HORA
SANTA DO MÊS DE ABRIL
(Por
Santo Afonso de Ligório)
Holocaustos de corações ao Coração de Jesus (corações de São José, Santa Teresa, Santo Inácio de Loyola e São Lourenço) |
CORAÇÃO AFLITO DE JESUS, VÍTIMA CONTÍNUA
Ainda
que o pio exercício da Hora Santa tenha por fim especial honrar as
dores do Coração de Jesus em Getsêmani, é
bom, entretanto, que a alma fiel se lembre de que a agonia do Salvador não
começou ali, pois sua vida passou-se em angústias nunca
interrompidas, foi um oceano de amarguras sem limites nem mistura. É
o que Nosso Senhor revelou um dia a
Santa
Margarida de Cortona, dizendo-lhe que, em
toda
a sua vida, nunca tinha gozado a menor consolação sensível.
A
tristeza que ele manifestou no Jardim [das Oliveiras], tinha invadido
sua alma desde o primeiro momento de sua encarnação. Minha
dor, dizia
o Senhor pela boca do Salmista, está
continuamente diante de meus olhos;
(Sl 37, 14) e
desde então ele começara a
oferecê-la
em satisfação de nossos pecados. Jesus revelou a um dos seus servos
que, desde o começo de sua vida até a sua morte, ele padeceu
sem cessar e tão cruelmente que, se ele tivesse tantas vidas quantos
homens há, tantas vezes teria morrido de dor, se Deus não lhe
tivesse conservado a vida para padecer ainda mais. Ah! que martírio
para o Coração de Jesus ter continuamente ante os olhos todos os
pecados dos homens! Ele
viu sem cessar,
diz
S. Bernardino, cada
falta de cada
um
de nós,
e
cada
uma dessas faltas o afligiu imensamente.
Tem-se
cuidado de ocultar aos enfermos o ferro e o fogo que se devem
empregar para sua cura; Jesus não quis que os instrumentos de dor,
que haviam de lhe dar a morte para nos obter a vida, lhe fossem
ocultos: ele teve sem cessar diante dos olhos os açoites, os
espinhos, os cravos, a cruz, que iam tirar de suas veias até a
última gota de sangue e fazê-lo expirar de pura
dor.
Achando-se, havia muito tempo, em grandes tribulações à Irmã
Magdalena Orsini, apareceu-lhe Jesus pregado na cruz, a fim de
fortificá-la pela lembrança de sua Paixão, e a exortou a ter
paciência. A serva de Deus respondeu-lhe: Mas,
Senhor, vós não estivestes senão três horas sobre a cruz, ao
passo que eu estou padecendo
há muitos anos.
E
o
Senhor lhe disse repreendendo-a: Ah!
ignorante que dizes? Desde o primeiro momento de minha existência no
seio de minha Mãe, comecei a sofrer em meu Coração tudo o que
sofri mais tarde na cruz.
Pode-se
concluir daí que Nosso Senhor esteve de algum
modo
sobre a cruz durante toda a sua vida. Ainda
quando ele dormia,
diz
Belarmino,
a
cruz não cessava de atormentar este amante Coração.
Assim,
toda a vida e todos os dias de nosso divino Redentor foram vida
e dias de dores e lágrimas,(Sl 80, 11) de
sorte que ele não passou um instante sem padecer, velando e
dormindo, trabalhando e descansando, orando e conversando. Sim, Jesus
teve sempre diante dos olhos esta cruel representação que
atormentava muito mais sua santa alma que os mais bárbaros suplícios
dos mártires. Estes padeciam, mas ajudados pela graça, suportavam
os tormentos com alegria e consolação que o fervor dá; Jesus
Cristo, ao contrário, padecia, mas sempre com o Coração amargurado
por causa dos pecados do homem.
S.
