«Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes testemunhar seu amor; e por reconhecimento não recebe da maior parte deles senão ingratidões.»(Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020


AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 

PARTE I

(Em forma de catecismo, com perguntas e repostas)




De que atrativos divinos se serviu Nosso Senhor para estabelecer a devoção ao seu Sagrado Coração?

Foi por meio de milagres, milagres exteriores e sensíveis, operados com generosidade divina nos primeiros séculos, quando a fé se estabeleceu no mundo. E também por meio de milagres de outra espécie, na maior parte espirituais, mais comparáveis, se não superiores, aos dos primeiros séculos, que o Coração de Jesus quer reanimar a vida cristã quase extinta e estabelecer o seu reinado universal.

As promessas que vamos expor, no-lo anunciam profeticamente. Ouçamos, admiremos, adoremos, e sobretudo amemos o Coração de Jesus, cuja munificência verdadeiramente real não pode explicar-se senão pelo amor infinito deste Coração para com os homens.

I - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS PROMESSAS

Antes de principiar a referir por menor os bens prometidos pelo Coração de Jesus aos seus particulares amigos, é necessário fazer algumas observações importantes:

1) Porque razão fez o Coração de Jesus promessas tão admiráveis?

Nosso Senhor Jesus Cristo, que deseja salvar outra vez o mundo por meio da devoção ao seu Sagrado Coração, como declarou a Santa Margarida Maria, prevendo os obstáculos sem conta, que esta devoção encontraria, e sabendo quanto o coração humano é dificilmente acessível a tudo o que não dá algum interesse, quer temporal, quer espiritual , dignou-se acrescentar aos seus pedidos as mais extraordinárias promessas em favor dos que exercitarem ou propagarem esta devoção. São as cadeias de Adão, os laços da caridade: de que fala o profeta Oséas, com que o nosso amável Salvador quer atrair e prender os homens ao seu divino Coração; In funiculis Adam traham e os in vinculis Charitatis (Oseas 11, 4).

2) Qual é a condição necessária para se obter o cumprimento dessas promessas?

Nosso Senhor não faz estas promessas senão aqueles que tiverem verdadeira e constante devoção ao seu divino Coração. A realização pois destas promessas será pela medida da devoção, e tanto mais certa e copiosa, quanto a condição posta por Nosso Senhor for mais perfeitamente cumprida. Limitar-se a alguns atos puramente exteriores, sem se dar ao trabalho de corresponder ao amor do Sagrado Coração e de praticar as virtudes que Ele pede, e querer alcançar por tão pouco as graças incomparáveis que vamos expor, seria perfeita ilusão. Quererá isto dizer, que as homenagens puramente exteriores serão destituídas de todo o valor para aquele que as presta ao Coração de Jesus? Não. Este divino Coração é misericordioso e o seu amor é forte. Pode vivificar esta devoção imperfeita, fazê-la crescer e produzir os preciosos frutos de salvação que nos destina. Não é Ele a fornalha daquele fogo devorador, que pode incendiar a lenha verde, por pouco que a aproximem daquela divina chama de caridade? Mais vale, portanto, fazer estes atos exteriores da devoção, do que não os fazer, mas isto não basta.

3) Qual é o fim principal do Sagrado Coração ao fazer estas promessas?

O Coração de Jesus, fazendo promessas tão maravilhosas, pretende unicamente mover-nos a «dar-lhe amor por amor», para que fortalecidos com este amor, pratiquemos com a mais sublime perfeição todas as virtudes cristãs, ainda as mais difíceis. Os bens que elas nos asseguram, sobretudo se se trata de bens temporais, não são portanto o fim que devemos procurar, são apenas o meio para o conseguirmos; este fim é o reinado da caridade nas almas e no mundo. Algumas pessoas imaginam que o fim da devoção ao Sagrado Coração é suavizar o caminho do Céu, afastar o que há nele de áspero e difícil à natureza, e até fazê-lo abundantíssimo de consolações. É ilusão perigosíssima de que não podemos acautelar-nos bastante. É precisamente por formarem ideia tão falsa que muitas vezes os fieis sentem vacilar a confiança que têm no Coração de Jesus, quando veem o mau êxito das empresas entregues à sua proteção, ou quando, apesar de todo o zelo em o honrar, em vez de consolações, sentem o peso de pezadas cruzes e dolorosas provações. A resposta à seguinte pergunta dissipará completamente tão funesta ilusão.

4) Qual é o caráter das promessas temporais feitas pelo Sagrado Coração?

As graças temporais e as consolações sensíveis prometidas pelo Sagrado Coração são necessariamente condicionais. É evidente que Nosso Senhor não as quer conceder, senão quando nos possam ajudar no progresso do seu amor, e que não as dará ou tirará daquele a quem possam fazer estacionar ou afrouxar no aperfeiçoamento deste amor. Estas graças são principalmente prometidas às famílias e às associações, que como corpos coletivos não podem receber recompensas depois desta vida.

