por isso, perdoo vossos pecados, e vos dou minha graça. As seguintes palavras lhe foram ditas também por Nosso Senhor: Minha filha, quando estais enferma, eu vos abraço do meu lado esquerdo, e quando estais com saúde, eu vos abraço do lado direito; mas sabei que, quando vos abraço de meu lado esquerdo, meu Coração todo cheio de amor está mais perto de vosso coração, onde estou morando.




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FONTE: livro “O Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a Primeira Sexta-Feira do Mês”, tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 225-231 – Texto revisto e atualizado)

Um comentário:

  1. Meu Deus peço que quebre toda força diabólica(perseguições"espiritual")desse sr.OtacilioDiasdeAlmeida, livre do fogo do inferno e o conduza à vida eterna de bom ânimo faça justiça em sua vida de a sua paz Jesus Cristo de Nazaré amém assim seja graças glórias a Deus e a Jesus

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