João Crisóstomo conclui daí, que
só o pecado nos deve contristar;
e
que, como Jesus Cristo foi afligido durante toda sua vida por nossos
pecados, assim, nós que os cometemos, devemos
chorá-los sem cessar,
lembrando
que ofendemos um Deus cujo amor para conosco é infinito. Imitemos
Santa Margarida de Cortona, essa ilustre penitente que não cessava
de chorar suas faltas. Certo dia lhe disse seu confessor:
Margarida,
sossegai-vos, não choreis mais, Deus vos perdoou.
– Ah!
meu
Pai,
respondeu
ela, como
posso cessar de chorar meus pecados, sabendo que afligiram
o Coração de meu Salvador durante uma vida inteira?
Não
nos contentemos de nos arrepender das faltas que cometemos. Já que o
Coração inocente de Jesus quis padecer durante toda a sua vida a
pena devida por nossos pecados, saibamos igualmente receber com
paciência todas as penas que nos venham, sem nos queixarmos de sua
duração. Assim, quando o Senhor nos visita por alguma enfermidade,
ou revés, ou perseguição, ou desalento, humilhemo-nos e digamos:
Senhor, muito justo é
que
eu padeça, porque vos ofendi. Humilhemo-nos, digo, e consolemo-nos,
porque se Deus nos pune nesta vida, é
por
querer nos preservar do suplicio eterno. Assim é
que
Jó dizia: Pudesse
eu
ter
a consolação que o Senhor me aflige e não me
poupa
(Jó 6, 10)
neste
mundo, para me perdoar na outra vida!
Pois,
aquele que mereceu o inferno, pode queixar-se das cruzes que Deus lhe
envia nesta vida? Se as penas do inferno fossem pequenas, ainda assim
deveríamos querer antes todos os males temporais, que sempre acabam,
do que essas supostas penas ligeiras, mas que serão eternas; mas já
que sabemos que o inferno é
a
morada de todas as dores, e estas serão grandes e eternas, que
faremos? Suponhamos que temos a inocência batismal e jamais havemos
merecido o inferno, não é
contudo
verdade que temos merecido longo purgatório? Ora, recordemo-nos do
que sofrem as almas nesse lugar de expiação. O
fogo
que as queima,
diz
Santo Agostinho, é
um tormento que excede tudo que o homem pode padecer nesta vida.
Isto
pelo que respeita à
pena
dos sentidos; mas a pena do dano ou a privação da vista de Deus é,
diz
S. João Crisóstomo, suplício
incomparavelmente maior que a pena dos sentidos.
Julguemo-nos,
então, felizes de sermos castigados antes nesta vida do que na
outra, tanto mais que,
nesta
vida, se aceitamos as penas com paciência, teremos merecimento, ao
passo que na outra, padecendo muito mais, nada merecemos.
PRÁTICA
Considerando
a Jesus aflito no Jardim [das Oliveiras], pensarei nas almas do
purgatório; rogarei por
elas, e tomarei a resolução de evitar as faltas que causam sua
longa agonia, como elas causaram a de Jesus.
AFETOS
E SÚPLICAS
Jesus Cristo no Getsêmani |
Assim,
amadíssimo Jesus, meus pecados é que vos causaram esta grande
aflição: se eu tivesse pecado menos, vós menos teríeis padecido;
quanto maior prazer tive em vos ofender, maior pena vos causei. Ai!
como é que não morro de pesar, ao pensar que respondi a vosso amor,
aumentando vossos padecimentos e vossa tristeza! Eu, pois, afligi
esse Coração que tanto amor me tem! Para com as criaturas tenho
sido reconhecido; só contra vós tenho sido ingrato! Ó
meu
Jesus, perdoai-me, de todo o coração me arrependo.
ORAÇÃO
JACULATÓRIA
Ó
Coração cheio de amor, até aqui que tenho feito, que tenho sofrido
por vós?
EXEMPLO
Maria
Ock, cuja maravilhosa vida não cede em nada à
admirável
de Santa Cristina, nem à
de
Santa Catarina de Sena, nasceu em Liege, no ano 1622,
e
morreu em 1684.