«Não me parece, diz Santa Margarida Maria1, que as graças e bênçãos, que o Coração de Jesus promete, consistam na abundância dos bens temporais: porque estes fazem-nos pobres da sua graça e do seu amor, com que Ele quer enriquecer as nossas almas. Ele mostrou-me que, muitos nomes estão escritos no seu Coração por causa do desejo que tiveram de o fazer honrar, e que por isso não permitirá que jamais dali sejam apagados. Mas não diz que os seus amigos não terão nada que sofrer; porque deseja que as nossas maiores delícias sejam saborearem as suas amarguras.»

E a serva de Deus foi a primeira a sentir o que ela diz a todos os servos do Coração de Jesus. Foram na verdade inauditas as provações que sofreu! Propondo-a por modelo a todas as almas sinceramente dedicadas ao seu divino Coração, Nosso Senhor diz a cada uma as palavras que disse um dia à sua serva: «quero ensinar-te, quanto te convém sofrer por meu amor.» Vós todos os que desejais chegar ao verdadeiro e perfeito amor do Coração e Jesus não conteis somente com gozar as doçuras deste amor, mas esperem as amarguras da cruz!

Sem dúvida, de tempos em tempos este Coração misericordioso e tão bom vos dará algumas daquelas consolações divinas que excedem todo o sentimento e que vos farão compreender que Ele está satisfeito: Dicite justo quoniam bene! Mas nesta miserável vida estas consolações sensíveis serão como raios luminosos atravessando um céu carregado e sombrio em dia de tempestade, que rapidamente desaparecem. Basta-nos saber que por trás das nuvens da provação está o sol divino, cuja vista nos alegrará por toda a eternidade. Renunciemos neste mundo às consolações sensíveis do Coração de Jesus, e contentemo-nos com O possuir só a Ele e ao seu amor. «O doador vale mais que todos os dons, diz a Santa, tudo o mais é nada, e muitas vezes não faz senão impedir a pureza do amor e separar a alma do seu maior Bem, que deseja ser amado sem mistura e sem interesse.»

5) Qual é a extensão das promessas feitas pelo Sagrado Coração?

«Amor, glória e louvor sejam dados por todo o sempre ao Coração amoroso2, amantíssimo e amabilíssimo do nosso adorável Salvador, por todo o bem que Ele produzirá e operará nas almas por meio do estabelecimento do reinado do seu puro amor nos corações de boa vontade! Exclama Santa Margarida Maria. Não poder eu dizer tudo quanto sei desta amável devoção ao Sagrado Coração de Jesus! Não poder eu patentear a toda a terra os tesouros de graças, que Jesus Cristo encerra no seu Coração adorável e deseja derramar copiosamente sobre todos aqueles que tiverem esta devoção! Estes tesouros são infinitos».

«Ele mostrou-me esta devoção como o ultimo esforço do seu amor aos homens: é a ultima invenção deste amor, de que nós podemos aproveitar tanto quanto quisermos. Desgraçados daqueles que não o fizerem ou que o não quiserem fazer! Mal podeis compreender as bênçãos que traz esta devoção! Nada ha mais salutar nem mais santo ! Por isso este Coração divino tem uma sede ardentíssima de ser conhecido, amado e honrado dos homens por meio de homenagens e honras particulares, para assim poder conceder-lhes abundantemente as suas misericórdias e a suas graças santificantes e salutares.»

Algumas semanas antes de deixar este mundo, a 21 de agosto de 1690, Santa Margarida Maria, mandava ao Pe. Croiset este brado de combate e de confiança: «Espero, que esta empresa será para a maior glória do nosso soberano Senhor e confundirá o inimigo que está desesperado, vendo que não pode impedir esta amável devoção; e suplico-vos que vos entregueis a ela segundo as forças e os meios que Nosso Senhor vos der. Não deixeis de a inspirar a todas as pessoas, eu vo-lo peço.»

É certo que pessoa alguma deixará de sentir os auxílios do Céu, se tiver para com Nosso Senhor Jesus Cristo aquele amor de reconhecimento, que por meio da devoção ao seu Sagrado Cotação lhe podemos testemunhar.


_______Continua…




NOTA: Substituímos a designação da Vidente de “Bem-aventurada” por “Santa” Margarida Maria.





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1Cartas 34, 44 – Cartas ao P. Croiset. - Carta 12.

2 Cartas 97, 106, 132 - Cartas ao P. Croiset.



FONTE: livro, em formato PDF: “O Coração de Jesus Segundo a Doutrina da Beata Margarida Maria Alacoque”, por um Oblato de Maria Imaculada, Capelão de Montmartre, Editor Manoel Pedro dos Santos, Lisboa/1907, Sexta Parte – As Promessas do Sagrado Coração, pp. 233 a 239 – Texto revisto e atualizado, sendo alguns destaques por nós acrescentados.

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