A
profissão de costureira, que ela exerceu toda a sua vida, prova que
não há estado incompatível com a mais sublime perfeição. Esta
piedosa
virgem, em quem brilhavam inocência e caridade sem limites, foi
ternamente amada do Coração de Jesus, e dele recebeu favores
especiais, tendo de sua parte para com este Coração devoção
verdadeiramente notável. Para convencer disto o leitor, vamos citar
alguns trechos de sua vida escrita por seu diretor, o Reverendo
Padre
Alberto de Saint Germain, da Ordem do Carmo. Jesus Cristo, conta este
autor, fez ver muitas vezes a esta sua devota filha seu Coração
traspassado, ornado com os instrumentos de sua Paixão, e deixando
correr pela chaga do seu lado sagrado o precioso sangue de nossa
Redenção. «Este sangue, disse-lhe o Salvador, deve servir como de
selo para marcar a estreita união de meu Coração divino com o teu,
de modo que de agora em diante eles sejam inseparáveis.»
Aconteceu-lhe ver o Menino Jesus, tal como estava em Belém, mas
deitado numa cruz, com o Coração aberto e correndo sangue, as mãos
e os pés traspassados, o corpo todo coberto de chagas. Um dia, Maria
se pôs a beijar um pequeno crucifixo, mas quando foi oscular a chaga
do Coração, com tanto fervor o fez, que caiu em estase, e ao mesmo
tempo ouviu uma voz que lhe dizia tivesse nisto moderação:
«Moderação, meu Jesus! exclamou ela redobrando seus ósculos; como
ter moderação, vendo em vós tão grande amor para conosco!»
Como
ela orava por um homem perseguido, ele lhe disse fosse adverti-lo de
que não lhe era preciso mais que confiar seus inimigos a Jesus
Cristo, e que este bom Salvador, em retorno, a ele se daria com sua
bênção eterna. Maria perguntou ao Salvador se lhe agradavam as
orações que se fazem pelos amigos. Jesus respondeu que a oração
feita em favor dos amigos é vinho puríssimo que regozija seu divino
Coração; a que é feita pela conversão dos pecadores, é para ele
vinho mais doce que o mel, e que as orações pelas almas do
purgatório lhe dão muito contentamento e alegria, porque elas estão
na sua amizade, e, por Isso, são objeto de sua benevolência,
custando, pois, muito ao seu Coração tê-las afastadas de si nas
penas. Noutro dia, Maria oferecia a Deus as calúnias lançadas
contra ela; de repente uma voz lhe diz distintamente estas palavras:
Nunca
me fizestes súplica nem oferta mais agradável, minha filha; ela me
feriu o Coração, e por isso, perdoo vossos pecados, e vos dou minha
graça.
As
seguintes palavras lhe foram ditas também por Nosso Senhor: Minha
filha, quando estais enferma, eu vos abraço do meu lado esquerdo, e
quando estais com saúde, eu vos abraço do lado direito; mas sabei
que, quando vos abraço de meu lado esquerdo, meu Coração todo
cheio de amor está mais perto de vosso coração, onde estou
morando.
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FONTE:
livro “O
Sagrado Coração de Jesus Segundo Santo Afonso Maria de Ligório ou
Meditações Para o Mês do Sagrado Coração, a Hora Santa e a
Primeira Sexta-Feira do Mês”,
tradução portuguesa da 83ª edição, por D. Joaquim Silvério de
Souza, Quinta Edição/1926, Ratisbona Typographia de Frederico
Pustet, Impressor da Santa Sé, pp. 225-231 – Texto revisto e
atualizado)
Meu Deus peço que quebre toda força diabólica(perseguições"espiritual")desse sr.OtacilioDiasdeAlmeida, livre do fogo do inferno e o conduza à vida eterna de bom ânimo faça justiça em sua vida de a sua paz Jesus Cristo de Nazaré amém assim seja graças glórias a Deus e a Jesus
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